ESTUDANDO (OS ERROS DE André Luiz)
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Reproduzimos entrevista da revista ABERTURA com a doutora em Física pela UFMG, Érika Carvalho, publicada em 2004. Os grifos são nossos.
Quem é Érika de Carvalho Bastone? É uma jovem professora universitária, doutora em Física pela UFMG, área de concentração: Física da Matéria Condensada – Supercondutividade (2001), Mestre em Física pela UFMG, área de concentração: Estrutura Eletrônica (1995); Bacharel em Física pela UFMG (1993). Estudiosa do Espiritismo apresentou trabalho no VIII SBPE, analisando os livros Mecanismos da Mediunidade e Evolução em dois mundos, do Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, sob o ponto de vista de sua especialização em Física.
Nesta entrevista, ela analisa alguns aspectos da pretendida mentalidade científica do Espiritismo, vê com certo pessimismo a formação de grupos de cientistas espíritas para estudar os fenômenos, diz que O Livro dos Médiuns não é um livro científico mas "técnico".
ABERTURA- Você admite que o movimento espírita, pela sua feição religiosa, tem certa ojeriza pelos intelectuais. Mantida esta tendência a que se reduzirá o espiritismo?
Érika - Em ciência, todo trabalho publicado passa por rigorosa avaliação da comunidade, seja através da apresentação pública na forma de seminários, com argüição da platéia, ou pelos editores das revistas e jornais, que encaminham os trabalhos para pesquisadores (no mínimo dois e de lugares diferentes) altamente qualificados no assunto específico do texto. No movimento espírita são poucos os que se atrevem a tornar pública uma crítica ao que se está sendo publicado. E mesmo que se queira fazer alguma crítica, o espaço encontrado é mínimo, pois jornais, revistas e programas de rádio e televisão estão voltados para artigos de interesse religioso, salvo raras exceções.
Um texto em que a física, por exemplo, é explorada, como nos livros "Evolução em Dois Mundos" e "Mecanismos da Mediunidade", de André Luiz, deveriam, na minha opinião, antes de serem publicados, passar por uma avaliação por pessoas capacitadas no assunto. Não temos ainda condições de avaliar suas explicações a respeito da esfera espiritual, mas com certeza todas as imprecisões e erros encontrados nestes dois livros, quando o autor explica a física atual e a utiliza como analogia não estariam sendo divulgados. Se o movimento espírita não abrir espaço para críticas e constituir grupos capacitados para avaliar o que se divulga, estaremos cada vez mais afastados do seu aspecto científico. Passaremos a ter dogmas e não proposições científicas.
ABERTURA- Apesar das incongruências apontadas na obra de André Luiz, você não considera que, fora dele, poucos ou quase ninguém tem dado uma contribuição mais positiva para criar uma mentalidade científica no Espiritismo?
Érika - Esta pergunta sugere que André Luiz contribuiu para criar uma mentalidade científica no Espiritismo, o que eu discordo. Não me lembro de nenhum texto seu nos incitando a pesquisar os fenômenos espíritas, a formar grupos de pesquisa, ou nos direcionando, indicando um caminho a ser trilhado neste sentido. A sua contribuição consistiu em nos transmitir, sob o seu ponto de vista e o seu entendimento, o que ele encontrou na esfera espiritual. Lançou no meio espírita uma quantidade grande de informações fazendo uso de termos estabelecidos na ciência, surgidos para explicar outros fenômenos. Talvez, se tivesse feito como Kardec – para coisas novas palavras novas – tivesse incorrido em menos erros.
No entanto, estas informações por si só não constituem ciência. Segundo o próprio Kardec "Toda ciência deve estar baseada sobre fatos, mas só fatos não constituem a ciência; a ciência nasce da coordenação e da dedução lógica dos fatos; é o conjunto de leis que os regem." (Revista Espírita, janeiro de 1858).
Agora, além de André Luiz, de vez em quando surgem algumas teorias isoladas, mas sem fundamentos científicos. E a minha opinião é de que teorias especulativas e o uso inapropriado de termos científicos ajudam a afastar o Espiritismo do meio acadêmico. Citando novamente Kardec, "Se é verdade que a utopia da véspera, freqüentemente, seja a verdade do dia seguinte, deixemos ao dia seguinte o cuidado de realizar a utopia da véspera, mas não embarquemos a Doutrina de princípios que seriam considerados como quimeras e a fariam ser rejeitadas pelos homens positivos" (Revista Espírita, dezembro de 1868).
O espírita, como o leigo em geral, não entende o que é ciência, pois não é um conceito que faz parte do dia a dia das pessoas. É necessária uma conscientização no meio espírita do que seja um processo científico.
ABERTURA- Porque você contesta que o livro dos médiuns seja um livro científico?
Érika - O Livro dos Médiuns dá a sua contribuição para a ciência espírita no sentido de como tratar e conviver com a mediunidade, assim como o Evangelho dá a sua contribuição às ciências humanas. Mas não é um livro científico, do mesmo modo que os fenômenos mediúnicos não constituem o aspecto científico do Espiritismo. Eu o classificaria, se necessário, mais como um livro técnico.
E esta não é uma opinião particular, só minha. O meu grupo de estudos em Belo Horizonte – ICAV, e o Prof. Carlos Peppe, de Uberaba, como exemplos, pensam como eu. Citando Carlos Peppe, em Espiritismo: 2o Século - O Sentido Evolutivo da Doutrina espírita: Uma Opinião, "Muitas pessoas consideram os fenômenos mediúnicos como sendo o tal aspecto científico do Espiritismo. Chegam a dizer que o Livro dos Médiuns de Kardec representa a parte científica do Espiritismo... Trata-se, evidentemente, de opiniões de expositores doutrinários alheios ao domínio científico; serão, sem dúvida, pessoas de boa vontade, porém sem preparo,... sem a mínima noção do que seja um trabalho científico legítimo".
A ciência espírita precisa buscar como se dá o processo mediúnico, pois isto ainda não se sabe.
ABERTURA- Você acredita que haja espíritas com formação acadêmica suficiente para criar uma ciência espírita, nos moldes da pesquisa, por exemplo, da Física ou outra ciência?
Érika - Acredito que sim. Durante o doutoramento tive professores e colegas espíritas. O mesmo deve ocorrer em outras instituições. Não deve ser um número grande, mas dá para se formar grupos de pesquisa. A questão é se estes cientistas espíritas estariam interessados no Espiritismo como ciência ou apenas como religião. Não se pode excluir também pesquisadores não espíritas interessados no assunto. São necessárias ações no sentido de criar no meio espírita uma mentalidade realmente científica, de modo que as pessoas capacitadas para o desenvolvimento de pesquisas se voltem para tal.
ABERTURA- Se houver gente e dinheiro suficiente para manter uma pesquisa, como poderíamos agregar os dispostos a isso?
Érika - Se houvesse dinheiro suficiente, poderia até se pensar em criar um centro de pesquisas espíritas. Mas acho muito difícil conseguir financiamento para pesquisas desse tipo logo de início. Talvez, depois de grupos já estabelecidos, com pesquisas em andamento, com algum tipo de resultado, possa se pensar neste assunto. Esta é uma questão que precisa ser muito discutida. Pode até parecer incongruente se pensar em estabelecer grupos de pesquisa sem existência de financiamento, mas não vejo alternativa. Se desejarmos criar uma comunidade científica espírita, devemos começar com ou sem financiamento, e com as pessoas que se propuserem a isto, as respostas só virão se começarmos a trabalhar neste sentido.
2 comentários:
ola amigos para onde eu posso enviar uma replica sobre o cometario da dr erika sobre o livro evoluçao em dois mundos.
grato
silvio
slmorais@osespiritas.org
Prezado Francisco, gostaria que adicionasse meu blog em sua lista, caso o ache interessante.
http://nucleodeartefilosofiaecienciaespirita.blogspot.com/
grato
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