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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Fluido Universal ou frameworkers (2º PARTE)



Fluido Universal ou frameworkers (2º PARTE)




O Espírito e a Vida
Carlos de Brito Imbassahy

2ª. parte – Pesquisa da alma

Se há um ponto nebuloso em toda Religião é sua definição relativa à alma: afinal, para a Bíblia, Deus fez o homem, todavia não lhe teria dado alma – pelo menos não consta referência. – E o pior: fez o homem do barro, enquanto que a vida biológica primitiva, toda, foi elaborada a partir de cadeias carbônicas que teriam se juntado para estruturar, sob ação externa de algum agente atuante, os primitivos seres biológicos mais simples, como os plânctons.

*Alma* é um termo que vem do latim – anima, æ – da primeira conjugação e significa “a vida”, termo que também nos deu o verbo animar (dar vida). Vamos encontrar ainda uma citação curiosíssima de Lucrécio, referindo-se ao ar e à água como a dita “anima” da nossa existência.

Claude Augé (1905 – Ed. Larousse) traduzido, nos diz que: “Sentimos, pensamos e queremos. Designa-se sob o nome de alma o que em nós sente, pensa ou quer. Diversamente negada por certas Escolas filosóficas, a atividade espiritual resta irredutível até aqui a toda explicação mecânica ou filosófica. A Escola espiritualista vê em tudo o pensamento da alma. Para a Escola materialista, o pensamento é um produto do cérebro. A crença na imortalidade da alma é um dos dogmas fundamentais do Cristianismo”.

Esta era, portanto, a posição inconteste do início do século passado a respeito do conceito que se tinha sobre o que pudesse ser a alma. Portanto, sem qualquer outro estudo, tudo se resumia a conceitos filosóficos ou dogmas religiosos. Assim, quando em 1945 – já comentado na primeira parte (bebê de proveta) –, foi dada ciência de que a vida era um campo energético ou comandada por um deles, não se assimilou tal conceito à idéia de que este campo pudesse ser algo relativo a conceitos anímicos (da alma).

Todavia, sua descoberta não levou nenhum cientista a admitir a causa, origem ou motivo da sua existência: apenas constatou que, sem tal campo nenhuma mulher seria fértil, mesmo que já tivesse concebido a vida de algum filho anteriormente.

Em princípio, quando Gell Mann, em 1975, admitiu que pudesse existir um “agente estruturador” agindo sobre a energia universal (Antigo FCU de Newton) para dar origem às partículas elementares (sub-atômicas e atômicas) ninguém supôs nenhuma interligação para a possível existência de um agente – dito espiritual – estruturador da vida humana, embora, toda tese científica afirme que o micro se repete no macro e vice-versa.

Daí, portanto, considerar que o aludido agente externo à matéria que agiria sobre a energia para dar-lhe forma pudesse ser a “alma” da questão, vai longa distância. Para os religiosos, o homem – e o mundo em si – é criação divina e para a Ciência a energia que se transforma em matéria é apenas o motivo da existência dos seres e das coisas no Universo. Sua causa ainda é inteiramente desconhecida, por falta de provas.

Portanto, o grande problema é a causa de tudo.

E tudo começou a mudar em 1985 quando os suecos deram publicidade de um estudo por eles realizado que teve o pomposo nome em francês de “La lourdeur de l’âme” (a pesagem da alma), simultaneamente com a divulgação de uma equipe russa de pesquisas que declarou que haviam detectado um “corpo” psíquico com as propriedades estruturais do corpo somático ao qual, por esse motivo deram o nome de “psicossoma”.

Vejamos inicialmente em que consiste “a pesagem da alma”:

A pesquisa fora feita com diversos moribundos aos quais estava acoplado um aparelho espectrográfico semelhante aos que as salas cirúrgicas usam para detectar as condições de vida do paciente medindo-lhe o aludido “campo” que vibra em pulsos, só que os suecos usaram aparelhos mais aperfeiçoados e mais sensíveis, capazes de medir o dito “campo de vida” e registrar sua presença no paciente. Colocaram neste aparelho um dinamômetro para registrar a variação de peso (gravidade do campo de vida humano) e notaram que, gradativamente, conforme o moribundo se esvaía, o sinal de vida mudava, sendo registrado num gráfico de tela, tal como se vê nos aparelhos das salas cirúrgicas. Só que, no momento agônico exato, em que o paciente perdia a vida, também perdia um campo energético cujo peso estava em torno de 22 g* (grama-peso). A este campo eles denominaram de “alma” por equidade de conceitos, já que era ou seria ele o responsável pela vida do paciente, quer biológica, quer psíquica ou personalística. Todavia, as células orgânicas do cadáver continuavam vivas por algum tempo – variável conforme o paciente – provando que elas jamais poderiam ser a causa de tal fato, a saber, da vida e da personalidade do dito cujo paciente analisado.

Os russos não informaram como fizeram a pesquisa para descobrir a existência do referido psicossoma, porém, tudo indica que usaram técnica semelhante com espectrógrafos já que garantiam que, sem o a dito corpo psíquico, o indivíduo perdia a vida e a personalidade decorrente. Quem, na época, visitou estes pesquisadores e fez um excelente trabalho sobre suas experiências foi nosso querido companheiro Henrique Rodrigues, de Belo Horizonte, todavia, já agora no “Além”.

De qualquer forma, a alma ou Espírito encarnado longe está de ser o tal sopro divino alegado pela Bíblia, tudo devidamente registrado por aparelhos que jamais se influenciam por dogmas nem fé religiosa, muito menos por hipóteses materialistas.

De qualquer forma, existe uma correlação íntima entre os estudos feitos relativos à causa ou agente capaz de estruturar uma partícula atômica e o mesmo para agentes capazes de atuar sobre as células orgânicas a fim de compor o corpo e a vida biológica, guardadas as devidas correlações.

Estas descobertas representam mais um golpe profundo nas teses criacionistas religiosas.

2.1 – O quantum energético e a alma

Quando, em 1901, Max Planck deu ciência de seu estudo relativo aos quanta de energia, longe estava de supor que os mesmos tomassem o vulto que realmente representam.

Em síntese, a teoria quântica nos diz que todo fenômeno físico é causado pela ação de determinado agente sobre uma fonte qualquer que vibra e passa a emitir uma certa quantidade de energia (conhecida como quantum no singular e quanta no plural) que se transmite ou se propaga em ondas cuja variação de freqüência define a natureza do fenômeno.

O fenômeno mais simples é o acústico: um agente é o dedo do músico que faz uma corda de violão (fonte) vibrar e emitir uma quantidade de ondas ditas sonoras que se propagam pelo meio com uma freqüência que varia de 16 hertz a 32.000 hz (o hertz é a unidade de vibração por unidade de tempo que é o segundo). Sua peculiaridade é ser percebida pela nossa audição.

Para o calor, o agente é o atrito, a fonte são as moléculas e a energia é a térmica; suas ondas variam de 64x 10³ hz a 1 megahz; entre 32 mil e 64 mil vibrações temos os ultra-sons. E por aí afora; como há tabelas com estes valores, dispensa-se qualquer comentário.

Em 1925, Albert De Rochas, matemático francês de família de destaque no meio científico, apresentou um estudo intitulado “Teoria da Mecânica Quântica e Ondulatória” que, sem dúvida, seria o pioneiro no assunto, dando as equações fundamentais do seu estudo, com o que o físico poderia realizar os principais cálculos de tais emissões. Estava, pois, matematicamente comprovado e estudo de Planck.

Porém, cabe a Erwin Schrödinger, físico austríaco, no ano imediato, estabelecer sua famosa equação geral da mecânica quântica que selou de vez os estudos relativos ao assunto. Hoje, só um tolo nega a Física quântica. Ou um bíblico, baseado em seus versículos, porque suas leis contrariam por inteiro qualquer hipótese criacionista.

Por outro lado, porém, as teses relativas às pesquisas da alma passaram a ter total apoio da fenomenologia quântica porque podem ser explicadas através das mesmas, senão vejamos:

Para que se possa estruturar uma partícula, por mais simples que seja, é preciso que o dito agente estruturador emita um campo, a exemplo do imã para reunir as limalhas de ferro e zinco e dar-lhes a configuração espectral do dito cujo. Assim, o agente estruturador tem que possuir esta mesma propriedade quântica que dê a forma devida às partículas; logo, o campo estruturador possui as características da partícula estruturada. Por equidade, a alma humana (ou agente estruturador biológico do homem) tem que possuir os campos energéticos atuantes que elaborem um corpo somático e que seja compatível com o local da estruturação, que é o ventre materno.

Isto explica a descoberta italiana no aludido e já citado estudo do “bebê de proveta”. Só que tal campo é gerado por um agente estruturador que não pertença ao domínio físico, condição essencial para atuar sobre a energia dita cósmica. Desta forma, o homem deixa de ser uma criação divina para ser um ente elaborado por um agente (dito espiritual) capaz de organizar o seu corpo humano e nele atuar dando-lhe vida e personalidade como o fazem os agentes estruturadores descobertos por Gell Mann a fim de dar existência às partículas atômicas.

E isto a Bíblia não explica. Nem Freud.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Uma religião espírita?




Uma religião espírita?
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Um conhecido meu, não espírita, questionou-me sobre a condição de religião do espiritismo, propalada pelo movimento espírita como uma de suas características básicas, em paralelo com seus aspectos científico e filosófico. Lembrei-me, então, que essa questão é comumente retomada na imprensa e nas casas espíritas, denotando um importante ponto para debates e esclarecimentos. Vi, certa vez, um orador espírita afirmar que se o espiritismo fosse religião, não seria espírita, e outros que afirmam o inverso, que se interessam pelo espiritismo por conta de seu aspecto religioso, esquecendo um pouco suas outras qualidades.

Meto-me, assim, numa controvérsia, não com a intenção de esclarecer, visto não possuir a verdade, mas para contribuir com minha opinião, mostrando, para tanto, as minhas razões.

O primeiro problema que enfrentei foi a definição de religião, pois como compreender a situação do espiritismo sem antes compreender o que é religião? Resolvi consultar os clássicos da filosofia e da sociologia, que seriam os mais habilitados em resolver essa primeira questão. Apesar de ter consultado vários deles, acabei ficando com as definições colocadas por Émile Durkheim e Mircea Eliade, pensadores do séc. XX e especialistas no tema, que concordam com o fato de que a religião é basicamente caracterizada: 1) pela distinção entre dois mundos diferentes: o sagrado e o profano, sendo o sagrado mais importante que o profano; 2) por seus rituais, que "são regras de conduta que prescrevem como o homem deve comportar-se com as coisas sagradas", no dizer de Durkheim; e 3) pela reunião de seus adeptos em comunidades que seguem determinados comportamentos morais. Nesse último aspecto, Kant antecipa-se afirmando ser essa a principal característica de uma religião racional, que leve o homem à sua obra "mais difícil", que seria a sua transformação moral, superando sua "tendência radical para o mal".

Essa definição acima colocada, evidenciando as três características presentes em todas as manifestações religiosas, desde as mais simples e antigas às mais complexas e modernas, ampara a minha avaliação sobre o espiritismo, demarcando sua situação como religião ou não, caso apresente todas essas características. Mas, nesse ponto, algumas características atribuídas às religiões já são abandonadas: a crença em deuses, por exemplo. Como bem afirma Durkheim, há religiões em determinadas culturas que são atéias, dentre elas, a mais conhecida é o budismo, motivo da deferência nietzscheana em sua obra "O anticristo". Ressalto que o budismo aqui mencionado, o "hinayana", é aquele ensinado por Buda, e não o budismo reformado, hindu ou tibetano, chamado "mahayana". Portanto, a associação entre religião em suas manifestações concretas e o sempre citado verbo latino "religare" não passa de apelo do senso comum, pois há carência empírica no seu uso, o que Wittgenstein classificaria de jogos de linguagem.

Aqui será feito um necessário corte analítico: dum lado a análise do espiritismo, doutro, a do que se popularizou chamar de movimento espírita. Apesar de este considerar-se representante daquele, suas propostas diferem em inúmeros pontos e a divergência de idéias alcança píncaros que permitem afirmar serem coisas bem diversas.

Primeiramente, coube-me avaliar se o espiritismo distingue um mundo sagrado e um mundo profano. Apesar das colocações expostas na questão 84 de "O livro dos espíritos", em que a resposta à pergunta "Os espíritos constituem um mundo à parte, fora daquele que vemos?" é afirmativa, para em seguida, na pergunta 85, ainda reiterar que o mundo dos espíritos é o principal na ordem das coisas, deve-se perceber o sentido dado a essas questões. Fora de contexto, aqui já estariam presentes as bases necessárias para a verificação da primeira característica. Todavia, esse mundo dos espíritos não difere do nosso mundo material, já que ele não é habitado por seres diferentes ou entidades transcendentes, como deuses, ninfas ou duendes, ele é habitado pelos mesmos indivíduos que viveram uma vida corporal. Portanto, não há diferenças na essência daqueles que habitam esses mundos diferentes, são os mesmos indivíduos, apenas em condições de vida distintas.

O mesmo não se dá com o movimento espírita. Esse, apesar da aceitação dos princípios exarados nas obras de Kardec, por vezes somente na letra, age de forma bastante diferenciada. Os espíritos que habitam esse "mundo à parte", passam a ser em muitos casos semideuses que devem ser adorados e venerados. O respeito a essas entidades incorpóreas chega a tal grau que se é proibida a contestação ou argumentação, cabem apenas a reverência e a fé, ou seja, perderam a sua humanidade, principal proposta do entendimento desse mundo por parte do espiritismo kardecista. Aqui, então, há verdadeiramente dois mundos distintos em substância e em personagens, o que faz o movimento espírita cumprir plenamente a primeira das características religiosas.

Em seguida, avaliei a existência de rituais no espiritismo, o que seria, inicialmente, um ponto fora de conflito, pois é sabida a pregação espírita da ausência de rituais. Mas entre o discurso e a prática, há sempre um hiato que cabe ao estudioso debruçar-se. Voltando às definições dos clássicos, entende-se que ritual ou culto "não é simplesmente um sistema de signos pelos quais a fé se traduz exteriormente, é o conjunto de meios pelos quais ela se cria e se recria periodicamente. Quer consista em manobras materiais ou em operações mentais", como afirma Durkheim. Portanto, uma prece é um ritual, uma evocação mediúnica é um ritual, desde que feitas com o intuito da prática da fé, com sua afirmação periódica, pois coincide exatamente com o conceito acima, que não reduz a definição de ritual a práticas materiais, como sói acontecer entre nós espíritas. Mais uma vez a diferença entre espiritismo e movimento espírita é evidente. Enquanto o espiritismo não propõe a prece ou suas reuniões como motivos de reafirmação periódica da fé, e sim como algo espontâneo e sem nenhuma formalização, como exercício de aprendizado e de relação com os espíritos, sem necessidade sequer duma participação efetiva em grupos ou de periodicidade nesse contato, o movimento espírita trilha caminho bem diverso, pois ritualizou preces e reuniões da forma mais objetiva possível, fazendo-as formais com tempo determinado, formas específicas e material sacralizado, como se pode ler nas diversas obras que se tornaram clássicas entre os participantes desse segmento. Alguns já chegam ao extremo de consagrar sacramentos em casas espíritas, como as atuais cerimônias de casamento.

Finalmente, a última questão é a menos problemática, pois é o próprio Kardec quem propõe a necessidade da comunhão dos espíritas em uma comunidade como se vê nos seus escritos póstumos e na Revista espírita ―, reconhecendo, inclusive, os verdadeiros espíritas pelo esforço na sua transformação moral. E, aqui, ambas as posições são coincidentes.

Nesse ponto, concluiria que o espiritismo não é uma religião, já que não possui em suas características aquelas que possam dar-lhe essa definição, como visto acima. Diferente do movimento espírita, que desfruta de todas as características básicas apresentadas pelos estudiosos do assunto, e que, por conseguinte, enquadra-se perfeitamente nessa definição.

Faltaria, entretanto, uma última análise: a opinião de Kardec sobre o tema. Primeiramente lembro o clássico artigo publicado na "Revista espírita" de dezembro de 1868, intitulado "O espiritismo é uma religião?", pois nesse texto, Kardec declara não ser o espiritismo uma religião, por não possuir os caracteres das religiões tradicionais, como as cerimônias e os sacerdotes. Todavia, afirma ele nesse mesmo texto: "o laço estabelecido por uma religião é um laço essencialmente moral, que liga os corações, que identifica os pensamentos, [...]. O efeito desse laço moral é o de estabelecer entre os que ele une, [...] a fraternidade e a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas. [...] Se assim é, perguntarão, então o espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores; no sentido filosófico, o espiritismo é uma religião". Kardec é bem claro em sua opinião ao possibilitar que o espiritismo seja considerado uma religião apenas em seu aspecto filosófico, ou seja, por reunir em torno de seus princípios filosóficos os homens numa congregação de fraternidade e benevolência, para então concluir, após a afirmativa acima: "O espiritismo, não tendo nenhum dos caracteres duma religião, na acepção usual da palavra, não se poderia, nem deveria ornar-se de um título sobre o valor do qual, inevitavelmente, seria desprezado; eis porque ele se diz simplesmente: doutrina filosófica e moral".

Se tal clareza não for ainda suficiente para ilustrar a opinião de Kardec, resta apenas a citação de mais dois fragmentos da "Revista espírita", o primeiro de maio de 1859, "Refutação dum artigo de L'Univers", em que diz: "Seu [do espiritismo] verdadeiro caráter é, pois, o de uma ciência e não de uma religião, e a prova disso é que conta, entre seus adeptos, com homens de todas as crenças, e que por isso não renunciaram às suas convicções [...]. O espiritismo repousa, pois, sobre princípios gerais independentes de todas as questões dogmáticas. [...] O espiritismo não é, pois, uma religião: de outro modo teria seu culto, seus templos, seus ministros. [...] Em resumo, o espiritismo se ocupa com a observação dos fatos, e não com as particularidades de tal ou tal crença". No segundo artigo, de julho de 1859, "Resposta à réplica do Sr. abade Chesnel, em L'Univers", diz Kardec: "O espiritismo, como eu disse, está fora de todas as crenças dogmáticas, com as quais não se preocupa; não o consideramos senão como uma ciência filosófica, que nos explica uma multidão de coisas que não compreendemos, e, por isso mesmo, em lugar de abafar em nós as idéias religiosas, como certas filosofias, fá-las nascer naqueles em que elas não existem; mas se quereis, por toda a força, elevá-lo à categoria duma religião, vós mesmos o empurrais para um caminho novo". É interessante ler Kardec afirmando que não será ele o criador duma nova religião, mas aqueles que tanto querem.

Portanto, a conclusão é indubitável: o espiritismo não é uma religião, sob qualquer artifício sofista ou de interesse pessoal. Por outro lado, o movimento espírita é uma religião com todas as características inerentes a essa definição. Possui sua sacralidade, seus rituais, sacerdotes e tudo o mais que o faz uma religião com seu séqüito de caracteres tradicionais.

* Sergio Mauricio é professor universitário; graduado em Engenharia Elétrica e Filosofia, com mestrado em Ciências da Família; escritor e dirigente espírita da cidade de Salvador.

domingo, 13 de junho de 2010

ESTUDOS SOBRE A REENCARNAÇÁO. (2ºPARTE)



ESTUDOS SOBRE A REENCARNAÇÁO. (2ºPARTE)





que não são mais, uma vez que os esquecestes e substituístes; procurastes a consolação no esquecimento; eles se vos tornam indiferentes, porque não tendes mais amor.
Contemplai a Humanidade, e vede o quanto há pouca afeição verdadeira sobre a Terra! Também não se deve tanto se amedrontar com a multiplicidade das afeições contraídas nesse mundo; elas são em minoria relativa, mas existem, e as que são reais persistem e se perpetuam sob todas as formas, sobre a Terra, de início, depois continuam no estado de Espírito numa amizade ou um amor inalterável, que não faz senão crescer em se elevando mais.

Vamos estudar esta verdadeira afeição: a afeição espiritual.
A afeição espiritual tem por base a afinidade fluídica espiritual, que, agindo sozinha, determina a simpatia. Quando ocorre assim, é a alma que ama a alma, e essa afeição não toma força senão pela manifestação dos sentimentos da alma. Dois Espíritos unidos espiritualmente se procuram e tendem sempre a se aproximarem; seus fluidos são atrativos. Que estejam num mesmo globo, serão levados um para o outro; que estejam separados pela morte terrestre, seus pensamentos se unirão na lembrança, e a união se fará na liberdade do sono; e quando a hora de uma nova encarnação soar para um deles, procurará se aproximar de seu amigo entrando nisso que é sua filiação material, e fá-lo-á com tanto mais facilidade quanto seus fluidos periespirituais materiais encontrarem afinidade na matéria corpórea dos encarnados que deram a luz ao novo ser.

Daí um novo aumento da afeição, uma nova manifestação do amor. Tal Espírito amigo vos amou como pai, vos amará como filho, como irmão ou como amigo, e cada um desses laços aumentará de encarnação em encarnação, e se perpetuará de maneira inalterável quando, vosso trabalho estando feito, vivereis da vida do Espírito.
Mas essa verdadeira afeição não é comum sobre a Terra, e a matéria vem retardá-la, anulando-lhe os efeitos, segundo ela domine o Espírito.

A verdadeira amizade, o verdadeiro amor sendo espiritual, tudo o que se relaciona com a matéria não é de sua natureza, nem concorre em nada para a identificação espiritual. A afinidade persiste, mas fica no estado latente até que o fluido espiritual se sobrepondo, o progresso simpático se efetue de novo.
Para me resumir, a afeição espiritual é a única resistência no domínio do Espírito; sobre a Terra e nas esferas de trabalho corpóreo, ela concorre para o adiantamento moral do Espírito encarnado que, sob a influência simpática, cumpre milagres de abnegação e de devotamento pelos seres amados. Aqui, nas moradas celestes, ela é a satisfação completa de todas as aspirações, e a maior felicidade que o Espírito possa sentir.

V O progresso entravado pela reencarnação indefinida.
Até aqui a reencarnação foi admitida de um modo muito prolongado; não se pensou senão nessa prolongação da corporeidade, embora cada vez menos material, ocasionando, no entanto, necessidades que deviam entravar o vôo do Espírito. Com efeito, admitindo a persistência da geração nos mundos superiores, atribui-se ao Espírito encarnado necessidades corpóreas, dão-lhe deveres e ocupações ainda materiais que constrangem e detêm o impulso dos estudos espirituais. Que necessidade desses entraves?

O Espírito não pode gozar as felicidades do amor sem sofrer as enfermidades corpóreas? Sobre a própria Terra, esse sentimento existe por si mesmo, independente da parte material de nosso ser; os exemplos, embora sejam raros, estão aí, suficientes para provar que deve ser sentido mais geralmente entre os seres mais espiritualizados.

A reencarnação ocasiona a união dos corpos, o amor puro somente a união das almas. Os Espíritos se unem segundo suas afeições começadas nos mundos inferiores, e trabalham juntos para o seu adiantamento espiritual. Eles têm uma organização fluídica muito diferente daquela que era a conseqüência de seu aparelho corpóreo, e seus trabalhos se exercem sobre os fluidos e não sobre os objetos materiais.

Vão em esferas que, também elas, cumpriram seu período material, em esferas cujo trabalho humano levou a desmaterialização, e que, chegados ao apogeu de seu aperfeiçoamento, também passaram por uma transformação superior, que os torna próprios para sofrer outras modificações, mas num sentido todo fluídico.
Compreendeis, desde hoje a força imensa do fluido, força que não podeis senão constatar, mas que não vedes nem apalpais.

Num estado menos pesado do que aquele em que estais teríeis outros meios de ver, de tocar, de trabalhar esse fluido que é o grande agente da vida universal. Porque, pois, o Espírito teria ainda necessidade de um corpo que está fora das apreciações corpóreas? Dir-me-eis que esse corpo está em relação com os novos trabalhos que o Espírito terá que cumprir; mas uma vez que esses trabalhos serão todos fluídicos e espirituais nas esferas superiores, por que dar-lhe o embaraço das necessidades corpóreas, porque a reencarnação ocasiona sempre, como eu o disse, geração e alimentação, quer dizer, necessidade da matéria a satisfazer, e, em compensação, entraves para o Espírito.

Compreendeis que o Espírito deve ser livre em seu vôo para o infinito; compreendeis que tendo saído dos cueiros da matéria, ele aspira, como a criança, a caminhar e correr sem ser contido pelas andadeiras maternas, e que essas primeiras necessidades da primeira educação da criança são supérfluas para a criança crescida, e insuportáveis ao adolescente. Não desejeis, pois, permanecer na infância; considerai-vos como alunos fazendo seus últimos estudos escolares, e se dispondo a entrar no mundo, e a ter nele seu lugar, e a começar os trabalhos de outro gênero que seus estudos preliminares terão facilitado.

O Espiritismo é a alavanca que levantará de um pulo ao estado espiritual todo encarnado que, querendo bem compreendê-lo e pô-lo em prática, se ligará em dominar a matéria, a dela se tornar senhor, a aniquilá-la; todo Espírito de boa vontade pode se colocar em estado de passar, deixando este mundo, ao estado espiritual sem retorno terrestre; somente, lhe é preciso a fé ou vontade ativa.
O Espiritismo a dá a todos aqueles que querem compreendê-lo em seu sentido moralizador.

UM ESPÍRITO PROTETOR DO MÉDIUM.
Nota. - Esta comunicação não leva outra assinatura senão esta acima, o que prova que não há necessidade de haver tido um nome célebre sobre a Terra para ditar boas coisas.
Pôde-se notar a analogia que existe entre a comunicação de Sens narrada mais acima, e a primeira parte desta; esta última é sem contradita mais desenvolvida, mas a idéia fundamental sobre a encarnação é a mesma. Citamos ambas para mostrar que os grandes princípios da Doutrina são ensinados de diversos lados, e que será assim que se constituirá e se consolidará a unidade no Espiritismo. Esta concordância é o melhor critério da verdade. Ora, há a anotar que as teorias excêntricas e sistemáticas ditadas por Espíritos pseudo-sábios, são sempre circunscritas num círculo estreito e individual, e é por isso que nenhuma prevaleceu; é também porque não podem ter senão uma existência efêmera que se apaga como uma pálida luz diante da claridade do dia.

Quanto a esta última comunicação, seria supérfluo fazer ressaltar dela a alta importância como fundo e como forma.
Ela pode se resumir assim:

A vida do Espírito, considerada do ponto de vista do progresso, apresenta três períodos principais, a saber:
1- O período material, onde a influência da matéria domina a do Espírito; é o estado dos homens dados às paixões brutais e carnais, à sensualidade; cujas aspirações são exclusivamente terrestres, que são apegados aos bens temporais, ou refratários às idéias espiritualistas.

2- O período de equilíbrio; aquele em que as influências da matéria e do Espírito se exercem simultaneamente; onde o homem, embora submetido às necessidades materiais, pressente e compreende o estado espiritual; onde ele trabalha para sair do estado corpóreo.
Nesses dois períodos o Espírito está submetido à reencarnação, que se cumpre nos mundos inferiores e medianos.

3- O período espiritual, aquele em que o Espírito, tendo dominado completamente a matéria, não tem mais necessidade da encarnação nem do trabalho material, seu trabalho é todo espiritual; é o estado dos Espíritos nos mundos superiores.

A facilidade com a qual certas pessoas aceitam as idéias espíritas, das quais parecem ter a intuição, indica que pertencem ao segundo período; mas entre estas e as outras há uma multidão de graus que o Espírito atravessa tanto mais rapidamente quanto mais próximo estiver do período espiritual; é assim que, de um mundo material como a Terra, ele pode ir habitar um mundo superior, como Júpiter, por exemplo, se seu adiantamento moral e espiritual for suficiente para dispensá-lo de passar pelos graus intermediários.

Depende, pois, do homem deixar a Terra sem retorno, como mundo de expiação e de prova para ele, ou não retornar a ela senão em missão.





REVISTA ESPÍRITA Jornal de Estudos Psicológicos (fevereiro de 1864)

A História do Café da Manhã