Sob o Crivo da Razão 1 Titulo

Assuntos diversos sob o crivo da razão.

Escolha seu caminho misticismo ou razão 2 Titulo

Variada pesquisa ao seu dispor videos, artigos e palestras .

Cientistas Espiritas 3 Titulo

Descubra aqui os ciêntistas que pesquisaram a doutrina espirita, e poste suas dúvidas.

Descubra o pensamento Liberal Espirita 4 Titulo

Neste espaço você vai entender porque a doutrina espirita é inconciliável com o socialismo.

Debates e crítica literária espirita 5 Titulo

Um espaço para o contraditorio, onde colocamos em dúvidas muitas questões tidas como doutrinarias.

Pesquisar este blog

Seguidores

domingo, 22 de fevereiro de 2015

A Farsa de Kardec

Para começo de conversa, “A Farsa dos Espíritas” é muito específico, pois trata da vida e da obra de Allan Kardec, ou melhor, da desconstrução de ambas, mostrando uma vida e uma doutrina que foram embasadas em erros sobre erros, a começar pela ligação íntima que Kardec teria tido com Johann Heinrich Pestalozzi, o notável educador pioneiro de uma grande reforma educacional.

 No caso, Kardec, aliás, Hippolyte Léon Denizard Rivail, chega a ser tratado por alguns biógrafos como um geninho que teria até mesmo substituído Pestalozzi na direção de sua escola de Yverdon, na Suíça, onde Kardec estudava, coisa meio impossível, já que, segundo consta, Kardec deixou a escola em 1822, com apenas 18 anos, estabelecendo-se em Paris. Na verdade tal ligação entre ambos nunca ocorreu, como Milton comprova ao analisar várias correspondências e documentos de Pestalozzi.



O livro passa também pela fascinação à primeira vista, em 1854, de Kardec pelo “fenômeno” das mesas girantes, bastante difundido à época, como objeto de curiosidade e divertimento, em especial nos salões nobres e burgueses europeus, e virou habitué de tais convescotes. Por delírio ou esperteza (ou ambos), Kardec resolveu que aquilo era obra de espíritos, tal como a psicografia, que também havia conhecido recentemente e elaborou o Livro dos Espíritos, uma baboseira inacreditável e contraditória em si mesma, já que Kardec desce o pau na Ciência quando lhe convém e apela para ela da mesma maneira, na maior cara de pau.

E esse foi, para mim, o grande erro de Kardec: se ele tivesse se limitado a afirmar suas bobagens sem tentar explicá-las através da razão, batendo de frente com a Ciência e com a Lógica, o kardecismo (ou espiritismo) passaria impune como apenas um questão de fé e não compraria uma briga impossível de ser vencida.

Milton, nesse sentido, faz também uma análise minuciosa do aspecto doutrinário do kardecismo através das obras de Kardec, apontando suas inúmeras impossibilidades e absurdos, para, no final, relatar e comentar um processo contra os espíritas, mais precisamente os responsáveis pela divulgação e venda de fotos supostamente mediúnicas. Farsa provada, deu cana para três. Ficou barato.

Se meu interesse por alguma coisa serve como parâmetro, eu digo que um sintoma particular de que um livro é interessante é a minha velocidade de leitura - no “Inferno” do Dan Brown eu demorei duas semanas para ler cem páginas, e desisti -, eu li as 311 páginas de “A Farsa dos Espíritas” de um fôlego só, em quatro horas. Como eu disse antes o livro é específico e eu gosto do tema, mas mesmo para quem gosta menos do assunto, é uma leitura perfeitamente palatável.

*O mais importante eu esqueci, mas faço questão de colocar nesse adendo: Milton Valdameri frisa muito bem na introdução que o livro não trata da existência de espíritos, de comunicações deles com os vivos, de encarnações ou de Deus, portanto, o tema é puramente a parte documental - o que foi escrito e o que deixou de ser, em relação ao kardecismo. E sou testemunha disso pelo privilégio que tive de ler o livro antes da maioria dos mortais.

Mas, já que nem tudo são flores, há três coisas que, embora não comprometam significativamente a obra, precisam ser registradas.

A primeira são os erros de digitação. Não, não são erros gramaticais, mas em muitos trechos há a falta ou excesso de caracteres, típicos da pressa.

A segunda é o excesso de referências a sites, o que polui o texto desnecessariamente, dados que podem perfeitamente ser mencionados nos pés das páginas ou no final dos capítulos.

E o terceiro é um certo exagero na documentação que, ao mesmo tempo que dá credibilidade à obra, pode ser um motivo para o desinteresse do leitor que não é muito afeito ao tema. Quanto a isso, eu lembro do livro do Jô Soares, “Xangô de Baker Street”, que eu deixei de lado por causa do começo, cheio de referências documentais - onde o Jô chegou ao requinte desnecessário de dar o número de pedras gastas para o calçamento de uma rua do Rio de Janeiro antigo -, até que uma amiga me recomendasse ler da página tal para frente.

No mais, meus parabéns ao Milton Valdameri pela pesquisa refinada e pela obra em si.
FONTE: toma-mais-uma.blogspot.com.br/

A História do Café da Manhã