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sábado, 19 de dezembro de 2009

ESTUDO ESPIRITA (Querem tirar Jesus do Espiritismo?)


ESTUDO ESPIRITA (Querem tirar Jesus do Espiritismo?)


Existe uma mentira que vem se propagando de forma continua e repetida.
Sobre tirar Jesus da doutrina espírita.
Não se tira Jesus do Espiritismo porque ele é claramente citado na codificação. Devemos respeitar Jesus no seu exato valor, mas nunca fazer dele um mito, um novo bezerro de ouro.

Quando se defende que eu não preciso dizer que sou espírita cristão e sim apenas espírita não é com o objetivo de menosprezar Jesus. E sim de ser coerente com a doutrina pois, se a doutrina é cristã dizer que eu sou espírita basta.

Ou você já ouviu alguém dizer eu que é Católico cristão? Existe algum católico que não seja cristão? Existe algum evangélico satanista?

Qualquer um pode ser um Espírita cristão, mas não precisa, necessariamente que ser um cristão para ser Espírita.

Você pode ser Espírita, só. Pela Universalidade dos seus postulados, assentados nas Leis de Deus, que é para todos, sem exceção ou privilégio de crença.

Para um estudo mais detalhado vamos consultar as Obras Básicas.

As pessoas que não têm do Espiritismo senão um conhecimento superficial é naturalmente levado a fazer certas indagações, às quais um estudo completo lhes daria, sem dúvida, a solução.
Mas o tempo e, freqüentemente, à vontade, lhes faltam para se consagrarem às observações continuadas. Neste contexto apresento aqui alguns dados que pode ser facilmente acompanhados com seus próprios livros.

Foi consultado para este estudo
LIVROS DOS ESPÍRITOS
EVANGELHO SEGUNDO ESPIRITISMO.

Inicio
DO LIVRO DOS ESPIRITOS - LEIS DE DEUS
614 O que se deve entender por lei natural?
– A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do homem; ela lhe indica o que deve ou não fazer, e ele é infeliz somente quando se afasta dela.

Qual é a ÚNICA lei, QUAL é a ÚNICA moral que o homem precisa para evoluir, a de Deus.
NÃO a de Jesus Cristo.

615 A lei de Deus é eterna?
– Eterna e imutável como o próprio Deus.

Alguém pode mudar, transformando a lei e a moral de Deus, para, a de Jesus Cristo NÃO.

617 Que objetivos abrangem as leis divinas? Elas se referem à outra coisa além da conduta moral?
– Todas as leis da natureza são leis divinas, uma vez que Deus é o criador de todas as coisas. O sábio estuda as leis da matéria, o homem de bem estuda as da alma e as pratica.

As leis de Deus bem como, a, moral está em todos os lugares, nada, foi criado, a, não ser por ele.

621 Onde está escrita a lei de Deus?
– Na consciência.

A lei de Deus esta com todos, e não Jesus Cristo.
621 a Uma vez que o homem traz inscrito na consciência a lei de Deus, há necessidade que lhe seja revelada?

– Ele a esqueceu e a menosprezou; Deus quis que ela fosse lembrada.

Ai se faz necessário a existência de espíritos que a lembrem, e, não, que, os façam, que, as inventem, apenas façam com que o esquecido se lembre.

622 Deus deu a alguns homens a missão de revelar Sua lei?
– Sim, certamente; em todos os tempos houve homens que receberam essa missão. São os Espíritos Superiores encarnados com o objetivo de fazer a humanidade avançar.

625 Qual é o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo?
– Jesus.

Jesus é para o homem o exemplo da perfeição moral a que pode pretender a humanidade na Terra. Deus nos oferece Jesus como o mais perfeito modelo, e a doutrina que ensinou é a mais pura expressão de sua lei, porque era o próprio Espírito Divino e foi o ser mais puro que apareceu na Terra.

Fica publico e inegável aqui, que precisamos ter somente um pouco de coerência, Jesus é um exemplo de perfeição moral?
Qual moral?
A moral já foi dita que é de Deus.
A doutrina que Jesus ensinou é a mais pura expressão de sua lei?
Lei de quem?
A única lei a qual o homem precisa evoluir, é, a
lei de Deus, como fora dito anteriormente.


626 As leis divinas e naturais só foram reveladas aos homens por Jesus e, antes dele, tinham conhecimento delas apenas pela intuição?
Não dissemos que elas foram escritas em todos os lugares?
Todos os homens que meditaram sobre a sabedoria puderam compreendê-las e ensiná-las desde os séculos mais remotos.

Se a lei, e, a moral de Deus sempre existiram, jamais ela pode ser de Jesus Cristo, isso, é obvio.
Mas poderíamos ainda assim achar que as Leis são de Deus, mas, a moral de Jesus?
NÃO
DEFINIÇÃO DA MORAL DE DEUS
629 Que definição se pode dar à moral?
– A moral é a regra do bem proceder, ou seja, a que permite distinguir entre o bem e o mal. Ela é fundada sobre o cumprimento da lei de Deus. O homem procede bem quando faz tudo para o bem de todos porque, então, cumpre a lei de Deus.
647 Toda a lei de Deus está contida no ensinamento de amor ao próximo ensinado por Jesus?
– Certamente esse ensinamento contém todos os deveres dos homens entre si; mas é preciso vos mostrar sua aplicação, senão deixareis de o cumprir como fazeis até hoje; aliás, a lei natural compreende todas as circunstâncias da vida e esse ensinamento é apenas uma parte da lei. Os homens necessitam de regras precisas. Os ensinamentos gerais e indefinidos, por serem muito vagos, possibilitam diversas interpretações.


Fica claro, Jesus ensinou a lei do amor ao próximo, e, não a lei de Deus, ele ensinou foi apenas um adendo a sua lei, e, o faz necessário ensinar mais, pois, ela foi apenas uma parte da lei de Deus, que, compreende toda a natureza.
JESUS CRISTO NÃO FOI O ÚNICO.
648 Que pensais da divisão da lei natural em dez partes compreendendo as leis de adoração, trabalho, reprodução, conservação, destruição, sociedade, progresso, igualdade, liberdade e, por fim, a de justiça, amor e caridade?

– Essa divisão da lei de Deus em dez partes é a de Moisés e pode abranger todas as circunstâncias da vida, que é essencial. Podeis segui-la, embora ela nada tenha de absoluto, como não têm os outros sistemas de classificação que dependem do ponto de vista sob o qual se considere o que quer que seja. A última lei é a mais importante; é por ela que o homem pode avançar mais na vida espiritual, porque resume todas as outras.

Existiu Moises, que, por sua vez, não obteve o mesmo sucesso, porem, criou os dez mandamentos, e, o Evangelho segundo o Espiritismo, e, não seguindo seu raciocínio seria o Evangelho segundo Jesus Cristo, tem sua base os dez mandamentos.

Aqui se acabam-se todas as duvidas, de Jesus ter criado a sua lei, sua moral, sua doutrina, Jesus foi sim um PROFESSOR, que, ENSINOU, o correto, o justo, como cumprir a LEI DE DEUS, de maneira mais pura, veja..

JESUS VEIO CONSTRUIR UMA NOVA DOUTRINA?
3. Jesus não veio destruir a lei, isto é, a lei de Deus; veio cumpri-la, isto é, desenvolvê-la, dar-lhe o verdadeiro sentido e adaptá-la ao grau de adiantamento dos homens. Por isso é que se nos depara, nessa lei, o principio dos deveres para com Deus e para com o próximo, base da sua doutrina. Quanto às leis de Moisés, propriamente ditas, ele, ao contrário, as modificou profundamente, quer na substancia, quer na forma. Combatendo constantemente o abuso das práticas exteriores e as falsas interpretações, por mais radical reforma não podia fazê-las passar, do que as reduzindo a esta única prescrição: "Amar a Deus acima de todas as coisas e o próximo como a si mesmo", e acrescentando: aí estão a lei toda e os profetas.


Por estas palavras: "O céu e a Terra não passarão sem que tudo esteja cumprido até o último iota", quis dizer Jesus ser necessário que a lei de Deus tivesse cumprimento integral, isto é, fosse praticada na Terra inteira, em toda a sua pureza, com todas as suas ampliações e conseqüências. Efetivamente, de que serviria haver sido promulgada aquela lei, se ela devesse constituir privilégio de alguns homens, ou, sequer, de um único povo? Sendo filhos de Deus todos os homens, todos, sem distinção nenhuma, são objeto da mesma solicitude.

4. Mas, o papel de Jesus não foi o de um simples legislador moralista, tendo por exclusiva autoridade a sua palavra. Cabia-lhe dar cumprimento às profecias que lhe anunciaram o advento; a autoridade lhe vinha da natureza excepcional do seu Espírito e da sua missão divina.

Ele viera ensinar aos homens que a verdadeira vida não é a que transcorre na Terra e sim a que é vivida no reino dos céus; viera ensinar-lhes o caminho que a esse reino conduz, os meios de eles se reconciliarem com Deus e de pressentirem esses meios na marcha das coisas por vir, para a realização dos destinos humanos. Entretanto, não disse tudo, limitando-se, respeito a muitos pontos, a lançar o gérmen de verdades que, segundo ele próprio o declarou, ainda não podiam ser compreendidas.

Falou de tudo, mas em termos mais ou menos implícitos. Para ser apreendido o sentido oculto de algumas palavras suas, mister se fazia que novas idéias e novos conhecimentos lhes trouxessem a chave indispensável, idéias que, porém, não podiam surgir antes que o espírito humano houvesse alcançado um certo grau de madureza. A Ciência tinha de contribuir poderosamente para a eclosão e o desenvolvimento de tais idéias. Importava, pois, dar à Ciência tempo para progredir.

5. O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo. Ele no-lo mostra, não mais como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e sem cessar atuantes da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenômenos até hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domino do fantástico e do maravilhoso.
E a essas relações que o Cristo alude em muitas circunstâncias e dai vem que muito do que ele disse permaneceu ininteligível ou falsamente interpretado.
O Espiritismo é a chave com o auxilio da qual tudo se explica de modo fácil.

DEVEMOS IDOLATRAR JESUS, MOISES, SANTO AGOSTINHO .

O próprio Jesus anuncia a doutrina espírita.
E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós.” (João Cap. 14, 12-17)
Na realidade, o Espírito Santo ou o Espírito da Verdade é um conjunto de idéias, ou seja é uma corrente de pensamento.
Qual doutrina, qual filosofia, qual religião veio trazer algo de novo, um novo ensinamento e que lembrou com clareza e perfeição tudo que Jesus ensinou?
A resposta para esta pergunta é o Espiritismo ou Doutrina Espírita. Pois somente o Espiritismo veio trazer novidades, mas estas novidades não são frutos de uma imaginação fértil, de uma fé cega, são frutos de observação das Leis da Natureza, de conclusões e raciocínios lógicos e também do testemunho dos espíritos comunicantes através do Controle Universal dos Espíritos.
O Espiritismo é o consolador prometido, mas o consolo espírita não é cantiga de ninar e sim conhecimento da razão e das finalidades da vida.
Portanto percebemos como é falaciosa a afirmação que: “Se conseguirem retirar o Cristo da Doutrina Espírita, a casa espírita se transforma em escola de fantoches da ilusão, vira circo mesmo, vira comédia!”
Ou seja o Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e toda a coleção das revistas espíritas virão nada, se tirarmos Jesus da doutrina?
Ninguém quer tirar Jesus de lugar algum, o que se quer quando questionamos e ser coerente pois, não existe maneira de ser meio coerente.
O que salta aos olhos e o interesse enorme de muitos em transformar o Espiritismo em mais uma seita evangélica, descaracterizando-o como doutrina puramente filosófica e tirando-lhe justamente a finalidade precípua que é a de levar os ensinamentos de Jesus àqueles que não aceitem o evangelismo.


Continuando achamos mais esta explicação.

6. A lei do Antigo Testamento teve em Moisés a sua personificação; a do Novo Testamento tem-na no Cristo.

O Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus, mas não tem a personificá-la nenhuma individualidade, porque é fruto do ensino dado, não por um homem, sim pelos Espíritos, que são as vozes do Céu, em todos os pontos da Terra, com o concurso de uma multidão inumerável de intermediários. É, de certa maneira, um ser coletivo, formado pelo conjunto dos seres do mundo espiritual, cada um dos quais traz o tributo de suas luzes aos homens, para lhes tornar conhecido esse mundo e a sorte que os espera.

7. Assim como o Cristo disse: "Não vim destruir a lei, porém cumpri-la", também o Espiritismo diz: "Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução."

Nada ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas, desenvolve, completa e explica, em termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica. Vem cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou e preparar a realização das coisas futuras.

Ele é, pois, obra do Cristo, que preside, conforme igualmente o anunciou, à regeneração que se opera e prepara o reino de Deus na Terra.
O que isso quer dizer, primeiro não devemos IDOLATRAR personagens do mundo, e, sim Deus, existe a lei Cristã, REVELADA, MOSTRADA, ENSINADA, e, não, CONSTRUIDA, FEITA, ARQUITETADA por Jesus Cristo, assim como MOISES.

PARAMOS NO QUE JESUS CRISTO NOS ENSINOU?
São chegados os tempos em que os ensinamentos do Cristo têm de ser completados; em que o véu intencionalmente lançado sobre algumas partes desse ensino tem de ser levantado; em que a Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista, tem de levar em conta o elemento espiritual e em que a Religião, deixando de ignorar as leis orgânicas e imutáveis da matéria, como duas forças que são, apoiando-se uma na outra e marchando combinadas, se prestarão mútuo concurso. Então, não mais desmentida pela Ciência, a Religião adquirirá inabalável poder, porque estará de acordo com a razão, já se lhe não podendo mais opor a irresistível lógica dos fatos.

O QUE PRECISAMOS ENTENDER DOS ENSINAMENTOS
9. Deus é único e Moisés é o Espírito que Ele enviou em missão para torná-lo conhecido não só dos hebreus, como também dos povos pagãos. O povo hebreu foi o instrumento de que se serviu Deus para se revelar por Moisés e pelos profetas, e as vicissitudes por que passou esse povo destinavam-se a chamar a atenção geral e a fazer cair o véu que ocultava aos homens a divindade.
Os mandamentos de Deus, dados por intermédio de Moisés, contêm o gérmen da mais ampla moral cristã.

Preste bem a atenção não foi Jesus Cristo a pregar a moral Crista, e, sim Moises.

O Cristo foi o anunciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que há de fazer brotar de todos os corações a caridade e o amor do próximo e estabelecer entre os humanos uma solidariedade comum; de uma moral, enfim, que há de transformar a Terra, tornando-a morada de Espíritos superiores aos que hoje a habitam.

E a lei do progresso, a que a Natureza está submetida, que se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca de que Deus se utiliza para fazer que a Humanidade avance.

Mais uma vez temos Cristo como professor, exemplo, caminho, e não a OBRA.

Chegamos portanto na conclusão que.
Moisés abriu o caminho;
Jesus continuou a obra;
o Espiritismo a concluirá.
- Um Espírito israelita. (Mulhouse, 1861.)

Isto para você é tirar Jesus do Espiritismo?

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Evolução de Jesus “em linha reta”.


Evolução de Jesus “em linha reta”.

EM DEFESA DO ESPIRITISMO (*)

(*) Texto motivado pelo artigo de Carlos Baccelli na Revista Espiritismo e Ciência
n. 62, a propósito da suposta evolução de Jesus “em linha reta”.


Aprendizes em Espiritismo sabem que o primeiro critério da verdade é submeter as comunicações dos espíritos ao controle severo da razão, do bom-senso e da lógica. Só espíritos enganadores, que não podem senão perder com este exame sério, é que evitam a discussão e querem ser acreditados sob palavra. (O Que é o Espiritismo, 99.)

Emmanuel é um enganador? Fica desagradado com os que lhe questionam os ditados? Diz que estes “coaxam”, como sapos e rãs? Ora! É da essência mesma da proposta kardeciana de fé raciocinada que se façam análises dos informes espirituais. Ninguém se torna “agente das Trevas” por isto.

O Livro dos Médiuns preceitua que “o melhor deles é aquele que, simpatizando somente com os bons espíritos, tem sido o menos enganado”, assim como assegura que, “por muito bom que seja, um médium jamais é tão perfeito, que não possa ser atacado por algum lado fraco” (Cap. XX, 226, 9-10).

Chico Xavier aprova ser considerado exceção aos princípios da Doutrina que sempre amou e da qual figura como destacado adepto? Aceita que o considerem infalível e suponham inquestionável a sua obra?

Aprendizes em Espiritismo igualmente sabem que o segundo critério da verdade está na concordância, na universalidade do ensinamento espiritual, no fato de um princípio ser ensinado em vários lugares, por diferentes espíritos e médiuns estranhos uns aos outros, “e que não estejam sob a mesma influência”. (O Que é o Espiritismo, 99.)

A única expressão de universalidade deste ensino espiritual sempre foi a Obra de Kardec. Depois dela, tudo mais são opiniões isoladas. Na falta em que nos encontramos, desde 31/03/1869, de um foco legítimo de apuração e controle, tais opiniões devem sofrer detidas avaliações lógicas, firmemente amparadas nos ensinos codificados pelo mestre lionês.

Sobre o Cristo, o que diz a Doutrina? — lEsprit pur par excellence. Em seu idioma, assim Kardec definiu Jesus, na nota à dissertação IX do cap. XXXI de O Livro dos Médiuns: o Espírito puro por excelência. Portanto, de “superioridade intelectual e moral absoluta em relação aos espíritos das outras ordens” (O Livro dos Espíritos, 112).

Em Espiritismo, todos os seres têm um mesmo ponto de partida e um mesmo ponto de chegada (A Gênese, I, 30). Jesus não foi exceção. Mas quem poderia saber se cometeu erros na estrada evolutiva? E que importância afinal teria agora isto, se os que chegam ao grau supremo, mesmo passando pelo mal, são contemplados com idêntico olhar por Deus, que a todos ama igualmente? (O Livro dos Espíritos, 126.)

Possível é que o Mestre seja dos poucos que, “desde o princípio, seguiram o caminho do bem” (Ob. cit., 133, 124). Mas O Livro dos Espíritos chama isto de evolução “em linha reta”? O que nos autoriza a supor que esta expressão equivale ao que ali ensinou a Obra-Base? O que quer dizer: “desde o princípio”?

Cautela! Os termos usados em O Consolador pertencem अ Os Quatro Evangelhos, de Roustaing: “avançar com passo firme e em linha reta para a perfeição” (Tomo III, 255). Este livro defende uma progressão espiritual que dispensaria a vida na matéria aos que só fazem o bem nos mundos fluídicos próprios à humanização da alma, chamados ad-hoc. A encarnação não passaria de castigo aos culpados que por lá faliram: seria a “queda”.

Todavia, a Doutrina Espírita ensina que têm necessidade de encarnação os que, “desde o princípio”, optaram pelo bem; todos são criados simples e ignorantes e se instruem mediante as lutas e tribulações da vida corporal; Deus, que é justo, não podia fazer felizes a alguns, sem penas e trabalhos, portanto, sem mérito (O Livro dos Espíritos, 133). Assim, “desde o princípio” não se refere só a mundos fluídicos, mas também corpóreos, quando o espírito começa a discernir o bem do mal e, no caso, passa a escolher sempre o primeiro. Diversamente, pois, do conceito rustenista da evolução em linha reta, que dispensa a vida na matéria, razão pela qual teria sido fluídico o corpo de Jesus, doutrina repelida por Kardec (A Gênese, XV, 66.)

Também se percebe afinidade com teses rustenistas quando se lê que, exceto Jesus, somos “espíritos que se resgatam ou aprendem nas experiências humanas, após as quedas do passado” (O Consolador, 243). As quedas pretéritas, assim atribuídas tanto aos que “aprendem” como aos que “se resgatam”, é uma generalização errônea, pois “a expiação serve sempre de prova, mas a prova nem sempre é uma expiação” (O Evangelho Segundo o Espiritismo. V, 9).

Portanto, nem todos os que aprendem em meio a provas têm erros a resgatar. Se O Consolador advoga que todos os têm, confirma as quedas que precipitariam na matéria os falidos. Isto mais se evidencia na idéia de O Consolador sobre a provação: é para o “rebelde” e “preguiçoso”, e a expiação, para o malfeitor que comete um crime (246). Quanto à expiação, vá; no entanto, considerando que é impossível chegar à perfeição sem provas, seríamos, de antemão, rebeldes e preguiçosos pelo simples fato de sofrê-las?

Outra prova do rustenismo de O Consolador está na pergunta sobre a queda do espírito. Diz que a alma é “colocada por Deus no caminho da vida como discípulo que termina os estudos básicos” (248). Como pode ser isto se O Livro dos Espíritos leciona que, em sua primeira encarnação, a alma “ensaia para a vida”? (190) Trata-se, pois, do início dos estudos básicos da alma, não de seu término; a menos que os haja iniciado alhures, nos mundos ad-hoc de Roustaing.

O Livro dos Espíritos preceitua que “é necessário rejeitar esta idéia de que dois espíritos, criados um para o outro, devem um dia fatalmente reunir-se na eternidade” (303-a). Mas O Consolador prega a existência de almas que teriam sido “criadas umas para as outras” (323); avança, e decreta que “o amor das almas gêmeas é aquele que o espírito sentirá um dia pela humanidade inteira” (326). A seguir, certifica que Jesus “enlaçou a humanidade inteira depois de realizar o amor supremo” (com sua alma-irmã?), mas considera “um paralelismo injustificável” condicionar o Mestre aos “meios humanos”, quando se cogita qual seria a alma gêmea de Jesus; ainda assim, apresenta-o como “a finalidade sagrada dos gloriosos destinos do espírito” (327). O paralelismo seria, de fato, injustificável se o Mestre não tivesse evoluído na matéria, em meios humanos (extraterrestres, no caso dele), mediante lutas e tribulações de vidas corporais...

Portanto, apenas o pressuposto rustenista da queda original do espírito na matéria, por castigo, explica estes ensinos de O Consolador. Como podem, portanto, ter base em Kardec? Se realmente foi Emmanuel quem tanto discordou da Codificação Espírita, não sei, mas é o nome dele, bem como o de Chico Xavier, que está na capa do livro.

Por fim, muito estranho é que se clame pela autoridade do mestre francês e se publiquem obras mediúnicas cujos conteúdos lhe subvertam acintosamente os princípios codificados... Extrema é a hora espírita neste mundo. Valha-nos O Espírito de Verdade!

(Sergio F.Aleixo- Presidente executivo da Ade-Rj)

Evolução de Jesus “em linha reta”. - Evolução de Jesus “em linha reta”. - Evolução de Jesus “em linha reta”.
Evolução de Jesus “em linha reta”. - Evolução de Jesus “em linha reta”. - Evolução de Jesus “em linha reta”.

HYDESVILLE E O ESPIRITISMO


O EPISÓDIO DE HYDESVILLE E O ESPIRITISMO

HYDESVILLE, vilarejo situado próximo da cidade de Rochester, rio condado de Wayne, no Estado de Nova lorque, nos Estados Unidos, passou à História como o berço do Novo Espiritualismo, ou seja, o Espiritismo dos povos de língua inglesa.

Numa tosca cabana residia uma família protestante composta de:
* John Fox,
* sua mulher Margareth
* e as filhas menores Margareth e Catherine (Kate Fox)
Cabana na qual moraram, antes deles, os esposos Bell e sua criada Lucrécia Pelves.

Nessa modesta residência se verificaram fatos estranhos, que alarmaram seus moradores e toda a vizinhança: ruídos, pancadas, batidas, punham todos em desassossego. Ninguém descobria sua origem.

As filhas do casal Fox, Margareth e Kate e ainda a mais velha, Lia, casada, eram médiuns. Kate, de 11 anos, no dia 31 de março de 1848, quando as pancadas (em inglês chamadas “raps”) se tornaram mais persistentes e fortes, resolveu desafiar o mistério, travando-se um diálogo com o que todos julgavam fosse o diabo:

— “Senhor Pé-rachado, faça o que eu faço, batendo palmas”.

Imediatamente se ouviram pancadas, em número igual ao das palmas. A sra. Margareth, animada, disse, por sua vez:

— “Agora faça exatamente como eu. Conte um, dois, três, quatro.”

Logo se fizeram ouvir as pancadas correspondentes.

— “É um espírito?”, perguntou, em seguida. “Se for, dê duas batidas.”

A resposta, afirmativa, não se fez esperar.

— “Se for um espírito assassinado, dá duas batidas. Foi assassinado nesta casa?”

Duas pancadas estrepitosas se fizeram ouvir.

Estabelecera-se assim, naquele memorável 31 de março de 1848, a telegrafia_espiritual e hoje, em Lily Dale, no Estado de Nova lorque, a tosca cabana é admirada como relíquia histórica e uma placa assinala a data considerada a do nascimento do Novo Espiritualismo.

Um vizinho dos Fox, de nome Duesler, usando o alfabeto para obter respostas mais rápidas, conseguiu saber:

* o nome do assassino (o sr. Bell),
* o móvel do crime (roubo do dinheiro e coisas do assassinado, um mascate, Charles B. Rosma ou Joseph Ryan),
* o local (o quarto leste da casa),
* a data (havia 5 anos, à meia noite de uma terça-feira)
* e o modo como se dera o crime (a golpes de faca de açougueiro, na garganta, sendo o corpo levado para a adega).

Graças ao depoimento de Lucrécia Pelves, criada dos Bell, Davi Fox e outros desceram à adega, onde cavaram, encontrando tábuas, alcatrão, cal e cabelos humanos, bem como utensílios do mascate. Seu corpo, todavia, só apareceu em 1904 (56 anos depois), quando uma parede da casa ruiu, assustando crianças que brincavam perto e deixando a descoberto o esqueleto do morto, inclusive uma lata, de seu uso, hoje ainda guardada em Hydesville.

Assim, os fatos vieram confirmar a estranha denúncia de um morto, que saía das trevas para relatar a ação criminosa de que fora vítima, há anos.

Entretanto, é preciso considerar o episódio em suas verdadeiras finalidades, porque inúmeros crimes semelhantes se dão e nem por isso as vítimas os denunciam, de modo semelhante. Nem a finalidade da comunicação era a punição do culpado (que disso se encarregam, sempre, as leis divinas), porque à pergunta sobre se o assassino podia ser punido pela lei, se podia ser levado ao Tribunal, nenhuma resposta foi dada.

É para unir a humanidade e convencer as mentes céticas da imortalidade_da_alma”, disseram os Espíritos; era de fato o início de um movimento de caráter quase universal, tendente a despertar a Humanidade para a vida espiritual, que seria revelada, pouco depois, pela Codificação da Doutrina_Espírita, tarefa gigantesca a ser realizada pelo grande missionário AIlan_Kardec.

“Era como uma núvem psíquica, descendo do alto e se mostrando nas pessoas sucetíveis”, escreve A. Conan Doyle, em sua “História do Espiritismo”, porquanto os fatos insólitos (1), os “raps”, produzidos pelos espíritos batedores, se multiplicavam, despertando consciências através de mensagens apropriadas.

Grande número de adeptos das novas crenças fizeram realizar em Rochester, na Sala Coríntia (Corinthian HaIl) a primeira reunião pública, para exame e debate dos fatos, nomeando-se comissões para investigar sua veracidade. Nada menos de três tiveram de os confirmar.

Figuras notáveis dos Estados Unidos reconheceram a veracidade dos fenômenos, que honestamente não podiam negar: o Governador Tallmadge e o Juiz Edmons, cuja filha Laura se tornou depois médium notável de xenoglossia (mediunidade poliglota).

Entretanto, a reação das trevas foi grande, graças, sobretudo, ao meio intolerante em que se davam os fenômenos, numa sociedade de protestantes e numa época de obscuridade. As irmãs Fox, certa vez, quase foram linchadas no teatro, que tiveram de deixar às escondidas.

Muito sofreram os médiuns, por meio dos quais, como sabemos, realizam-se os fenômenos e as irmãs Fox não constituiriam exceção.

Contudo, diz o Prof. José Jorge, no opúsculo “Dos RAPS de Hydesville até Allan Kardec”: “Cumpre consignar aqui a envergadura moral do casal Fox que, contrariados e perseguidos pela Igreja Metodista a que pertenciam, preferiram de lá ser expulsos, a negar os fenômenos espíritas, ou a abdicar da verdade de que foram testemunhas”.

Como queriam os Espíritos, o acontecimento repercutiria na Europa, despertando as consciências e, ao lado dos fenômenos das “Mesas Girantes”, prepararia o advento do ESPIRITISMO.

Esses fenômenos se transformaram em moda e passa-tempo. Em conseqüência, foram freqüentemente acolhidos com grande incredulidade, mas atraíram também a atenção dos homens de ciência, que se puseram a observar e estudar seriamente a fenomenologia mediúnica, descartando rapidamente a hipótese de fraudes.

Entre eles figura Hippolyte Rivail, que mais tarde adotaria o pseudônimo de Allan Kardec.

Foi em 1854 que ele ouviu falar das mesas girantes e das manifestações inteligentes. Cético de início adotou, entretanto, uma atitude correta ao aceitar assistir às experiências, empreendendo depois seus sérios estudos do Espiritismo. Sem nunca elaborar uma teoria preconcebida ou prematura, aplicou o método experimental pela observação rigorosa e meticulosa dos fenômenos.

Analisando não somente o aspecto externo dos fenômenos, mas também o teor muito coerente das melhores comunicações recebidas, ele aplicou o princípio da causalidade: os efeitos inteligentes devem ter uma causa inteligente. Esta causa inteligente definiu a si mesma como sendo um espírito, ou princípio_inteligente dos seres humanos, sobrevivendo à morte que não é senão a destruição do corpo físico.

Allan Kardec rapidamente descartou a infalibilidade dos espíritos, que não sabem mais do que quando estavam encarnados entre os humanos. Não é por estarem mortos que devem tudo saber. Todavia, constatou que alguns dentre eles possuíam um nível intelectual e moral bem acima da média terrestre, que "se exprimiam sem alegorias, e davam às coisas um sentido claro e preciso que não pudesse estar sujeito à uma falsa interpretação."[9 questão 1010] Além disso, seus ensinamentos lógicos clareavam, confirmavam e sancionavam por provas o texto das escrituras sagradas e noções filosóficas por vezes muito antigas. Os fenômenos sendo naturais e universais, remontam à noite dos tempos.

Por um trabalho de observação e análise metódica, multiplicando as fontes (50.000 mensagens) e os médiuns, comparando as mensagens e passando-as sob o crivo da razão e do bom senso, Allan Kardec organizou e tirou os ensinamentos dos espíritos, e os publicou em 18 de Abril de 1857 no "O Livro dos Espíritos".

A Doutrina Espírita não é uma concepção pessoal de Allan Kardec. Ele não é nem "fundador' nem "papa" do Espiritismo, mas "Codificador da Doutrina Espírita". Seguindo o mesmo princípio, entre 1857 e 1869, ano de sua desencarnação, Allan Kardec completou "O Livro dos Espíritos" por outras obras, que são: As obras básicas.

Outros homens de ciência igualmente estudaram esta fenomenologia, desafiando, por vezes, a conspiração do silêncio e mesmo o descrédito das ciências "oficiais" e suas academias.

A Sociedade Dialética de Londres nomeou uma comissão em 1869 para fazer a verificação dos fenômenos espíritas. Dezoito meses mais tarde, esta comissão reconheceu sua autenticidade.

Depois, em 1882, a Sociedade de Pesquisas Psíquicas (S.P.R.) de Cambridge estudou numerosos fenômenos, entre os quais várias centenas de casos de aparições, publicando regularmente o relatório de suas atividades (proceedings). Frederic Myers, psicólogo, aí participa no estudo do fenômeno da telepatia, qualificada de "fato incontestável".

Por causa da intolerância das academias oficiais, o Doutor Paul Gibier, membro da S.P.R., teve de abandonar sua pátria, e se tornou diretor do Instituto Pasteur em New York.

A História das Ciências nos dá numerosos exemplos de descobertas que necessitaram de um longo período de lutas para vencer a resistência e mesmo a oposição da maioria ancorada às idéias em vigor.

No século XX, o Espiritismo conheceu um desenvolvimento importante no Brasil onde hoje mais de uma dezena de milhões de Espíritas freqüentam mais de 5500 associações. Os Espíritas pertencem a todas as classes sociais, dos mais modestos aos mais intelectuais. Há associações espíritas nas favelas, no meio dos operários, nas universidades, entre os médicos, psicólogos, psiquiatras, profissionais da comunicação, filósofos, militares, etc. Numerosas obras complementares cobrindo todos os aspectos da pesquisa e das aplicações da doutrina espírita têm sido publicadas.

Certamente o Espiritismo conheceu um desenvolvimento mais lento nos países industrializados, onde as tradições religiosas, a indiferença dos homens e seu apego às coisas materiais são mais fortes.

Os Espíritos o haviam pressentido afirmando que « Seria conhecer bem pouco os homens, pensar que uma causa qualquer pudesse transformá-los como por encanto. As idéias modificam-se pouco a pouco, conforme os indivíduos, e são necessárias gerações para apagar completamente traços de velhos hábitos. A transformação pode operar-se então apenas a longo prazo, gradualmente e passo a passo; em cada geração, uma parte do véu se dissipa; o Espiritismo o vem romper completamente; mas no entanto, se tivesse por efeito corrigir um só defeito que fosse em um homem, isso já seria um passo que teria dado, e por isso mesmo um grande bem, porque esse primeiro passo tornaria os outros mais fáceis. »

Na Europa e nos Estados Unidos, o longo período de desenvolvimento industrial desemboca atualmente em uma espécie de desencantamento e em um período de crise e se denota uma recuperação do interesse para as questões espirituais. Nos meios científicos, a Nova Gnose (Princeton), nascida nos anos 70, se vê religiosa no seu espírito, de resto estritamente científico.

No meio médico, o magnetismo animal retorna com força, como também as experiências de morte iminente, a acupuntura, a hipnose, etc.

Todavia, é imperativo distinguir os trabalhos sérios daqueles trabalhos com fins comerciais, sensacionalistas, sectários, esotéricos ou provenientes de autores sem conhecimento de causa ou navegando em meio a sofismas.
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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO



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Andrew Jackson Davis

Grande médium norte-americano, semi-analfabeto e sem cultura, mostrava grande inteligência sob ação dos espíritos.
Considerando a obra de Emmanuel Swedenborg como uma antecipação doutrinária do Espiritismo em seu aspecto histórico, temos forçosamente que estabelecer uma ligação entre ela e a obra do médium norte-americano Andrew Jackson Davis. Enquanto Swedenborg era um sábio, Davis era semi-analfabeto, "fraco de corpo e mentalmente pobre", como nos informa Sir Arthur Conan Doyle. Apesar dessa contradição, Davis foi o continuador de Swedenborg e o precursor americano do Espiritismo. E esse fato é tão mais importante exatamente por essa contradição. Ela nos demonstra, com absoluta clareza, que o espírito domina a matéria e que o próprio conceito científico fica abalado diante do impacto das manifestações espíritas.
Andrew Jackson Davis está distante de Emmanuel Swedenborg não apenas no espaço e no plano mental. Há entre eles a distância exata de um século e, além dessa distância temporal, há também a que já mencionamos acima, no plano da cultura intelectual. Vejamos um fato curioso:

* Swedenborg desenvolve seus poderes mediúnicos em abril de 1744
* e Davis, em março de 1844.

De um a outro saltamos exatamente de meados do século 18 a meados do 19. Mas não damos esse salto sozinhos, uma vez que o espírito de Swedenborg nos acompanha. Vamos saber um pouquinho mais sobre a vida humilde e simples de Davis.
Andrew Jackson Davis nasceu em 11 de agosto de 1826, num pequeno distrito de Nova York, e desencarnou em 1910, aos 84 anos de idade. Consta que sua mãe era uma pessoa vulgar, inculta e supersticiosa, enquanto seu pai era um alcoólatra, tendo Davis recebido uma educação bastante elementar. Nos últimos anos de sua infância, começaram a se desenvolver seus poderes psíquicos, passando a ouvir vozes gentis que lhe davam bons conselhos. Simultaneamente, ele teve desenvolvida, além da clariaudiência, a clarividência.

Mas Davis não está ligado apenas a Swedenborg. Ele se apresenta na história do Espiritismo como um poderoso elo mediúnico que sustenta a unidade do processo doutrinário. No passado, ele se liga com o vidente sueco, mas no futuro vai se ligar com as irmãs Fox e com Kardec. Quatro anos depois do encontro com Swedenborg, vemos Davis escrever em seu diário as anotações referentes à voz que lhe anuncia os fatos de Hydesville.

Como estes fatos se ligam diretamente ao trabalho de Kardec, Davis também se liga a esse trabalho. Entretanto, a falta de visão do conjunto tem levado muitas pessoas a considerarem Davis um caso à parte. Chegou-se mesmo a propor a tese da existência de um "Espiritismo americano" iniciado por Davis, em oposição ao "Espiritismo europeu" de Allan Kardec...

Durante dois anos continuou ditando os segredos da natureza, que foram compilados no livro Filosofia Harmônica, que teve mais de 40 edições nos Estados Unidos. A esta série seguiu-se mais uma, no final de sua vida, com o livro Revelações Divinas da Natureza, no qual prevê o aparecimento do Espiritismo como doutrina e prática mediúnica. É preciso considerar que Davis deixara o banco de sapateiro, sua profissão, dois anos antes e que ele, quando em estado normal, continuava totalmente ignorante e muito lento de entendimento e inteligência.

A fôrça profética de Davis apenas pode ser desconhecida pelos cépticos que ignoram os fatos. Antes de 1856 profetizou detalhadamente o aparecimento do automóvel e da máquina de escrever. Em seu livro “Penetralia” lê-se o seguinte:

* Pergunta: “Poderá o utilitarismo lazer descobertas em outra direção da locomoção?”
— “Sim: buscam-se nestes dias carros e transportes coletivos que correrão por estradas rurais — sem cavalos, sem vapor, sem qualquer fôrça natural visível — movendo-se com alta velocidade e com muito mais segurança do que atualmente. Os veículos serão acionados por uma estranha, bonita e simples mistura de gases aquosos e atmosféricos — tão facilmente condensados, tão simplesmente inflamados e tão ligados à máquina, que de certo modo se assemelha às nossas, que ficarão ocultos e serão manejados entre as rodas da frente. Tais veículos aqui terão muitos embaraços atualmente experimentados pela gente que vive em regiões pouco povoadas. O primeiro requisito para essas locomotivas de chão serão boas estradas, nas quais, com a sua máquina, sem cavalos, a gente pode viajar com muita rapidez embora esses carros me parecem de construção pouco complicada”.
*

A seguir perguntaram:
— “Percebe algum plano que permita acelerar a maneira de escrever?”
— “Sim. Quase me sinto inclinado a inventar um psicógrafo automático, isto é, uma alma escritora artificial. Pode ser construída assim como um piano, com uma série de teclas, cada uma para um som elementar; um teclado mais baixo para fazer uma combinação e um terceiro para uma rápida recombinação. Assim, em vez de se tocar uma peça de música, pode-se escrever um sermão ou um poema.
*

Do mesmo modo, respondendo a uma pergunta relativa ao que era então chamado “navegação atmosférica”, sentiu-se “profundamente impressionado” porque “o mecanismo necessário — para atravessar as correntes de ar, de modo que se possa navegar tão fácil, segura e agradavelmente quanto os pássaros — depende de uma nova força motriz. Essa força virá. Não só acionará a locomotiva sobre os trilhos, e os carros nas estradas rurais, mas também os veículos aéreos que atravessarão o céu, de país para país”.
*

O aparecimento do Espiritismo foi predito nos seus “Princípios da Natureza”, publicados em 1847, onde diz:
“É verdade que os Espíritos se comunicam entre si, quando um está no corpo e outro em esferas mais altas — e, também, quando uma pessoa em seu corpo é inconsciente do influxo e, assim, não se pode convencer do fato. Não levará muito tempo para que essa verdade se apresente como viva demonstração. E o mundo saudará com alegria o surgimento dessa era, ao mesmo tempo que o íntimo dos homens será aberto e estabelecida a comunicação espírita, tal qual a desfrutam os habitantes de Marte, Júpiter e Saturno”.

Desencarnou em 1910, com 84 anos.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Resposta de Allan Kardec aos espíritas de Lyon




Resposta de Allan Kardec a uma mensagem dos espíritas de Lyon
(opúsculo dirigido ao movimento espírita de Lyon, por ocasião do ano novo)

Os desejos de ano novo
(publicado na Revista Espírita, fevereiro de 1862)
Várias centenas de cartas nos foram dirigidas por ocasião do ano novo, e nos foi materialmente impossível responder a cada uma em particular; rogamos, pois, aos nossos honoráveis correspondentes aceitarem aqui a expressão de nossa sincera gratidão, pelos testemunhos de simpatia que consentiram em nos dar. Entre elas, no entanto, há uma que, por sua natureza, pedia uma resposta especial: é a dos espíritas de Lyon, revestida em torno de duzentas assinaturas. Aproveitamo-la para juntar, a seu pedido, alguns conselhos gerais. A Sociedade Espírita de Paris, à qual disso demos conhecimento, tendo julgado que poderia ser útil a todo mundo, não somente nos convidou a publicá-la na Revista, mas a fazer-lhe a impressão separada para ser distribuída a todos os seus membros. Todos aqueles que tiveram o obséquio de nos escrever consintam em tomar sua parte nos sentimentos de reciprocidade que aqui exprimimos, e que se dirigem, sem exceção, a todos os espíritas, franceses e estrangeiros, que nos honram com o título de seu chefe e de seu guia no novo caminho que lhes está aberto. Não é, pois, somente àqueles que nos escreveram, por ocasião do ano novo, que nos dirigimos, mas àqueles que nos dão, a cada instante, provas tão tocantes de seu reconhecimento pela felicidade e pelas consolações que haurem na Doutrina, e que nos levam em conta nossas dificuldades e nossos esforços para ajudar a sua propagação; a todos aqueles, enfim, que pensam que os nossos trabalhos valem alguma coisa na marcha progressiva do Espiritismo.

Resposta ao requerimento dos Espíritas de Lyon por ocasião do ano novo
(publicado na Revista Espírita, fevereiro de 1862)

Meus caros irmãos e amigos de Lyon,
O requerimento coletivo que consentis em me enviar, por ocasião do ano novo, causou-me bem viva satisfação, provando-me que conservais uma boa lembrança de mim; mas o que me deu mais prazer nesse ato espontâneo de vossa parte foi encontrar, entre as numerosas assinaturas que ali figuram, representantes de quase todos os grupos, porque é um sinal da harmonia que reina entre eles. Estou feliz em ver que compreendestes perfeitamente o objetivo desta organização da qual já podeis apreciar os resultados, porque deve estar evidente agora, para vós, que uma Sociedade única teria sido quase impossível.

Eu vos agradeço, meus bons amigos, pelos votos que formulais por mim; eles me são tanto mais agradáveis quanto sei que partem do coração, e são aqueles que Deus escuta. Ficai, pois, satisfeitos, porque Ele os atende cada dia, dando-me a alegria inaudita no estabelecimento de uma nova doutrina, de ver aquela a que me devotei crescer e prosperar, enquanto vivo, com uma maravilhosa rapidez. Considero como um grande favor do céu ser testemunha do bem que ela já fez.
Esta certeza, da qual recebo diariamente os mais tocantes testemunhos, me paga com usura todas as minhas dificuldades e todas as minhas fadigas; não peço a Deus senão uma graça, que é a de me dar a força física necessária para ir até o fim de minha tarefa, que está longe de ser terminada; mas, o que quer que ocorra, terei sempre o consolo de estar seguro de que a semente das idéias novas, agora difundida por toda parte, é imperecível; mais feliz do que muitos outros, que não trabalharam senão para o futuro, foi-me dado ver-lhe os primeiros frutos. Se uma coisa lamento, é que a exigüidade de meus recursos pessoais não me permita pôr em execução os planos que concebi para o seu adiantamento ainda mais rápido; mas se Deus, em sua sabedoria, acreditou dever isso decidir de outro modo, legarei esses planos aos meus sucessores que, sem dúvida, serão mais felizes.

Apesar da penúria dos recursos materiais, o movimento que se opera na opinião superou toda esperança; crede bem, meus irmãos, que nisso vosso exemplo não terá sido sem influência. Recebei, pois, nossas felicitações pela maneira pela qual sabeis compreender e praticar a Doutrina. Sei o quanto são grandes as provas que muitos dentre vós tereis que suportar; só Deus lhes conhece o fim neste mundo; mas também que força a fé no futuro dá contra a adversidade! Oh! lamentai aqueles que crêem no nada depois da morte, porque para eles o mal presente não tem compensação. O incrédulo infeliz é como o doente que não espera nenhuma cura; o Espírita, ao contrário, é como aquele que está doente hoje e que sabe que amanhã estará bem.
Pedis a mim para vos continuar com meus conselhos; eu os dou de boa vontade àqueles que crêem deles ter necessidade e que os reclamam; mas não os dou senão àqueles; aos que pensam deles saber bastante e poder abster-se das lições da experiência, nada tenho a dizer, senão que desejo que não tenham a se lamentar um dia por terem muito presumido de suas próprias forças. Essa pretensão, aliás, acusa um sentimento de orgulho, contrário ao verdadeiro espírito do Espiritismo; ora, pecando pela base, provam só por isso que se afastam da verdade. Não sois desse número, meus amigos, e é por isso que aproveito a circunstância para vos dirigir algumas palavras que vos provarão que, de longe como de perto, estou inteiramente ao vosso dispor.

No ponto em que hoje as coisas estão, e ao ver a marcha do Espiritismo através dos obstáculos semeados sobre o seu caminho, pode-se dizer que as principais dificuldades estão vencidas; ele tomou seu lugar e está assentado sobre bases que desafiam, doravante, os esforços de seus adversários. Pergunta-se como uma doutrina que nos torna felizes e melhores, pode ter inimigos; isso é muito natural: o estabelecimento das melhores coisas, no começo, fere sempre interesses; não foi assim com todas as invenções e descobertas que fizeram revolução na indústria? As que hoje são olhadas como benefícios, sem as quais não se poderia mais se passar, não tiveram inimigos obstinados? Toda lei que reprime os abusos não tem contra si aqueles que vivem dos abusos? Como quereríeis que uma doutrina que conduz ao reino da caridade efetiva não seja combatida por todos aqueles que vivem do egoísmo; e sabeis o quanto são estes numerosos sobre a Terra!

No princípio, esperaram matá-la pela zombaria; hoje vêem que essa arma é impotente, e que sob o fogo constante dos sarcasmos continuou seu caminho sem tropeçar; não credes que eles irão se confessar vencidos; não, o interesse material é mais tenaz; reconhecendo que é uma força com a qual, doravante, é preciso contar, vão lhe travar assaltos mais sérios, mas que não servirão senão para melhor provar sua fraqueza. Uns atacarão abertamente, em palavras e em ações, e a perseguirão até na pessoa de seus adeptos, que tentarão desencorajar à força de tormentos, ao passo que outros, ocultamente e por caminhos deturpados, procurarão miná-la surdamente. Tende, pois, por advertidos de que a luta não terminou. Estou prevenido de que vão tentar um supremo esforço; mas não tenhais medo; a garantia do sucesso está nesta divisa, que é a de todos os verdadeiros Espíritas: Fora da caridade não há salvação. Arvorai-a claramente, porque ela é a cabeça de Medusa para os egoístas.

A tática já usada pelos inimigos dos Espíritas, mas que vão empregar com um novo ardor, é a de tentar dividi-los, criando sistemas divergentes e suscitando entre eles a desconfiança e a inveja. Não vos deixeis prender na armadilha, e tende por certo que quem procura, por um meio qualquer que seja, romper a boa harmonia, não pode ter uma boa intenção. É por isso que vos convido a colocardes a maior circunspecção na formação de vossos grupos, não somente para vossa tranqüilidade, mas no próprio interesse de vossos trabalhos.

A natureza dos trabalhos espíritas exige a calma e o recolhimento; ora, não há recolhimento possível se se distrai por discussões e a expressão de sentimentos malévolos. Não haverá sentimentos malévolos, se houver fraternidade; mas não pode aí haver fraternidade com egoístas, ambiciosos e orgulhosos. Com orgulhosos que se melindram e se ofendem com tudo, ambiciosos que estarão frustrados se não tiverem a supremacia, egoístas que não pensam senão neles, a discórdia não pode tardar a se introduzir e, daí, a dissolução. É o que querem nossos inimigos, e é o que procurarão fazer. Se um grupo quer estar em condições de ordem, de tranqüilidade e de estabilidade, é preciso que nele reine um sentimento fraternal. Todo grupo ou sociedade que se forma sem ter a caridade efetiva por base, não tem vitalidade; ao passo que aqueles que serão fundados segundo o verdadeiro espírito da Doutrina se olharão como os membros de uma mesma família, que, não podendo todos habitar sob o mesmo teto, moram em lugares diferentes. A rivalidade entre eles seria um contra-senso; ela não poderia existir ali onde reina a verdadeira caridade, porque a caridade não pode se entender de duas maneiras. Reconhecereis, pois, o verdadeiro Espírita pela prática da caridade em pensamentos, em palavras e em ações, e dizei-vos que, quem nutre em sua alma sentimentos de animosidade, de rancor, de ódio, de inveja ou de ciúme mente a si mesmo se pretende compreender e praticar o Espiritismo.

O egoísmo e o orgulho matam as sociedades particulares, como matam os povos e a sociedade em geral. Lede a história, e vereis que os povos sucumbem sob o amplexo desses dois mortais inimigos da felicidade dos homens. Quando se apoiarem sobre as bases da caridade, serão indissolúveis, porque estarão em paz entre eles e com eles próprios, cada um respeitando os direitos e os bens de seu vizinho. É a era nova predi-ta, da qual o Espiritismo é o precursor, e pela qual todo espírita deve trabalhar, cada um em sua esfera de atividade. É uma tarefa que lhes incumbe, e da qual serão recompensados segundo a maneira que a terão cumprido, porque Deus saberá distinguir aqueles que não terão procurado no Espiritismo senão a sua satisfação pessoal, daqueles que terão, ao mesmo tempo, trabalhado pela felicidade de seus irmãos.

Devo ainda vos assinalar uma outra tática de nossos adversários, que é a de procurar comprometer os espíritas, impelindo-os a se afastarem do verdadeiro objetivo da Doutrina, que é o da moral, para abordarem questões que não são de sua alçada, e que poderiam, a justo título, despertar suscetibilidades sombrias.
Não vos deixeis, não mais, vos prender nesta armadilha; afastai com cuidado, em vossas reuniões, tudo o que tem relação com a política e com questões irritantes; as discussões sobre esse assunto não levariam a nada senão a vos suscitar embaraços, ao passo que ninguém pode achar de censurar a moral quando ela é boa। Procurai, no Espiritismo, o que pode vos melhorar, está aí o essencial; quando os homens forem melhores, as reformas sociais, verdadeiramente úteis, lhe serão a conseqüência muito natural; trabalhando para o progresso moral, possuireis os verdadeiros e os mais sólidos fundamentos de todos os melhoramentos, e deixais a Deus o cuidado de fazer as coisas chegarem a seu tempo. Oponde, pois, no próprio interesse do Espiritismo que é ainda jovem, mas que amadurece depressa, uma inabalável firmeza àqueles que procurarem vos arrastar num caminho perigoso.


Tendo em vista o descrédito do Espiritismo, alguns pretendem que ele vai destruir a religião. Sabeis, muito ao contrário, uma vez que a maioria entre vós que acreditáveis com dificuldade em Deus, e em sua alma, nisso crêem agora; que não sabiam o que era orar, e que oram com fervor; que não punham mais os pés nas igrejas, e que ali vão com recolhimento. Aliás, se a religião devesse ser destruída pelo Espiritismo, seria destrutível e o Espiritismo seria mais poderoso; dizê-lo seria uma imperícia, porque isso seria confessar a fraqueza de uma e a força do outro.

O Espiritismo é uma doutrina moral que fortalece os sentimentos religiosos em geral e se aplica a todas as religiões; ele é de todas, e não é de nenhuma em particular; é por isso que não diz a ninguém para mudá-la; deixa cada um livre para adorar a Deus à sua maneira, e observar as práticas que a sua consciência lhe dita, tendo Deus mais em conta a intenção do que o fato. Ide, pois, cada um nos templos de vosso culto, e provai com isso que o taxam de impiedade ou de calúnia.

Na impossibilidade material em que estou de manter relações com todos os grupos, peço a um de vossos confrades consentir em me representar, mais especi-almente em Lyon, como o fiz alhures; foi o Sr. Villon, cujo zelo e devotamento vos são conhecidos, tão bem quanto a pureza de seus sentimentos. Sua posição independente lhe dá, além disso, mais lazer para a tarefa que consentiu de se encarregar; tarefa pesada, mas diante da qual não recuará. O grupo que formou em sua casa o foi sob meus auspícios e segundo minhas instruções, quando de minha última viagem; nele encontrareis excelentes conselhos e salutares exemplos. Verei, pois, com uma viva satisfação, todos aqueles que me honrarem com a sua confiança e nela se unirem como a um centro comum. Se alguns querem se apartar, guardai-vos de vê-los com maus olhos; se vos atiram a pedra, não a recolhais, nem a devolvais: entre eles e vós Deus será o juiz dos sentimentos de cada um. Que aqueles que crerem estar na verdade com a exclusão dos outros provem-no por uma maior caridade e uma maior abnegação do amor-próprio, porque a verdade não poderia estar do lado daquele que falta ao primeiro preceito da Doutrina. Se estais na dúvida, fazei sempre o bem: os erros do Espírito pesam menos na balança de Deus do que os erros do coração.

Repetirei aqui o que disse em outras ocasiões: em caso de divergência de opinião, há um meio fácil para sair da incerteza, é o de ver a que mais liga os partidários, porque há nas massas um bom senso inato que não poderia se enganar. O erro não pode seduzir senão alguns Espíritos cegos pelo amor-próprio e um falso julgamento, mas a verdade acaba sempre por se impor; tende, pois, por certo que ela abandona as classes que se esclarecem, e que há uma obstinação irracional em crer que um só tem razão contra todos. Se os princípios que eu professo não encontrassem senão alguns ecos isolados, e se fossem repelidos pela opinião geral, eu seria o primeiro a reconhecer que pude me enganar; mas vendo crescer, sem cessar, o número dos adeptos, em todas as classes da sociedade, e em todos os países do mundo, devo crer na solidez da base em que repousam; é por isso que vos digo, com toda a segurança, para marchardes com passo firme no caminho que vos está traçado; dizei aos vossos antagonistas que, se querem que os sigais, vos ofereçam uma doutrina mais consoladora, mais clara, mais inteligível, que melhor satisfaça à razão, e que seja, ao mesmo tempo, uma melhor garantia para a ordem social; frustrai, pela vossa união, os cálculos daqueles que quereriam vos dividir; provai, enfim, pelo vosso exemplo, que a Doutrina nos torna mais moderados, mais brandos, mais pacientes, mais indulgentes, e isso será a melhor resposta a dar aos seus detratores, ao mesmo tempo em que a visão de seus resultados benfazejos é o mais poderoso meio de propaganda.

Eis, meus amigos, os conselhos que vos dou e aos quais junto meus votos para o ano que começa. Não sei quais provas Deus nos destina para este ano, mas sei que, quaisquer que sejam, vós a suportareis com firmeza e resignação, porque sabeis que, para vós como para o soldado, a recompensa é proporcional à coragem.
Quanto ao Espiritismo, pelo qual vos interessais mais do que por vós mesmos, e do qual, pela minha posição, posso julgar, melhor do que ninguém, os progressos, estou feliz em vos dizer que o ano se abre sob os auspícios mais favoráveis, e que verá, sem nenhuma dúvida, o número dos adeptos crescer numa proporção impossível de se prever; ainda alguns anos como os que vêm de se escoar, e o Espiritismo terá por ele os três quartos da população. Deixai-me vos citar um fato entre mil.

Num departamento vizinho de Paris, há uma pequena cidade onde o Espiritismo penetrou há seis meses apenas. Em algumas semanas, tomou um desenvolvimento considerável; uma oposição formidável foi logo organizada contra os seus partidários, ameaçando mesmo seus interesses privados; tudo enfrentaram com uma coragem, um desinteresse dignos dos maiores elogios; entregaram-nos à Providência, e a Providência não lhes faltou.

Essa cidade conta com uma população operária numerosa, na qual as idéias espíritas, graças à oposição que se lhe fez, fazem luz rapidamente; ora, um fato digno de nota é que as mulheres, as jovens esperaram seus presentes para se proporcionarem as obras necessárias à sua instrução, e foi por centenas que uma livraria foi encarregada de expedi-las só nessa cidade. Não é prodigioso ver simples operários reservarem suas economias para comprar livros de moral e de filosofia, antes que romances e bagatelas? Homens preferirem essa leitura às alegrias barulhentas e embrutecidas do cabaré? Ah! é que esses homens e essas mulheres, que sofrem como vós, compreendem agora que não é neste mundo que a sua sorte se cumpre; a cortina se levanta e eles entrevêem os esplêndidos horizontes do futuro. Essa pequena cidade é Chauny, no departamento do Aisne.

Novas crianças na grande família, vos saúdam, irmãos de Lyon, como mais velhos, e formam doravante um dos anéis da corrente espiritual que já une Paris, Lyon, Metz, Sens, Bordeaux e outras, e que logo ligará todas as cidades do mundo num sentimento de mútua confraternização; porque por toda parte o Espiritismo lançou sementes fecundas, e seus filhos já se estendem as mãos acima das barreiras dos preconceitos de seitas, de castas e de nacionalidades.

Vosso muito devotado irmão e amigo,
Allan Kardec.

A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO (1ºPARTE)


A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO (1ºPARTE)

- A História de Swedenborg

É impossível fixar uma data para as primeiras aparições de uma fôrça inteligente exterior, de maior ou menor elevação, influindo nas relações humanas. Os espíritas tomaram oficialmente a data de 31 de março de 1848 como o comêço das coisas psíquicas, porque o movimento foi iniciado naquela data. Entretanto não há época na história do mundo em que não se encontrem traços de interferências preternaturais e o seu tardio reconhecimento pela humanidade. A única diferença entre êsses episódios e o moderno movimento é que aquêles podem ser apresentados como casos esporádicos de extraviados de uma esfera qualquer, enquanto os últimos têm as características de uma invasão organizada. Como, porém, uma invasão poderia ser precedida por pioneiros em busca da Terra, também o influxo espírita dos últimos anos poderia ser anunciado por certo número de incidentes, susceptíveis de verificação desde a Idade Média e até mais para trás. Uma data deve ser fixada para início da narrativa e, talvez, nenhuma melhor que a da história do grande vidente sueco Emmanuel Swedenborg, que possui bons títulos para ser considerado o pai do nosso novo conhecimento dos fenômenos supra­normais.

Quando os primeiros raios do sol nascente do conhecimento espiritual caíram sôbre a Terra, iluminaram a maior e a mais alta inteligência humana, antes que a sua luz atingisse homens inferiores. O cume da mentalidade foi o grande reformador e médium clarividente, tão pouco conhecido por seus prosélitos, qual foi o Cristo.

Para compreender completamente um Swedenborg é preciso possuir-se um cérebro de Swedenborg; e isto não se encontra em cada século. E ainda, pela nossa fôrça de comparação e por nossa experiência dos fatos desconhecidos para Swedenborg, podemos compreender, mais claramente do que êle, certas passagens de sua vida. O objeto do presente estudo não é tratar o homem como um todo, mas procurar situá-lo no esquema geral do desdobramento psíquico aqui abordado, do qual a sua própria Igreja, na sua estreiteza, o impediria.

Swedenborg era, sob certos aspectos, uma viva contradição para as nossas generalizações psíquicas, porque se costuma dizer que as grandes inteligências esbarram no caminho da experiência psíquica pessoal. Uma lousa limpa é, por certo, mais apta para nela escrever-se uma mensagem. O cérebro de Swedenborg não era uma lousa limpa, mas um emaranhado de conhecimentos exatos de susceptível aquisição naquele tempo. Nunca se viu tamanho amontoado de conhecimentos. Êle era, antes de mais nada, um grande engenheiro de minas e uma autoridade em metalurgia. Foi o engenheiro militar que mudou a sorte de uma das muitas campanhas de Carlos 12, da Suécia. Era uma grande autoridade em Física e em Astronomia, autor de importantes trabalhos sôbre as marés e sôbre a determinação das latitudes. Era zoologista e anatomista. Financista e político, antecipou-se as conclusões de Adam Smith. Finalmente, era um profundo estudioso da Bíblia, que se alimentara de teologia com o leite materno e viveu na austera atmosfera evangélica alguns anos de vida. Seu desenvolvimento psíquico, ocorrido aos vinte e cinco anos, não influiu sôbre a sua atividade mental e muitos de seus trabalhos científicos foram publicados após essa data.

Com uma tal mentalidade, é muito natural que fôsse chocado pela evidência das fôrças supranormais, que surgem no caminho de todo pensador, mas o que não é natural é que devesse êle ser o médium para tais fôrças. Em certo sentido a sua mentalidade lhe foi prejudicial e lhe adulterou os resultados, pôsto que, de outro lado, lhe tivesse sido de grande utilidade. Para o demonstrar basta considerar os dois aspectos sob os quais o seu trabalho pode ser encarado.

O primeiro é o teológico. Á maioria das pessoas que não pertencem ao rebanho escolhido afigura-se o lado inútil e perigoso de seu trabalho.

* Por um lado, aceita a Bíblia como sendo, de modo muito particular, uma obra de Deus;
* por outro lado, sustenta que a sua verdadeira significação é inteiramente diferente de seu óbvio sentido e que êle — e só êle — ajudado pelos anjos, é capaz de transmitir aquêle verdadeiro sentido. Essa pretensão é intolerável. A infalibilidade do Papa seria uma insignificância comparada com a infalibilidade de Swedenborg, se tal fôsse admitido. Pelo menos o Papa é infalível quando profere um veredito em matéria de doutrina excátedra, acolitado por seus cardeais. A infalibilidade de Swedenborg seria universal e irrestrita.

Além disso suas explicações nem ao menos se acomodam à razão. Quando, visando apreender o verdadeiro sentido de uma mensagem de Deus, temos que admitir que um cavalo simboliza uma verdade intelectual, que um burro significa uma verdade científica, uma chama quer dizer melhoramento, e assim por diante com uma infinidade de símbolos, parece que nos encontramos no reino da imaginação, que apenas pode ser comparado com as cifras que alguns críticos engenhosos pretendem ter descoberto nas peças de Shakespeare. Não é assim que Deus manda a Sua verdade a êste mundo. Se tal ponto de vista fôsse aceito, o credo de Swedenborg seria apenas a matriz de mil heresias; regrediríamos e iríamos encontrarnos novamente entre as discussões e os silogismos dos escolásticos medievais. As coisas grandes e verdadeiras são simples e compreensíveis. A teologia de Swedenborg nem é simples nem inteligível. E isto representa a sua condenação.

Entretanto, quando entramos na sua fatigante exegese das Escrituras, onde cada coisa significa algo diferente daquilo que óbviamente significa, e quando chegamos a alguns dos resultados gerais de seu ensino, êles não se acham em desarmonia com o moderno pensamento liberal, nem com o ensino recebido do Outro Lado, desde que se iniciaram as comunicações. Assim, a proposição geral de que êste mundo é um laboratório de almas, um campo de experiências, no qual o material refina o espiritual, não sofre contestação.

* Ele repele a Trindade no seu sentido comum, mas a reconstitui de maneira extraordinária, que também seria impugnada por um Unitário.
* Admite que cada sistema tem a sua finalidade e que a virtude não é privativa do Cristianismo.
* Concorda com o ensino espírita em procurar o verdadeiro sentido da vida de Jesus Cristo no seu poder como exemplo e repele a expiação e o pecado original.
* Vê no egoísmo a raiz de todo o mal e admite como essencial um egoísmo sadio, na expressão de Hegel.
* Quanto aos problemas sexuais, suas idéias são liberais até ao relaxamento.
* Considera a Igreja de absoluta necessidade, sem o que ninguém se entenderia com o Criador.

Em tamanha confusão de idéias, espalhadas a torto e a direito em grandes volumes, escritos num latim obscuro, cada intérprete independente seria capaz de encontrar sua nova religião particular. Mas não é aí que reside o mérito de Swedenborg.

Êsse mérito realmente seria encontrado em suas fôrças_psíquicas e nas suas informações psíquicas, que teriam sido muito valiosas se jamais de sua pena houvesse brotado uma palavra sôbre Teologia. É para essas fôrças e para essas informações que nos voltamos agora.

Ainda menino, Swedenborg teve as suas visões. Mas êsse delicado aspecto de sua natureza foi abafado pela extraordináriamente prática e enérgica idade viril. Entretanto, por vêzes veio ela à tona, em tôda a sua vida e muitos exemplos foram registrados, para mostrar que possuía poderes geralmente chamados "vidência_a_distância”, no qual parece que a alma deixa o corpo e vai buscar uma informação a distância, voltando com notícias do que se passa alhures. Não é uma peculiaridade rara nos médiuns e pode ser comprovada por milhares de exemplos entre os sensitivos espíritas; mas é rara nos intelectuais e também rara quando acompanhada por um estado aparentemente normal do corpo quando ocorre o fenômeno.

Assim, no conhecidíssimo caso de Gothenburg, onde o vidente observou e descreveu um incêndio em Estocolmo, a trezentas milhas de distância, com perfeita exatidão, estava êle num jantar com dezesseis convidados, o que e um valioso testemunho, O caso foi investigado nada menos que pelo filósofo Kant, que era seu contemporâneo.

Não obstante, êsses episódios ocasionais eram meros indícios de fôrças latentes, que desabrocharam sübitamente em Londres, em abril de 1744. É de notar-se que, conquanto o vidente fôsse de boa família sueca e educado entre a lieza sueca, foi nada menos que em Londres que os seus melhores livros foram publicados, que a sua iluminação se iniciou e, finalmente, que morreu e foi sepultado. Desde o dia de sua primeira visão até a sua morte, vinte e sete anos depois, estêve êle em contínuo contato com o outro_mundo. “Na mesma noite — diz de — o mundo dos Espíritos, do céu e do inferno, abriu-se convincentemente para mim, e aí encontrei muitas pessoas de meu conhecimento e de tôdas as condições. Desde então diariamente o Senhor abria os olhos de meu Espírito para ver, perfeitamente desperto, o que se passava no outro mundo e para conversar, em plena consciência, com anjos e Espíritos”.

Em sua_primeira_visão Swedenborg fala de “uma espécie de vapor_que_se_exalava_dos_poros_de_meu_corpo. Era um vapor aquoso muito visível e caia no chão, sôbre o tapête. É uma perfeita descrição daqueles ectoplasmas que consideramos a base dos fenômenos_físicos. A substância foi chamada, também, ideoplasma, porque instantâneamente toma a forma que lhe dá o Espírito. No seu caso, conforme a sua descrição, ela se transformava em vermes, o que representava um sinal de que os seus Guias lhe desaprovavam o regime alimentar e era acompanhada por um aviso pela clarividência, de que devia ser mais cuidadoso a êsse respeito.

Que é que pode fazer o mundo com essa narrativa?

* Dizer que tal homem era um louco; mas, nos anos que se seguiram, sua vida não deu sinais de fraqueza mental.
* Ou podiam dizer que êle mentia. Mas êste era famoso por sua estrita vivacidade. Seu amigo Cuno, banqueiro em Amsterdam, assim dizia dêle: “Quando me olhava, com os sorridentes olhos azuis, era como se êles estivessem falando a própria verdade”.

Seria então auto-sugestionado e honestamente enganado? Temos que enfrentar a circunstância de que, em geral, as observações que fazia eram confirmadas desde então por numerosos observadores dos fenômenos psíquicos. A verdade é que foi o primeiro e, sob vários aspectos, o maior médium, de um modo geral; que estava sujeito a erros tanto quanto aos privilégios decorrentes da mediunidade; que só pelo estudo da mediunidade seus poderes serão compreendidos e que, no esfôrço de o separar do Espiritismo, a sua Nova_Igreja mostrou absoluta incompreensão de seus dons e da posição que a ela cabia no esquema geral da Natureza.

* Como um grande pioneiro do movimento espírita, sua posição tanto é compreensível quanto gloriosa.
* Como uma figura isolada com poderes incompreensíveis, não há lugar para êle em qualquer esquema do pensamento religioso, por mais largamente compreensivo que seja.

É interessante notar que êle considerava os seus poderes intimamente relacionados com o sistema respiratório. Como o ar e o éter nos envolvem, é possível que alguns respirem mais éter do que ar e, assim, alcancem um estado mais etéreo. Sem a menor dúvida é esta uma maneira elementar e grosseira de considerar as coisas. Mas essa idéia se derrama no trabalho de muitas escolas de psiquismo. Lourence Oliphant, que aliás não tinha ligação com Swedenborg, escreveu um livro, Sympneumata, para o provar. O sistema indiano de Ioga, repousa sôbre a mesma idéia. Entretanto, quem quer que tenha visto um médium cair em transe, deve ter notado a característica inspiração de ar com que se inicia o processo e as profundas expirações com que termina. Para a Ciência do futuro aqui está um promissor campo de estudos. Nisto, como em qualquer outro assunto psíquico, é necessário cautela. O autor conheceu muitos casos em que ocorreram lamentáveis resultados que foram a conseqüência de um desavisado emprêgo da respiração profunda nos exercícios psíquicos.

Como a fôrça elétrica, os poderes espirituais têm um emprêgo variado, mas o seu manejo requer conhecimentos e precauções.

Swedenborg resume o assunto dizendo que quando se comunicava com os Espíritos, durante uma hora respirava profundamente, “tomando apenas a quantidade de ar necessária para alimentar os seus pensamentos”. De lado essa peculiaridade, Swedenborg era normal durante as suas visões, conquanto preferisse, na ocasião, estar só. Parece que teve o privilégio de examinar várias esferas do outro mundo e, conquanto as suas idéias sôbre teologia tivessem marcado as suas descrições, por outro lado a sua imensa cultura lhe permitiu excepcional poder de observação e de comparação. Vejamos quais os principais fatos que suas jornadas nos trouxeram e até onde êles coincidem com os que, desde então, têm sido obtidos pelos métodos psíquicos:

* Verificou que o outro mundo, para onde vamos após_a_morte, consiste de várias esferas, representando outros tantos graus de Luminosidade e de felicidade; cada um de nós irá para aquela a que se adapta a nossa condição espiritual. Somos julgados automàticamente, por uma lei espiritual das similitudes; o resultado é determinado pelo resultado global de nossa vida, de modo que a absolvição ou o arrependimento no leito de morte têm pouco proveito.
* Nessas esferas verificou que o cenário e as condições dêste mundo eram reproduzidas fielmente, do mesmo modo que a estrutura da sociedade. Viu casas onde viviam famílias, templos onde praticavam o culto, auditórios onde se reuniam para fins sociais, palácios onde deviam morar os chefes.
* A morte era suave, dada a presença de sêres celestiais que ajudavam os recém-chegados na sua nova existência. Êsses recém-vindos passavam imediatamente por um período de absoluto repouso. Reconquistavam a consciência em poucos dias, segundo a nossa contagem.
* Havia anjos e demônios, mas não eram de ordem diversa da nossa: eram sêres humanos, que tinham vivido na Terra e que ou eram almas retardatárias, como demônios, ou altamente desenvolvidas, como anjos.
*De modo algum mudamos com a morte. O homem nada perde pela morte:
o sob todos os pontos de vista é ainda um homem, conquanto mais perfeito do que quando na matéria.
o Leva consigo não só as suas fôrças, mas os seus hábitos mentais adquiridos, as suas preocupações, os seus preconceitos.
* Tôdas as crianças eram recebidas igualmente, fôssem ou não batizadas. Cresciam no outro mundo; jovens lhes serviam de mães, até que chegassem as mães verdadeiras.
* Não havia penas eternas. Os que se achavam nos infernos podiam trabalhar para a sua saída, desde que sentissem von­tade. Os que se achavam no céu não tinham lugar permanente: trabalhavam por uma posição mais elevada.
* Havia o casamento sob a forma de união espiritual no mundo próximo, onde um homem e uma mulher constituíam uma unidade completa. É de notar-se que Swedenborg jamais se casou.
* Não havia detalhes insignificantes para a sua observação no mundo espiritual. Fala de arquitetura, do artesanato, das flôres, dos frutos, dos bordados, da arte, da música, da literatura, da ciência, das escolas, dos museus, das academias, das bibliotecas e dos esportes. Tudo isso pode chocar as inteligências convencionais, conquanto se possa perguntar por que toleramos coroas e tronos e negamos outras coisas menos materiais.
* Os que saíram dêste mundo velhos, decrépitos, doentes, ou deformados, recuperavam a mocidade e, gradativamente, o completo vigor. Os casais continuavam juntos, se os seus sentimentos recíprocos os atraíam. Caso contrário, era desfeita a união. “Dois amantes verdadeiros não são separados pela morte, de vez que o Espírito do morto habita com o do sobrevivente, até à morte dêste último, quando se encontram e se unem, amando-se mais ternamente do que antes”.

Eis algumas amostras tiradas da massa enorme de informações mandadas por Deus através de Swedenborg. Elas têm sido reiteradas pela bôca e pela pena dos nossos iluminados espíritas. O mundo as desprezou, taxando-as de concepções insensatas. Contudo, êstes novos conhecimentos vão abrindo caminho; quando forem aceitos inteiramente, a verdadeira grandeza da missão de Swedenborg será reconhecida, desde que se ponha de lado a sua exegese bíblica.

A Nova Igreja, fundada para divulgar os ensinos do mestre sueco, converteu-se em elemento negativo, em vez de ocupar o seu verdadeiro lugar, como fonte e origem do conhecimento psíquico. Quando, em 1848, desabrochou o movimento espírita; quando homens como Andrew Jackson Davss o sustentavam através de escritos filosóficos e de poderes psíquicos, que dificilmente se distinguem dos de Swedenborg, a Nova Igreja teria feito bem em saudar êsse desenvolvimento, que coincidia com as indicações de seu chefe. Em vez disso preferiram, por motivos difíceis de compreender, exagerar cada ponto divergente e desconhecer todos os pontos coincidentes, até que os dois corpos fôssem impelidos para o franco antagonismo. Na verdade, todos os espíritas deveriam homenagear Swedenborg, cujo busto era para encontrar-se em cada templo espírita, por ser o primeiro e o maior dos modernos médiuns. Por outro lado, a Nova Igreja deveria afogar as pequenas diferenças e integrar-se de coração no novo movimento, contribuindo as suas igrejas e as suas organizações para a causa comum.

Examinando a vida de Swedenborg é difícil descobrir as causas que levaram os seus atuais sectários a encarar com receio as outras organizações psíquicas. Aquêle fêz então aquilo que estas fazem agora. Falando da morte de Polhem, diz o vidente:

*

“Ele morreu segunda-feira e falou comigo quinta-feira. Eu tinha sido convidado para o entêrro. Ele viu o coche fúnebre e presenciou quando o féretro baixou á sepultura. Entretanto, conversando comigo, perguntou porque o haviam enterrado, se estava vivo. Quando o sacerdote disse que êle se ergueria no Dia do Juízo, perguntou por que isso, se êle já estava de pé. Admirou-se de uma tal coisa, ao considerar que, mesmo agora, estava vivo Isto está perfeitamente concorde com a experiência de um médium atual. Se Swedenborg estava certo, também os médiuns estão.
*

De novo: Brahe foi decapitado ás 10 da manhã e falou comigo ás 10 da noite. Estêve comigo, quase que ininterruptamente, durante alguns dias”.

Tais exemplos mostram que Swedenborg não tinha mais escrúpulos em conversar com os mortos do que o Cristo, quando no monte falou a Moisés e Elias.

Swedenborg havia exposto as suas idéias com muita clareza. Considerando-as, entretanto, há que levar-se em conta a época em que viveu e a sua falta de experiência na direção e nos objetivos da nova revelação. Êsse ponto de vista é que Deus, por bons e sábios propósitos, tinha separado o mundo dos Espíritos do nosso, e que a comunicação não era permitida, salvo razões poderosas — entre as quais não se poderia contar a mera curiosidade. Cada estudante zeloso do psiquismo concordará com isto e cada espírita zeloso opõe-se a que a coisa mais séria do mundo seja transformada numa espécie de passatempo. Sob o império de poderosas razões, nossa razão principal é que numa época de materialismo como Swedenborg jamais imaginou, estamos nos esforçando por provar a existência e a supremacia do Espírito de maneira tão objetiva que os materialistas sejam encontrados e batidos no seu próprio terreno. Seria difícil imaginar uma razão mais forte que esta; entretanto temos o direito de proclamar que, se Swedenborg vivesse agora, seria o chefe do nosso moderno movimento psíquico.

Alguns de seus prosélitos, entre os quais o Doutor Garth Wilkinson, fizeram a seguinte objeção: “O perigo para o homem de falar com os Espíritos é que nós todos estamos ligados aos nossos semelhantes e, estando cheios de maldades, teríamos que enfrentar êsses Espíritos semelhantes, e êles apenas confirmariam o nosso ponto de vista.”

A isto responderemos apenas que, conquanto especioso, está provado pela experiência que é falso. O homem não é naturalmente mau. O homem médio é bom. O simples ato da comunicação espírita, na sua solenidade, desperta o lado religioso. Assim, via de regra, não é a má influência, mas a boa, que é encontrada, como o provam os belos e moralizados registros das sessões. O autor pode dar o testemunho de que em cêrca de quarenta anos de trabalho psíquico, durante os quais assistiu a inúmeras sessões em muitos lugares, jamais, numa única ocasião, ouviu uma palavra obcena ou qualquer mensagem que pudesse ferir os ouvidos da mais delicada mocinha. Outros veteranos espíritas dão o mesmo testemunho. Assim, enquanto é absolutamente certo que os maus Espíritos sejam atraídos para um ambiente mau, na prática atual é muito raro que alguém seja por êles incomodado. Se tais Espíritos aparecerem, o procedimento correto não é repeli-los; é antes conversar razoàvelmente com êles, esforçando-se por que compreendam sua própria condição e o que devem fazer por seu melhoramento. Isto ocorreu muitas vêzes na experiência pessoal do autor, e com os mais felizes resultados. (Ver: Doutrinação)

Algumas informações pessoais sôbre Swedenborg cabem como têrmo a êste ligeiro relato de suas doutrinas. Visa-se, assim, antes de mais nada, indicar a sua posição no esquema geral.

Deve êle ter sido muito frugal, prático e trabalhador; um rapaz enérgico e um velho muito amável. Parece que a vida o converteu numa criatura muito bondosa e venerável. Era plácido, sereno e sempre disposto à conversação, que não descambava para o psiquismo senão quando queria o seu interlocutor. O tema dessas conversas era sempre notável, mas êle se afligia com a gagueira que lhe dificultava a pronunciação. Era alto, delgado, de rosto espiritual, olhos azuis, peruca até os ombros, roupas escuras, calções curtos, fivelas nos sapatos e bengala.

Sustentava Swedenborg que uma densa nuvem se havia formado em redor da Terra, devido à grosseria psíquica da humanidade e que de tempos em tempos havia um julgamento e uma limpeza, assim como a trovoada aclara a atmosfera material. Via que o mundo, já em seus dias, entrava numa situação perigosa, devido à sem-razão das Igrejas por um lado, e a reação contra a absoluta falta de religião, causada por isto. As modernas autoridades em psiquismo, especialmente Vale Owen, falaram dessa nuvem crescente e há uma sensação geral de que o necessário processo de limpeza geral não tardará. (Ver: Psicosfera ambiental)

Uma notícia sôbre Swedenborg, do ponto de vista espírita, não pode ser melhor conduzida do que por estas palavras, extraídas de seu diário: “Tôdas as afirmações em matéria de teologia são, como sempre foram, arraigadas no cérebro e dificilmente podem ser removidas; e enquanto aí estiverem, a verdade genuína não encontrará lugar.” Era êle um grande vidente, um grande pioneiro do conhecimento psíquico e sua fraqueza reside naquelas mesmas palavras que escreveu.

A generalidade dos leitores que quiserem ir mais adiante encontrará os mais característicos ensinos de Swedenborg em suas obras:

* “Céu e Inferno”,
* “A Nova Jerusalém”,
* “Arcana Coelestia”.

Sua vida foi admiravelmente descrita por Garth Wilkinson, Trobridge e Brayley Hodgetts, atual presidente da Sociedade Inglêsa Swedenborg. A despeito de todo o seu simbolismo teológico, seu nome deve viver eternamente como o primeiro de todos os homens modernos que descreveram o processo da morte e o mundo do além, o que não se baseia no vago extático e nas visões impossíveis das velhas Igrejas, mas corresponde atualmente às descrições que nós mesmos obtemos daqueles que se esforçam por nos trazer uma idéia clara de sua nova existência.

[95 - Capítulo: A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO - A História de Swedenborg ]


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