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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Esquecendo as Leis Morais - I





As grandes (esquecidas) Leis Morais - I
“O mundo tenta castigar os que não se conformam” (Ralph Waldo Emerson – escritor americano)

Allan Kardec, nos prolegômenos de O Livro dos Espíritos, diz que os Espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados pela Providência para uma manifestação universal e que, sendo eles os ministros de Deus e os agentes de sua vontade, têm por missão instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a regeneração da humanidade.

Passando-se direto à parte da conclusão, Kardec deduz então que o Espiritismo se apresenta sob três aspectos diferentes : o das manifestações, o dos princípios e o da filosofia e aplicação desses princípios.

A aplicação desses princípios está totalmente demarcada na Parte Terceira do “Livro dos Espíritos “, intitulada “ Das Leis Morais “ .
Quando se quer falar ou conceituar o que possa vir a ser o comportamento espírita, trata-se de negligência qualquer tratado a respeito do assunto que omita essas leis morais.

Ora, é justamente isso o que vem ocorrendo com os periódicos espíritas, encontros de estudo, simpósios, palestras, onde inexistem quaisquer análises dos problemas sociais, econômicos, políticos, do meio-ambiente, da justiça, à luz do Espiritismo. Na verdade para o movimento espírita , tudo já está resolvido; preocupar-se com as mazelas de todo tipo é perda de tempo diante do plano definido pela Providência.

Ou tratam-se de problemas reencarnatórios, ou nada que uma reforma íntima não possa solucionar, trazendo em seguida as tão sonhadas benesses materiais e sociais. Portanto, a parte terceira do L. E. é de uma visível inutilidade, ou material para uma mera especulação filosófica. Resulta daí o fato de problemas do cotidiano não serem abordados pelos analistas espíritas. Quando tentam fazê-lo é de uma forma tão discreta, mas tão discreta, que se torna fluida ao fim da leitura.
Em seguida analisarei alguns fatos recuperando as leis morais: - Paraíso maculado
Navio faz barbeiragem e derrama 700.000 litros de óleo no santuário ecológico de Galápagos. ( Revista Veja 31/01/01).

Vários acidentes desse tipo ocorreram no ano de 2000, pois a negligência e a ganância, associadas a um modo hedonista de vida dos tempos atuais, se sobrepõem a quaisquer cuidados adicionais( com custos maiores) para evitá-los.
Perg. 752 L.E. Poder-se-á ligar o sentimento de crueldade ao instinto de destruição?
R. “É o instinto de destruição no que tem de pior, porquanto, se, algumas vezes, a destruição constitui uma necessidade, com a crueldade jamais se dá o mesmo. Ela resulta sempre de uma natureza má”.

Essa ganância, que se traduz muitas vezes no atendimento a prazeres supérfluos , é cruel com a natureza. Em seu livro “Comportamento Espírita “, Jaci Regis traça um caminho interessante para sabermos que algo é supérfluo. Basta observar se esse algo não é extravagante ( um carro no valor de U$$ 300.000,00 , por exemplo ).
A natureza não se defende, apenas se vinga.

Mas que importância podem ter alguns pelicanos, iguanas e leões-marinhos, se de uma forma ou de outra eles evoluirão necessariamente. Talvez por isso os analistas espíritas deixem o assunto para segundo plano.
- Doença da vaca louca .
A doença da vaca louca, tão em moda, já matou 124 pessoas na Grã-Bretanha. (O Estado de São Paulo - 28/01/01).
A questão é de saúde pública, antes e acima de qualquer outra coisa. A culpa dessa doença, segundo os cientistas , é o uso e o abuso de carnes e ossos de boi na ração de uma animal ruminante. Ração de peixe ainda passa. Ração de sobras bovinas para a própria espécie bovina é um atentado aos códigos de vida, segundo os cientistas.

Acontece que os países ricos e civilizados como Alemanha, França, Suiça e Holanda possuiam sobras colossais, subsidiadas e congeladas há décadas de ração bovina. Ou seja, interesses materialistas se sobrepuzeram à questão da saúde pública.

Perg. 799. De que maneira pode o Espiritismo contribuir para o progresso?
R. “Destruindo o materialismo , que é uma das chagas da sociedade, ele faz que os homens compreendam onde se encontram seus verdadeiros interesses ...”
Os analistas espíritas passam ao largo dessas questões, pois estão absolutamente seguros de que a lei de causa e efeito reencarnatória se incumbirá de colocar as coisas no seu devido lugar.

- O Cerco da Periferia
Os bairros de classe média estão sendo espremidos por um cinturão de pobreza e criminalidade que cresce seis vezes mais que a região central das metrópoles brasileiras. (revista Veja - 24/1/01) .
- O País dos Tributos
Nada é mais enganoso do que a comparação seca das cargas tributárias do Brasil e dos países desenvolvidos. Além de pagar percentualmente mais, em relação ao PIB, do que os outros, menos os europeus ocidentais, o contribuinte brasileiro não recebe os serviços que paga. (editorial de O Estado de São Paulo).

Perg. 806 É lei da natureza a desigualdade das condições sociais?
R. “Não; é obra do homem e não de Deus”.
Perg. 808 A desigualdade das riquezas não se originará da das faculdades , em virtude da qual uns dispõem de mais meios de adquirir bens do que outros?
R. “Sim e não. Da velhacaria e do roubo, que dizes ? “

O filósofo Olavo de Carvalho, a quem se pode acusar de tudo, menos de esquerdista, na Revista Época de 26/02/01, acusa o tucanato de montar a sociedade mais dirigista que se imaginou, onde há regulamentação para tudo. A distribuição de renda é péssima, todavia a arrecadação via salários bate recordes todos os anos. Eu diria que o grande regime vencedor no Brasil foi o fascismo, em sua filosofia de dirigir coletivamente o comportamento humano (CPMF, rodízio de veículos etc) .

Para os analistas espíritas, tratam-se de problemas mundanos, temporais, gotas de água no oceano, grãos de areia no deserto, diante da grandeza e magnitude da obra divina e eterna. Essas pessoas estão se esquecendo de que uma doutrina ou idéias não é tão somente uma teoria que se tem dela, mas os atos e gestos que demonstramos dessa teoria.
Três coisas muito me preocupam, a saber:
- A aceitação contemplativa do mundo (Vide Roberto Shiniashiki, Deepak Chopra).
- A visão consumista e hedonista do mundo (todos os dias elogiados pela mídia interessada no Ibope)
- A abertura total de quaisquer misticismos ao ideário espírita, corrompendo ainda mais a falta de pensamento social do movimento espírita. Um exemplo recente do que acabo de relatar foi o I ENCOESP – Encontro de entidades espíritas no parque Anhembi em São Paulo em Janeiro de 2001.
Era na verdade um Parque Xangai de idéias “espíritas”, alcançando o efeito desejado pela USE/SP, que foi o de ninguém querer ficar fora e com isso não ter os seus 15 minutos de fama. Eles estão rindo até agora!

Roberto Rufo é bacharel em filosofia

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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Episódio 11: A Persistência da Memória 04 ao 06


Episódio 11: A Persistência da Memória 04 ao 06

Cosmos - foi uma série de TV realizada por Carl Sagan e sua esposa Ann Druyan, produzida pela KCET e Carl Sagan Productions, em associação com a BBC e a Polytel International, veiculada na PBS em 1980. A série Cosmos é um dos mais formidáveis exemplos da amplitude e eficácia que a divulgação científica pode atingir por meios audiovisuais, quando servida por uma personalidade carismática como Carl Sagan e por meios técnicos adequados.

A Persistência da Memória -4


A Persistência da Memória -5


Cosmos - A Persistência da Memória -Parte 6


Carl Sagan serie cosmos,Carl Sagan serie cosmos,Carl Sagan serie cosmos
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Uma fotografia de um espírito validada .


No British Journal of Photography

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Esta postagem é sobre o médium David Duguid.


O conteúdo abaixo é basicamente um resumo dos principais tópicos da obra de Fodor, "These Mysterious People" (1934), é claro, com algumas poucas modificações. Cinco pontos desejo ressaltar antes. Primeiramente, na página do grupo cético CSI há um interessante artigo, "Spirit Painting", que toca brevemente na mediunidade de David Duguid. Ali o autor deixa de abordar certos assuntos interessantes que realmente favorecem a autenticidade de algo na mediunidade do sujeito que aqui tratamos.

O autor cita uma consideração do cauteloso Frank Podmore a respeito do médium e posteriormente expõe uma situação de fraude deliberada de Duguid. Para isso também cita um breve comentário do mágico John Mulholland em "Beware Familiar Spirits" (1938). Deixa de comentar que a impostura ocorreu quando o médium tinha mais de 70 anos de idade, que ele já havia realizado com sucesso cerca de 2.000 sessões (segundo Fodor), e ignora uma discussão filosófica sobre aspectos psicológicos (provavelmente porque iria estender muito o artigo) os quais poderiam levar médiuns autênticos a fraudarem.

O segundo ponto é que dado o fenômeno mítico-cultural que envolve o conceito de mediunidade, a curiosidade e a proposta conceitual (comunicação com os mortos) sem dúvida favorece a um profissionalismo ou mesmo a formação de uma carreira. Isso sem dúvida proporciona uma influência psicológica, haja vista o público esperar retorno, existindo pois a necessidade do médium preencher a expectativa de quem aguarda ansiosamente um "contato com o Além" ou pretende apenas satisfazer uma curiosidade por coisas inabituais. Já está em evidência que situações de tensão ou ansiedade, cobrança e expectativa são situações inibitórias para fenômenos parapsicológicos funcionarem. Se há mediunidade, e se ela não passa de uma espécie de comunicação telepática (entre vivo e desencarnado), os fatores prejudiciais à telepatia logicamente deveriam afetar a mediunidade.

Terceiro ponto, o tempo das grandes séances passou, mas a ação dos fraudadores (apesar de existirem os mistificados!) apenas migrou dos salões vitorianos para o assento diante uma tela de computador, onde várias obras pretensamente de espíritos são produzidas pelas mãos de supostos médiuns. Sem radicalismos, digo que, no meio de tanta pretensão, possivelmente uma ou outra criação poderia preencher o conceito genuíno de mediunidade.

A quarta, observação é: penso que muito do que médiuns interpretam pode ter uma base apenas cultural, sem nenhuma realidade objetiva. Um fenômeno real, mas muito "colorido". O próprio David Duguid dizia que um de seus controles era um dos três reis magos! Será? O quinto e último item é um fato deveras curioso e que também não foi ressalvado no texto de Nickell na CSI. Um artigo de J. Traill Taylor, editor do British Journal of Photography, analisando a impressão de formas humanas nas chapas fotográficas, validou a autenticidade das Aparições de Duguid. As formas não eram visíveis a olho nu durante a experiência (que foi montada segundo as exigências de Taylor), mas quando revelados os negativos, figuras estranhas apareceram. Abaixo segue uma fotografia das aparições de Duguid tirada da biblioteca Mary Evans Picture. Bem, segue o material para apreciação.

* * *

David Duguid, nascido em Glasgow, Escócia, alegou que um dos três Reis magos voltou para contar, em viva voz, a extasiante história de sua peregrinação ao berço da criança.

Duguid não era nenhum médium profissional. Curiosamente foi levado a participar, em 1866, numa sessão experimental de mesa na casa de H. Nisbet, a editora de Glasgow. Quando a filha de Nisbet, que era uma escritora automática, colocou sua mão direita na mão esquerda dele, começou a desenhar esboços grosseiros de vasos e flores e então uma travessia sob estrutura arqueada.

Os fenômenos dele incluíam batidas misteriosas, ação inteligente de objetos inanimados, vozes de um tom rouco que se tornavam tão atroadoras que a casa estremecia, levitação do médium, aparecimento de objetos vindos de quartos fechados, luzes misteriosas, toques pelas mãos de "fantasmas", chuva de perfumes e manejo de brasa sem seqüelas.

Todos estes fenômenos eram subsidiários para o grande mistério da pintura. Em transe, com os olhos fechados, Duguid executava esboços de grandes promessas. A influência que alegava ser responsável por isso se sentia estorvada pela absoluta falta de educação artística por parte de Duguid. Seguindo sugestão, o médium tomou lições em Government School of Arts por quatro meses. O conhecimento adquirido poderia tê-lo ajudado nas pinturas que ele sucessivamente fez.

Na escuridão total, em pequenos cartões marcados pelos assistentes, enquanto o médium era segurado ou firmemente amarrado, entidades invisíveis executavam pequenas pinturas a óleo, às vezes em pouquíssimo tempo, como em trinta e cinco segundos. O barulho dos pincéis e o ondular do papel poderiam ser escutados sobre a mesa. Quando terminava, tudo cessava, o papel invariavelmente pintado no lado superior, molhado e pegajoso. Exibiam-se paisagens em miniatura, uma, ou mais, muito finamente executadas, que às vezes o mérito delas era serem visualizadas por uma lupa. Ocasionalmente desenhos eram realizados numa folha dobrada de papel dentro de um envelope hermeticamente fechado, papel que todos os presentes tocavam. As ilustrações eram de tal maneira curiosas que foram usadas na capa das Revelações Angelicais de William Oxley.

Os operadores invisíveis a princípio se recusaram a revelar suas identidades. Um deles assumiu o nome de Marcus Baker. Ele prometeu cópias de suas obras-primas que havia pintado quando na Terra. Por quatro dias, quatro horas diárias, o médium trabalhou numa grande pintura. Foi rubricada por J.R., a "Art Treasures Exhibition de Cassell"; foi reconhecida como "A Cachoeira" de Jacob Ruisdale. A cópia, porém, não era exata. Algumas figuras estavam omitidas. O "controle" [o guia], ao ser questionado, disse que aquelas figuras tinham sido acrescentadas posteriormente por Bergheim. Consultando a biografia de Ruisdale, descobriu-se que isso era verdade.

Aqueles que apressadamente concluiriam que Duguid se expôs a uma carga de fraude não mostraram nenhuma compreensão das complexidades psicológicas destes fenômenos. A mente de Duguid - com memória subconsciente retentiva - poderia estar relacionada com todos estes desenhos e escritos. Suas mãos certamente não fizeram. Esta foi exatamente a linha de defesa tomada pelos "controles" quando foram acusados e pressionados a dar uma explicação. Eles disseram que pegavam o que encontravam na mente do médium.

Por lacunosa e fantástica que a desculpa pareça, ela parece provar outros acontecimentos estranhos. Visitantes de David Duguid às vezes reconheciam nas pinturas "diretas", produzidas em suas presenças, cenas as quais estavam familiarizados na América e na Austrália e que o médium certamente não poderia tê-las visto. Aparentemente então a memória deles, de alguma maneira sutil, também era sondada.


Outro quebra-cabeça de explicação possivelmente semelhante foi fornecido por uma demonstração fotográfica. Na presença de assistentes, David Duguid freqüentemente se expôs a chapas fotográficas confiando obter sinais supernormais ou retratos. Em várias ocasiões, foi encontrado na chapa um belo retrato de uma Sacerdotisa que, de acordo com a impressão dada ao médium, havia se dedicado ao Templo de Vênus em Chipre. O entusiasmo diante ao encanto da senhora, porém, enfraqueceu-se um pouco quando Mme. Isabel de Steiger, F.T.S., descobriu que a fotografia era uma cópia de um retrato alemão chamado "Noite", uma cópia estava na posse do Sr. J. W. Brodie Innes, um solicitador em Edimburgo. Não é impossível conceber que ao falsificar uma fotografia de um espírito a partir de uma pintura estrangeira, Sr. Duguid poderia ter tido a desgraça de selecionar justamente o retrato que tinha uma cópia em Edimburgo. Mas uma alegação favoreceu uma outra solução. As experiências com outros médiuns sugeriram que de alguma maneira poderia haver um acesso a um repositório de memórias enterrado. Através de um processo que nos é totalmente desconhecido, as figuras ocasionalmente eram exteriorizadas na chapa sensível.

Além disso, através da fotografia do espírito, David Duguid foi a tempo testado por J. Traill Taylor, o editor do British Journal of Photography. Este se encontrou com aquele em Glasgow e em Londres. Taylor obteve muitos "extras" em suas próprias condições estipuladas e declarou em seu relatório:

"As figuras psíquicas comportaram-se de uma maneira difícil. Algumas estavam em foco, outras não muito; algumas eram iluminadas à direita, enquanto o assistente estava bem à esquerda; algumas eram graciosas, outros nem tanto; outras ocuparam a maior parte da chapa, obliterando bastante o material do assistente; outras eram como se fossem grosseiramente vinhetas fotográficas, ou saindo de uma fotografia por uma abertura elíptica, ou igualmente mal focadas, foram tiradas atrás do assistente. Mas o ponto é - nenhuma destas figuras reveladas tão intensamente nos negativos foram, de qualquer forma ou condição, visíveis para mim durante o tempo de exposição na máquina fotográfica, e eu atesto fortemente que ninguém teve a oportunidade de tocar em quaisquer chapas antes destas serem colocadas na câmara escura ou imediatamente antes do desenvolvimento. Fotograficamente elas eram vis, mas como foram aparecer ali?"

Não obstante, fraude e fenômenos genuínos caminham juntos durante a vida de muitos médiuns famosos. Duguid não foi nenhuma exceção. Em 1905, na idade de setenta e três, depois de quase 2.000 sessões, ele foi pego em fraude deliberada em Manchester. Ele trouxe as pinturas espirituais já prontas para a sessão e tentou trocá-las pelos cartões em branco que os assistentes forneciam. Sendo por imposição revistado, os cartões originais foram achados em sua calça comprida. Seus amigos ficaram atordoados pela exposição. Eles justificaram a explicação dizendo que os poderes de Duguid, como é freqüentemente o caso, devem ter decaído, e, estimulado pela vaidade, ele fez uma tentativa infantil de exibir fenômenos que os assistentes desejavam.

O lado psico-fisiológico destes problemas é extremamente complexo para ser avaliado por um julgamento precipitado. A qualificação para mediunidade não se origina pela moralidade, mas possivelmente por alguma aptidão constitucional ou mental que nos escapa na vida ordinária, à medida que não existe uso para ela, mediunidade, na vida diária. Oriundos de posição humilde e levados à admiração, médiuns estão propensos a perder seu equilíbrio e fazer coisas incompatíveis com julgamento ou sanidade. Suplantando o genuíno com o espúrio, eles podem se preservar muito do desconforto corporal que drena a vitalidade deles. A maioria dos assistentes de Duguid era "comerciante de milagres". A tendência em os satisfazer com um menor esforço era difícil de se resistir. Isso é agora tão bem sabido que, na visão do Dr. Gustave Geley, famoso pesquisador francês, existe razão para severidade em outra direção. Ele simplesmente diz: "quando algum médium trapaceia, o experimentador é o responsável".


fontes: Fodor, Nandor. These Mysterious People. Publisher: Rider & Co. Published: 1934 Págs: 238; Nickell, Joe. Spirit Painting. Commitee for Skeptical Inquiry, março de 2000 & aBiblioteca Mary Evans Picture.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O PROBLEMA DO SER, DO DESTINO E DA DOR


O PROBLEMA DO SER, DO DESTINO E DA DOR


(O Problemas do Ser, do Destino e da Dor, 1908, León Denis – Editora Federação Espírita Brasileira)


Abaixo, transcrevemos a íntegra da introdução do referido livro:
Introdução
Uma dolorosa observação surpreende o pensador no ocaso da vida. Resulta também, mais pungente, das impressões sentidas em seu giro pelo espaço. Reconhece ele então que, se o ensino ministrado pelas instituições humanas, em geral – religiões, escolas, universidades –, nos faz conhecer muitas coisas supérfluas, em compensação quase nada ensina do que mais precisamos conhecer para encaminhamento da existência terrestre e preparação para o Além.

Aqueles a quem incumbe a alta missão de esclarecer e guiar a alma humana parecem ignorar a sua natureza e os seus verdadeiros destinos.

Nos meios universitários reina ainda completa incerteza sobre a solução do mais importante problema com que o homem se defronta em sua passagem pela Terra. Essa incerteza se reflete em todo o ensino. A maior parte dos professores e pedagogos afasta sistematicamente de suas lições tudo o que se refere ao problema da vida, às questões de termo e finalidade…

A mesma impotência encontramos no padre. Por suas afirmações despidas de provas, apenas consegue comunicar às almas que lhe estão confiadas uma crença que já não corresponde às regras duma crítica sã nem às exigências da razão.
Com efeito, na Universidade, assim como na Igreja, a alma moderna não encontra senão obscuridade e contradição em tudo que diz respeito ao problema de sua natureza e de seu futuro. É a esse estado de coisas que se deve atribuir, em grande parte, o mal de nossa época, a incoerência das idéias, a desordem das consciências, a anarquia moral e social.

A educação que se dá às gerações é complicada; mas, não lhes esclarece o caminho da vida; não lhes dá a têmpera necessária para as lutas da existência. O ensino clássico pode guiar no cultivo, no ornamento da inteligência; não inspira, entretanto, a ação, o amor, a dedicação. Ainda menos possibilita alcançar uma concepção da vida e do destino que desenvolva as energias profundas do “eu” e nos oriente os impulsos e os esforços para um fim elevado. Essa concepção, no entanto, é indispensável a todo ser, a toda sociedade, porque é o sustentáculo, a consolação suprema nas horas difíceis, a origem das virtudes másculas e das altas inspirações.
Carl du Prel refere o fato seguinte:
“Um amigo meu, professor da Universidade, passou pela dor de perder a filha, o que lhe reavivou o problema da imortalidade. Dirigiu-se aos colegas, professores de Filosofia, esperando achar consolações em suas respostas. Amarga decepção: pedira um pão, ofereciam-lhe pedras; procurava uma afirmação, respondiam-lhe com um talvez!”
Francisque Sarcey,[ii] modelo completo do professor da Universidade, escrevia:[iii]
“Estou na Terra. Ignoro absolutamente como aqui vim ter e como aqui fui lançado.

Não ignoro menos como daqui sairei e o que de mim será quando daqui sair.”
Ninguém o confessaria mais francamente: a filosofia da escola, depois de tantos séculos de estudo e de labor, é ainda uma doutrina sem luz, sem calor, sem vida.[iv] A alma de nossos filhos, sacudida entre sistemas diversos e contraditórios – o positivismo de Auguste Comte, o naturalismo de Hegel, o materialismo de Stuart Mill, o ecletismo de Cousin, etc. –, flutua incerta, sem ideal, sem fim preciso.

Daí o desânimo precoce e o pessimismo dissolvente, moléstias das sociedades decadentes, ameaças terríveis para o futuro, a que se junta o cepticismo amargo e zombeteiro de tantos moços da nossa época; em nada mais crêem do que na riqueza, nada mais honram que o êxito.
O eminente professor Raoul Pictet assinala esse estado de espírito na introdução da sua última obra sobre as ciências psíquicas.[v] Fala ele do efeito desastroso produzido pelas teorias materialistas na mentalidade de seus alunos, e conclui assim:
“Esses pobres moços admitem que tudo quanto se passa no mundo é efeito necessário e fatal de condições primárias, em que a vontade não intervém; consideram que a própria existência é, forçosamente, joguete da fatalidade inelutável, à qual estão entregues de pés e mãos ligados.

Esses moços cessam de lutar logo às primeiras dificuldades. Já não crêem em si mesmos. Tornam-se túmulos vivos, onde se encerram, promiscuamente, suas esperanças, seus esforços, seus desejos, fossa comum de tudo o que lhes fez bater o coração até ao dia do envenenamento. Tenho visto desses cadáveres diante de suas carteiras e no laboratório, e tem-me causado pena vê-los.”
Tudo isso não é somente aplicável a uma parte da nossa juventude, mas também a muitos homens do nosso tempo e da nossa geração, nos quais se pode verificar uma espécie de lassidão moral e de abatimento. F. Myers o reconhece, igualmente. Diz ele:
“Há uma espécie de inquietação, um descontentamento, uma falta de confiança no verdadeiro valor da vida. O pessimismo é a doença moral do nosso tempo.”
As teorias de além-Reno, as doutrinas de Nietzsche, de Schopenhauer, de Haeckel, etc., muito contribuíram, por sua parte, para determinar esse estado de coisas. Sua influência por toda parte se derrama. Deve-se-lhes atribuir, em grande parte, esse lento trabalho, obra obscura de cepticismo e de desânimo, que se desenvolve na alma contemporânea, essa desagregação de tudo que fortificava a alegria, a confiança no futuro, as qualidades viris de nossa raça.

É tempo de reagir com vigor contra essas doutrinas funestas e de procurar, fora da órbita oficial e das velhas crenças, novos métodos de ensino que correspondam às imperiosas necessidades da hora presente. É preciso dispor os Espíritos para os reclamos, os combates da vida presente e das vidas ulteriores; é necessário, sobretudo, ensinar o ser humano a conhecer-se, a desenvolver, sob o ponto de vista dos seus fins, as forças latentes que nele dormem.
Até aqui, o pensamento confinava-se em círculos estreitos: religiões, escolas, ou sistemas, que se excluem e combatem reciprocamente. Daí essa divisão profunda dos espíritos, essas correntes violentas e contrárias, que perturbam e confundem o meio social.

Aprendamos a sair desses círculos austeros e a dar livre expansão ao pensamento. Cada sistema contém uma parte de verdade; nenhum contém a realidade inteira.
O universo e a vida têm aspectos muito variados, numerosos demais para que um sistema possa abraçar a todos. Dessas concepções disparatadas, devem-se recolher os fragmentos de verdade que contêm, aproximando-os e pondo-os de acordo; é necessário, depois, uni-los aos novos e múltiplos aspectos da verdade que descobrirmos todos os dias e encaminharmo-nos para a unidade majestosa e para a harmonia do pensamento.
A crise moral e a decadência da nossa época provêm, em grande parte, de se ter o espírito humano imobilizado durante muito tempo. É necessário arrancá-lo à inércia, às rotinas seculares, levá-lo às grandes altitudes, sem perder de vista as bases sólidas que lhe vem oferecer uma ciência engrandecida e renovada. É essa ciência de amanhã que trabalhamos para constituir. Ela nos fornecerá o critério indispensável, os meios de verificação e de comparação sem os quais o pensamento, entregue a si mesmo, estará sempre em risco de desvairar.

*
A perturbação e a incerteza que verificamos no ensino repercutem e se encontram, dizíamos, na ordem social inteira.
Em toda parte a crise existe, inquietante. Sob a superfície brilhante de uma civilização apurada esconde-se um mal-estar profundo. A irritação cresce nas classes sociais. O conflito dos interesses e a luta pela vida tornam-se, dia a dia, mais ásperos. O sentimento do dever se tem enfraquecido na consciência popular, a tal ponto que muitos homens já não sabem onde está o dever. A lei do número, isto é, da força cega, domina mais do que nunca. Pérfidos retóricos dedicam-se a desencadear as paixões, os maus instintos da multidão, a propagar teorias nocivas, às vezes criminosas. Depois, quando a maré sobe e sopra o vento de tempestade, eles afastam de si toda a responsabilidade.

Onde está, pois, a explicação desse enigma, dessa contradição notável entre as aspirações generosas de nosso tempo e a realidade brutal dos fatos? Por que um regime que suscitara tantas esperanças ameaça chegar à anarquia, à ruptura de todo o equilíbrio social?

A inexorável lógica vai responder-nos: a Democracia, radical ou socialista, em suas massas profundas e em seu espírito dirigente, inspirando-se nas doutrinas negativas, não podia chegar senão a um resultado negativo para a felicidade e elevação da humanidade. Tal o ideal, tal o homem; tal a nação, tal o país!
As doutrinas negativas, em suas conseqüências extremas, levam fatalmente à anarquia, isto é, ao vácuo, ao nada social. A história humana já o tem experimentado dolorosamente.

Enquanto se tratou de destruir os restos do passado, de dar o último golpe nos privilégios que restavam, a Democracia serviu-se habilmente de seus meios de ação. Mas, hoje, importa reconstruir a cidade do futuro, o edifício vasto e poderoso que deve abrigar o pensamento das gerações. Diante dessas tarefas, as doutrinas negativistas mostram sua insuficiência e revelam sua fragilidade; vemos os melhores operários debaterem-se em uma espécie de impotência material e moral.
Nenhuma obra humana pode ser grande e duradoura se não se inspirar, na teoria e na prática, em seus princípios e em suas explicações, nas leis eternas do universo. Tudo o que é concebido e edificado fora das leis superiores se funda na areia e desmorona.

Ora, as doutrinas do socialismo atual têm uma tara capital. Querem impor uma regra em contradição com a Natureza e a verdadeira lei da humanidade: o nível igualitário.
A evolução gradual e progressiva é a lei fundamental da Natureza e da vida. É a razão de ser do homem, a norma do universo. Insurgir-se contra essa lei, substituir-lhe por outro o fim, seria tão insensato como querer parar o movimento da Terra ou o fluxo e o refluxo dos oceanos.

O lado mais fraco da doutrina socialista é a ignorância absoluta do homem, de seu princípio essencial, das leis que presidem ao seu destino. E quando se ignora o homem individual, como se poderia governar o homem social?

A origem de todos os nossos males está em nossa falta de saber e em nossa inferioridade moral. Toda a sociedade permanecerá débil, impotente e dividida durante todo o tempo em que a desconfiança, a dúvida, o egoísmo, a inveja e o ódio a dominarem. Não se transforma uma sociedade por meio de leis. As leis e as instituições nada são sem os costumes, sem as crenças elevadas. Quaisquer que sejam a forma política e a legislação de um povo, se ele possui bons costumes e fortes convicções, será sempre mais feliz e poderoso do que outro povo de moralidade inferior.

Sendo uma sociedade a resultante das forças individuais, boas ou más, para se melhorar a forma dessa sociedade é preciso agir primeiro sobre a inteligência e sobre a consciência dos indivíduos.

Mas, para a Democracia socialista, o homem interior, o homem da consciência individual não existe; a coletividade o absorve por inteiro. Os princípios que ela adota não são mais do que uma negação de toda filosofia elevada e de toda causa superior. Não se procura outra coisa senão conquistar direitos; entretanto, o gozo dos direitos não pode ser obtido sem a prática dos deveres. O direito sem o dever, que o limita e corrige, só pode produzir novas dilacerações, novos sofrimentos.
Eis por que o impulso formidável do Socialismo não faria senão deslocar os apetites, as ambições, os sofrimentos, e substituir as opressões do passado por um despotismo novo, mais intolerável ainda.

Já podemos medir a extensão dos desastres causados pelas doutrinas negativas. O Determinismo, o Monismo, o Materialismo, negando a liberdade humana e a responsabilidade, minam as próprias bases da Ética universal. O mundo moral não é mais que um anexo da Fisiologia, isto é, o reinado, a manifestação da força cega e irresponsável. Os espíritos de escol professam o Niilismo metafísico, e a massa humana, o povo, sem crenças, sem princípios fixos, está entregue a homens que lhe exploram as paixões e especulam com suas ambições.

O Positivismo, apesar de ser menos absoluto, não é menos funesto em suas conseqüências. Por suas teorias do desconhecido, suprime as noções de fim e de larga evolução. Toma o homem na fase atual de sua vida, simples fragmento de seu destino, e o impede de ver para diante e para trás de si. Método estéril e perigoso, feito, parece, para cegos de espírito, e que se tem proclamado muito falsamente como a mais bela conquista do espírito moderno.
Tal é o atual estado da Sociedade. O perigo é imenso e se alguma grande renovação espiritualista e científica não se produzisse, o mundo soçobraria na incoerência e na confusão.
Nossos homens de governo sentem já o que lhes custa viver numa sociedade em que as bases essenciais da moral estão abaladas, em que as sanções são fictícias ou impotentes, em que tudo se funde, até a noção elementar do bem e do mal.
As igrejas, é verdade, apesar de suas fórmulas antiquadas e de seu espírito retrógrado, agrupam ainda ao redor de si muitas almas sensíveis; mas, tornaram-se incapazes de conjurar o perigo, pela impossibilidade em que se colocaram de fornecer uma definição precisa do destino humano e do Além, apoiada em fatos probantes e bem estabelecidos. A religião, que teria, sobre esse ponto capital, o mais alto interesse em se pronunciar, conserva-se no vago.

A humanidade, cansada dos dogmas e das especulações sem provas, mergulhou no materialismo ou na indiferença. Não há salvação para o pensamento, senão por meio de uma doutrina baseada na experiência e no testemunho dos fatos.
De onde virá essa doutrina? Que poder nos livrará do abismo em que nos arrastamos? Que ideal novo virá dar ao homem a confiança no futuro e o fervor pelo bem? Nas horas trágicas da História, quando tudo parecia desesperado, nunca faltou o socorro. A alma humana não se pode afundar inteiramente e perecer. No momento em que as crenças do passado se velam, uma concepção nova da vida e do destino, baseada na ciência dos fatos, reaparece. A grande tradição revive sob formas engrandecidas, mais novas e mais belas. Mostra a todos um futuro cheio de esperanças e de promessas. Saudemos o novo reino da Idéia, vitoriosa sobre a Matéria, e trabalhemos para preparar-lhe o caminho.
A tarefa a cumprir é grande. A educação do homem deve ser inteiramente refeita. Essa educação, já o vimos, nem a Universidade nem a Igreja estão em condições de fornecer, pois já não possuem as sínteses necessárias para esclarecer a marcha das novas gerações. Uma só doutrina pode oferecer essa síntese, a do Espiritualismo científico; já ela se eleva no horizonte do mundo intelectual e parece que há de iluminar o futuro.

A essa filosofia, a essa ciência, livre, independente, emancipada de toda pressão oficial, de todo compromisso político, as descobertas contemporâneas trazem cada dia novas e preciosas contribuições. Os fenômenos do magnetismo, da radioatividade e da telepatia são aplicações de um mesmo princípio, manifestações de uma mesma lei, que rege conjuntamente o ser e o universo.

Ainda alguns anos de labor paciente, de experimentação conscienciosa, de pesquisas perseverantes, e a nova educação terá encontrado sua fórmula científica, sua base essencial. Esse acontecimento será o maior fato da História, desde o aparecimento do Cristianismo.
A educação, sabe-se, é o mais poderoso fator do progresso, pois contém em gérmen todo o futuro. Mas, para ser completa, deve inspirar-se no estudo da vida sob suas duas formas alternantes, visível e invisível, em sua plenitude, em sua evolução ascendente para os cimos da natureza e do pensamento.
Os preceptores da humanidade têm, pois, um dever imediato a cumprir. É o de repor o Espiritualismo na base da educação, trabalhando para refazer o homem interior e a saúde moral. É necessário despertar a alma humana adormecida por uma retórica funesta; mostrar-lhe seus poderes ocultos, obrigá-la a ter consciência de si mesma, a realizar seus gloriosos destinos.

A ciência moderna analisou o mundo exterior; suas penetrações no universo objetivo são profundas; isso será sua honra e sua glória; mas nada sabe ainda do universo invisível e do mundo interior. É esse o império ilimitado que lhe resta conquistar. Saber por que laços o homem se liga ao conjunto, descer às sinuosidades misteriosas do ser, onde a sombra e a luz se misturam, como na caverna de Platão, percorrer-lhe os labirintos, os redutos secretos, auscultar o “eu” normal e o “eu” profundo, a consciência e a subconsciência; não há estudo mais necessário. Enquanto as Escolas e as Academias não o tiverem introduzido em seus programas, nada terão feito pela educação definitiva da humanidade.

Já vemos, porém, surgir e constituir-se uma psicologia maravilhosa e imprevista, de onde vão derivar uma nova concepção do ser e a noção de uma lei superior que abarca e resolve todos os problemas da evolução e do movimento transformador.
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Um tempo se acaba; novos tempos se anunciam. A hora em que estamos é uma hora de transição e de parto doloroso. As formas esgotadas do passado empalidecem-se e se desfazem para dar lugar a outras, a princípio vagas e confusas, mas que se precisam cada vez mais. Nelas se esboça o pensamento crescente da humanidade.

O espírito humano está em trabalho, por toda parte, sob a aparente decomposição das idéias e dos princípios; por toda parte, na Ciência, na Arte, na Filosofia e até no seio das religiões, o observador atento pode verificar que uma lenta e laboriosa gestação se produz. A Ciência, sobretudo, lança em profusão sementes de ricas promessas. O século que começa será o das potentes eclosões.
As formas e as concepções do passado, dizíamos, já não são suficientes. Por mais respeitável que pareça essa herança, não obstante o sentimento piedoso com que se podem considerar os ensinamentos legados por nossos pais, percebe-se que esse ensinamento não foi suficiente para dissipar o mistério sufocante do porquê da vida.
Pode-se, entretanto, em nossa época, viver e agir com mais intensidade do que nunca; mas é possível viver e agir plenamente, sem se ter consciência do fim a atingir? O estado d’alma contemporâneo pede, reclama uma ciência, uma arte, uma religião de luz e de liberdade, que venham dissipar-lhe as dúvidas, libertá-lo das velhas servidões e das misérias do pensamento, guiá-lo para horizontes radiosos a que se sente levado pela própria natureza e pelo impulso de forças irresistíveis.

Fala-se muito de progresso; mas o que se entende por progresso? É uma palavra vazia e sonora, na boca de oradores pela maior parte materialistas, ou tem um sentido determinado? Vinte civilizações têm passado pela Terra, iluminando com seus alvores a marcha da humanidade. Seus grandes focos brilharam na noite dos séculos; depois extinguiram-se. E o homem não discerne ainda, atrás dos horizontes limitados de seu pensamento, o além sem limites aonde o leva o destino. Impotente para dissipar o mistério que o cerca, estraga suas forças nas obras da Terra e foge aos esplendores de sua tarefa espiritual, tarefa que fará sua verdadeira grandeza.

A fé no progresso não caminha sem a fé no futuro, no futuro de cada um e de todos. Os homens não progridem e não se adiantam, senão crendo no futuro e marchando com confiança, com certeza para o ideal entrevisto.

O progresso não consiste somente nas obras materiais, na criação de máquinas poderosas e de toda a ferramenta industrial; do mesmo modo, não consiste em descobrir processos novos de arte, de literatura ou formas de eloqüência. Seu mais alto objetivo é empolgar, atingir a idéia primordial, a idéia mãe que há de fecundar toda a vida humana, a fonte elevada e pura de onde hão de dimanar conjuntamente as verdades, os princípios e os sentimentos que inspirarão as obras de peso e as nobres ações.
É tempo de o compreender: a Civilização só poderá engrandecer-se, a Sociedade só poderá subir se um pensamento cada vez mais elevado e uma luz mais viva vierem inspirar, esclarecer os espíritos e tocar os corações, renovando-os. Somente a idéia é mãe da ação. Somente a vontade de realizar a plenitude do ser, cada vez melhor, cada vez maior, nos pode conduzir aos cimos longínquos em que a Ciência, a Arte, toda a obra humana, numa palavra, achará sua expansão, sua regeneração.

Tudo no-lo diz: o universo é regido pela lei da evolução; é isso o que entendemos pela palavra progresso. E nós, em nosso princípio de vida, em nossa alma, em nossa consciência, estamos para sempre submetidos a essa lei. Não se pode desconhecer, hoje, essa força, essa lei soberana; ela conduz a alma e suas obras, através do infinito do tempo e do espaço, a um fim cada vez mais elevado; mas essa lei não é realizável senão por nossos esforços.

Para fazer obra útil, para cooperar na evolução geral e recolher todos os seus frutos, é preciso, antes de tudo, aprender a discernir, a reconhecer a razão, a causa e o fim dessa evolução, saber aonde ela conduz, a fim de participar, na plenitude das forças e das faculdades que dormitam em nós, dessa ascensão grandiosa.
Nosso dever é traçar a trajetória à humanidade futura, da qual ainda faremos parte integrante, como no-lo ensinam a comunhão das almas, a revelação dos grandes Instrutores invisíveis e como a Natureza o ensina também por seus milhares de vozes, pelo renovamento perpétuo de todas as coisas, àqueles que a sabem estudar e compreender.

Vamos, pois, para o futuro, para a vida sempre renascente, pela via imensa que nos abre um Espiritualismo regenerado!

Fé do passado, ciências, filosofias, religiões, iluminai-vos com uma chama nova; sacudi vossos velhos sudários e as cinzas que os cobrem. Escutai as vozes reveladoras do túmulo; elas nos trazem uma renovação do pensamento com os segredos do Além, que o homem tem necessidade de conhecer para melhor viver, melhor agir c melhor morrer!

Paris, 1908. Léon Denis


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