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sábado, 30 de janeiro de 2010

Apometria e Espiritismo. - Parte 1



Apometria e Espiritismo. - Parte 1


Apometria não convém às Casas Espíritas - Parte 1
Gebaldo José de Sousa e Jeziel Silva Ramos *
"- Que pensa Emmanuel do espírita diante do sincretismo religioso?
- Nosso amigo espiritual nos aconselha a respeitar crenças, preconceitos, pontos de vista e normas de quaisquer criaturas que não pensem como nós, mas adverte-nos que temos deveres intransferíveis para com a Doutrina Espírita e que precisamos guardar-lhe a limpidez e a simplicidade com dedicação sem intransigência e zelo sem fanatismo (...)
- Cabe-nos, assim, defender a obra de Allan Kardec, em qualquer tempo?
- Sim. Os Espíritos Amigos nos dizem que nos compete a obrigação de defender os ensinamentos de Allan Kardec, sobretudo, na vivência dessas benditas lições, através de nossas próprias vidas. Compreendendo assim, reconheceremos que é necessário sermos fiéis a Kardec em todas as nossas atividades (...)" (1)
Há três anos a Casa de Eurípedes - Hospital Espírita Eurípedes Barsanulfo, Goiânia (GO) - promoveu a realização de Seminário sobre apometria.
E permitiu que um grupo estudasse e aplicasse a técnica, em caráter experimental. Sendo a Casa de Eurípedes instituição técnico-científico, como deve ser qualquer hospital psiquiátrico moderno, com filosofia e práticas espíritas, existe espaço para a discussão e experimentação de novas técnicas, sem preconceito e espírito de segregação, mas sempre com supervisão e acompanhamento técnico.
Como veremos, essa postura não se aplica a experimentações de natureza mediúnica.
Nesse sentido, a técnica apométrica foi aplicada, principalmente em pacientes internos, associando de alguma forma o Departamento Doutrinário e Mediúnico dessa Instituição à apometria. Decorridos três anos e não tendo sido, ainda, realizada qualquer avaliação mais ampla sobre esse trabalho, o assunto foi levantado, buscando respostas para as questões:
a) "A teoria e a prática da técnica conhecida como apometria (e suas leis) estão em pleno acordo com os princípios doutrinários codificados por Allan Kardec, nas obras básicas do Espiritismo, ou seja, a apometria pode ser considerada uma técnica espírita?"
b) "Caso a apometria não seja uma técnica espírita (como várias técnicas terapêuticas anímicas e/ou mediúnicas não o são), é aconselhável incluí-la dentro do corpo do Departamento Doutrinário e Mediúnico da Casa?"
c) "Sendo ou não uma técnica espírita, a aplicação da técnica tem resultado em benefícios terapêuticos reais para os pacientes em tratamento nesta instituição hospitalar?"
Neste artigo, resumimos parecer da Comissão formada com o objetivo de oferecer respostas às questões acima, levando-se em conta que a Instituição tem se prezado pela fidelidade aos fundamentos da Doutrina Espírita.
Não se trata de julgar a técnica dita apométrica, de saber se ela funciona ou não. Nem de julgar pessoas ou grupos que a praticam.
EXAME DO ASSUNTO, À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA:
1.1) Por que Allan Kardec atribuiu a ela o nome de Doutrina Espírita?
A Doutrina é dos Espíritos. E isso porque foi revelada por eles, a muitos médiuns, em inúmeros lugares, simultaneamente:
"(...) a Doutrina dos Espíritos não é de concepção humana. Foi ditada pelas próprias inteligências que se manifestam, quando ninguém disso cogitava, quando até a opinião geral a repelia. (...) Perguntamos ainda mais: por que estranha coincidência milhares de médiuns espalhados por todos os pontos do globo terráqueo, e que jamais se viram, acordaram em dizer a mesma coisa?" (2)
Allan Kardec não aceitava tudo que vinha dos Espíritos - nem recomenda que o façamos -, submetendo seus ensinos ao crivo da razão, aplicando o preceito de Jesus:
"Meus bem-amados, não creiais em qualquer Espírito; experimentai se os Espíritos são de Deus, porquanto muitos falsos profetas se têm levantado no mundo." (3) (I Jo, 4:1)
Kardec utilizou na Codificação do Espiritismo o "Controle universal do ensino dos Espíritos", conforme se lê em "O Evangelho Segundo o Espiritismo" item "II - AUTORIDADE DA DOUTRINA ESPÍRITA".
Afirmou ser progressiva a Terceira Revelação, mas publicou - "Revista Espírita", agosto/1861, mensagem "Da Influência Moral dos Médiuns nas Comunicações", Espírito Erasto:
"Mais vale repelir dez verdades que admitir uma só mentira, uma só teoria falsa." (4)
Máxima repetida em "O Livro dos Médiuns", Ed. FEB, cap. XX, item 230, p. 292.
Em muitas partes de sua obra, o Codificador recomenda-nos submeter a exame severo as comunicações dos Espíritos, como, por exemplo, nos itens 266 e 267, de "O Livro dos Médiuns".
Desaconselhável, pois, a crença cega no que dizem os mentores. O ideal é estudar mais e buscar respostas nas obras confiáveis, já existentes, transmitidas por médiuns de reconhecida idoneidade.
A Doutrina Espírita não está engessada em verdades acabadas, absolutas. Não é nem se diz dona da Verdade, em parte alguma.
1.2) Por que os Espíritos não revelaram aos homens a técnica dita apométrica, quando tiveram à mão excelentes médiuns, ao longo do século XX? Se é, como afirmam os apômetras, mais eficiente que a reunião de desobsessão, por que o silêncio dos Espíritos Superiores?
Seu divulgador no Brasil, Dr. José Lacerda de Azevedo adotou-a, após demonstração, em Porto Alegre - RS, pelo porto-riquenho Luiz Rodrigues, na década de sessenta do século passado.
A essa época ainda se encontrava entre nós, vigoroso, nosso irmão Francisco Cândido Xavier. Seria uma falha dos Espíritos Superiores, embora interessados na regeneração da humanidade? Hipótese esta absolutamente inadmissível!
1.3) Quanto à desobsessão, utilizada na prática Espírita, o Espírito André Luiz transmitiu, ao médium Francisco C. Xavier, instruções de como realizá-la, em 1964 - coincidentemente na mesma década da divulgação da apometria entre nós -, na grande obra intitulada "Desobsessão", editada pela Federação Espírita Brasileira.
1.4) No que se refere à apometria, o silêncio dos Espíritos Superiores é sintomático. Que saibamos, não houve manifestações sobre o tema em várias partes do mundo, através de médiuns conceituados. Devemos considerar, portanto, que não houve o controle universal dos ensinos da técnica, como preconizava Kardec. Também não se confirmou o que preceitua o seguinte pensamento:
"Estai certos, igualmente, de que quando uma verdade tem de ser revelada aos homens, é, por assim dizer, comunicada instantaneamente a todos os grupos sérios, que dispõem de médiuns também sérios, e não a tais ou quais, com exclusão dos outros." ESE, Cap. XXI, item 10, 6º §. (5)
Por outro lado, a Ciência ainda não comprovou a eficácia da técnica apométrica. E se é por ela admitida, também desconhecemos.
Por estes fatos, não pode ser admitida como vinculada à Doutrina dos Espíritos, pois não atende a nenhum dos dois critérios definidos por Kardec:
"Por sua natureza, a revelação espírita tem duplo caráter: participa ao mesmo tempo da revelação divina e da revelação científica." (6)
Assim, não deve ser adotada em Instituições verdadeiramente Espíritas.
* Jeziel Silva Ramos - Médico e Presidente do Hospital Espírita Eurípedes Barsanulfo, em Goiânia (GO).
BIBLIOGRAFIA:
1 - BARBOSA, Elias. No Mundo de Chico Xavier. Edição Calvário, São Paulo, 1968, p. 78;
2 - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Ed. FEB, RJ. Introdução, p. 44;
3 - Bíblia Sagrada;
4 - KARDEC, Allan. Revista Espírita. Edicel, SP,Tomo IV, 1863, p. 257;
5 - KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 118ed. FEB, Rio de Janeiro, 2001, C. XXI, item 10, 6º §;
6 - KARDEC, Allan. A Gênese. 34ed. FEB, Rio de Janeiro, 1991, Cap. I, item 13.

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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Estilo das boas comunicações.


Ensinamentos e Dissertações espíritas
Revista Espírita, outubro de 1862
Estilo das boas comunicações.
(Sociedade Espírita de Paris, 8 de agosto de 1862. - Médium, Sr. Leymarie.)
Procurai, na palavra, a sobriedade e a concisão; poucas palavras, muitas coisas. A linguagem é como a harmonia: mais se quer torná-la sábia e menos ela é melodiosa. A ciência verdadeira é sempre aquela que impressiona, não alguns sibaritas insensíveis a tudo, mas a massa inteligente que o afasta há tão muito tempo do caminho do verdadeiro belo, que é o da simplicidade. A exemplo de seu Mestre, os discípulos do Cristo tinham adquirido esse profundo saber de dizer bem, sobriamente, brevemente e seus discursos, como os seus, eram cheios dessa graça delicada, dessa profundidade que, em nossos dias, em uma época onde tudo mente ao nosso redor, fazem ainda das grandes vozes do Cristo e dos apóstolos modelos inimitáveis de concisão e de precisão.
Mas a verdade desceu do alto; os Espíritos superiores vêm como os apóstolos dos primeiros dias da era cristã, ensinar e dirigir. O Livro dos Espíritos é todo uma revolução, porque está escrito concisamente, sobriamente: poucas palavras, muitas coisas; nada de flores de retórica, nada de imagens, mas somente pensamentos grandes e fortes que consolam e fortalecem; é por isso que agrada, e ele agrada porque é compreendido facilmente: aí está uma marca da superioridade dos Espíritos que o ditaram.
Por que se encontram tantas comunicações vindas de Espíritos supostamente superiores, cheias de insensatez, de frases inchadas e floridas: uma página para nada dizer? Tende por certo que esses não são os Espíritos superiores, mas falsos sábios que crêem fazer do efeito substituindo por palavras o vazio das idéias, a profundidade dos pensamentos pela obscuridade. Eles não podem seduzir senão os cérebros ocos como os deles, que tomam a lantejoula por ouro fino, e julgam a beleza de uma mulher pelo brilho de seu adorno.
Desconfiai, pois, dos Espíritos verbosos, de linguagem empolada e deliberadamente ininteligível, que é preciso escavar a cabeça para compreender; e reconhecei a verdadeira superioridade no estilo conciso, claro e inteligível sem esforço da imaginação; não meçais a importância das comunicações pela sua extensão, mas pela soma das idéias que elas encerram sob o menor volume. Para ter o tipo da superioridade real, contai as palavras e contai as idéias, - entendo as idéias justas, sadias e lógicas; - a comparação vos dará a medida exata.
BARBAREI (Espírito familiar).
O Espiritismo e o Espírito maligno.
(Grupo Sainte-Gemme. - Médium, Sr. C...)
De todos os trabalhos aos quais a Humanidade se entrega, são preferíveis aqueles que aproximam mais a criatura de seu Criador, que a colocam a cada dia, a cada instante, no estado de admirar a obra divina que saiu e que sai incessantemente de suas mãos onipotentes. O dever do homem é de se prosternar, de adorar sem cessar. Aquele que lhe deu os meios de se melhorar como Espírito, e de chegar assim à felicidade suprema, que é o objetivo final para o qual deve tender.
Se há profissões que, quase exclusivamente intelectuais, dão ao homem os meios de elevar o nível de sua inteligência, um perigo, e um grande perigo se acha colocado ao lado do benefício. À história de todos os tempos prova o que é esse perigo e quantos males ele pode engendrar. Estais dotados de uma inteligência superior: sob este aspecto estais mais próximos, do que vossos irmãos, da Divindade, e vos conduzis a negar essa própria divindade, ou dela fazer uma outra inteiramente contrária ao que é em realidade! Não se saberia mais repeti-lo, e não é preciso jamais deixar de dize-lo: o orgulho é o inimigo mais obstinado do gênero humano. Tivésseis mil bocas, que todas deveriam dizer sem cessar a mesma coisa.
Deus vos criou a todos simples e ignorantes (1); tratai de avançar com um passo tão seguro quanto possível; isto depende de vós: Deus não recusa jamais a graça àquele que a pede de boa-fé. Todos os estados podem igualmente vos conduzir a um objetivo desejado, se vos conduzis segundo a senda da justiça, e se não fazeis para não dobrar vossa consciência à vontade de vossos caprichos. Há, no entanto, estados onde é mais difícil avançar do que em outros; também Deus terá em certa conta aqueles que, tendo aceito, como prova, uma posição ambígua, terão percorrido sem tropeçar esse caminho difícil, ou pelo menos terão feito, para se levantar de novo, todos os esforços humanamente possíveis.
(1) Esta proposição, tocando o estado primitivo das almas, formulada pela primeira vez em O Livro dos Espíritos, é por toda parte hoje repetida nas comunicações; ela encontra assim a sua consagração ao mesmo tempo nessa concordância e na lógica, porque nenhum outro princípio poderia melhor responder à justiça de Deus. Dando a todos os homens um mesmo ponto de partida, deu a todos a mesma tarefa a cumprir para chegar ao objetivo; ninguém é privilegiado pela Natureza; mas como têm seu livre arbítrio, uns avançam mais depressa e outros mais lentamente. Esse princípio de justiça é inconciliável com a doutrina que admite a criação da alma ao mesmo tempo que o corpo; comporta em si mesmo a pluralidade das existências, porque se a alma é anterior ao corpo, é que ela já viveu
É aí que é preciso ter uma fé sincera, uma força pouco comum para resistir aos arrastamentos fora do caminho de justiça; mas é aí também que se pode fazer um bem imenso aos seus irmãos infelizes. Ah! tem muito mérito aquele que toca o lamaçal sem que suas vestes nele sejam enlameadas! é preciso que uma chama bem pura brilhe nele! Mas também, que recompensa não lhe está reservada à saída dessa vida terrestre! (2)
(2) Espanta-se que os Espíritos possam escolher uma encarnação num desses meios onde estão em contato incessante com a corrupção; entre aqueles que se encontram nessas posições ínfimas da sociedade, uns as escolheram por gosto, e para achar como satisfazer seus pendores ignóbeis; outros, por missão e por dever, para tentar tirar seus irmãos da lama, e para ter mais méritos em lutar, eles mesmos, contra perniciosos arrastamentos, e sua recompensa será em razão da dificuldade vencida. Tal entre nós é o operário que é pago em proporção do perigo que ele corre no exercício de sua profissão.
Que aqueles que se encontrem em posição semelhante meditem bem estas palavras; que se compenetrem bem do Espírito que elas encerram, e se operará neles uma revolução benfazeja que fará suceder as doces efusões do coração aos apertos do egoísmo.
Que fará, como disse o Evangelho, desses homens homens novos?
E, para cumprir esse grande milagre, o que é preciso? É preciso que queiram bem reportar seu pensamento àquilo que estão destinados a se tornar depois de sua morte. Estão todos convencidos de que um amanhã pode não existir para eles; mas, amedrontados pelo sombrio e desolador quadro das penas eternas, nas quais recusam crer por intuição, se abandonam à corrente da vida atual; se deixam arrastar por essa cupidez febril que os leva a amontoar sempre, por todos os meios permitidos ou não; arruinam sem piedade um pobre pai de família, e prodigalizam ao vício somas que bastariam para fazer viver uma cidade inteira durante vários dias. Afastam os olhos do momento fatal. Ah! se pudessem olhá-lo em face e de sangue-frio como mudariam depressa de conduta! como se os veríamos solícitos a devolver ao seu legítimo proprietário esse pedaço de pão negro que tiveram a crueldade de lhe arrancar para aumentar, ao preço de uma injustiça, uma fortuna construída de injustiças acumuladas! Para isto o que é preciso? é preciso que a luz espírita brilhe; é preciso que se possa dizer, como um grande general disse de uma grande nação: O Espiritismo é como o Sol, cego quem não o vê! Os homens que se dizem e que se crêem cristãos e que repelem o Espiritismo são bem cegos!
Qual é a missão da Doutrina que a mão onipotente do Criador semeou no mundo no momento presente? É de conduzir os incrédulos à fé, os desesperados à esperança, os egoístas à caridade. Eles se dizem cristãos e lançam o anátema à doutrina de Jesus Cristo! É verdade que pretendem que é o Espírito maligno que, para melhor disfarçar, vem pregar essa doutrina no mundo. Infelizes cegos! pobres doentes! que Deus queira bem, em sua inesgotável bondade, fazer cessar vossa cegueira e pôr um termo aos males que vos obsidiam!
Quem vos disse que era o Espírito do mal? quem? disso não sabeis nada. Pedistes a Deus para vos esclarecer sobre esse assunto? Não, ou se o fizestes, tínheis uma idéia preconcebida. O Espírito do mal! Sabeis quem vos disse que é o Espírito do mal? foi o orgulho, o próprio Espírito do mal que vos leva a condenar, coisa revoltante! a condenar, digo, o Espírito de Deus representado pelos bons Espíritos que envia ao mundo para regenerá-lo!
Examinai pelo menos a coisa e, seguindo as regras estabelecidas, condenai ou absolvei. AN se quisésseis somente lançar um golpe de olhar sobre os resultados inevitáveis que deve trazer o triunfo do Espiritismo; se quisésseis ver os homens se considerando enfim como irmãos, todos convencidos de que, de um momento para outro, Deus lhes pedirá conta da maneira pela qual cumpriram a missão que lhes havia dado; se quisésseis ver por toda a parte a caridade tomando o lugar do egoísmo, o trabalho tomando por toda parte o lugar da preguiça; - porque, vós o sabeis, o homem nasceu para o trabalho: Deus dele lhe fez uma obrigação à qual não pode se subtrair sem transgredir as ordens divinas; - se quisésseis ver de um lado esses infelizes que dizem: Condenados neste mundo, condenados no outro, sejamos criminosos e gozemos; e de outro esses homens de metal, esses açambarcadores da fortuna de todos, que dizem: A alma é uma palavra; Deus não existe; se nada existe entre nós depois da morte, gozemos a vida; o mundo se compõe de exploradores e de explorados; gosto mais de fazer parte dos primeiros que dos segundos; depois de mim o dilúvio! Se transportásseis vossos olhares sobre esses dois homens que, em ambos, personificam o roubo, a extorsão da boa companhia e a que conduz à prisão; se os vísseis transformados pelas crenças na imortalidade que lhes deu o Espiritismo, ousaríeis dizer que foi pelo Espírito do mal?
Vejo vossos lábios se franzirem de desdém, e vos ouço dizer: Somos nós que pregamos a imortalidade, e temos crédito para isto.
Ter-se-á sempre mais confiança em nós do que nesses sonhadores vazios que, se não são velhacos, sonharam que os mortos saíam de seus túmulos para se comunicarem com eles. A isto sempre a mesma resposta: Examinai, e se, convencidos uma boa vez, o que não pode faltar se sois sinceros, em lugar de maldizer, bendireis, o que deve estar sempre mais em vossas atribuições segundo a lei de Deus.
A lei de Deus! dela sois, segundo vós, os únicos depositários, e vos espantais que outros tomem uma iniciativa que, segundo vós, não pertence senão unicamente a vós? Pois bem! escutai o que os Espíritos enviados de Deus encarregaram de vos dizer:
'Vós que tomais a sério vosso ministério, sereis benditos, porque tereis cumprido todas as obras, não só ordenadas, mas aconselhadas pelo divino Mestre. E vós que haveis considerado o sacerdócio como um meio de chegar humanamente, vós não sereis malditos, embora tenhais amaldiçoados a outros, mas Deus vos reserva uma punição mais justa.
"Virá o dia em que sereis obrigados a vos explicar publicamente sobre os fenômenos espíritas, e esse dia não está longe. Então vos encontrareis na necessidade de julgar, uma vez que vos' erigistes em tribunal; de julgar quem? o próprio Deus, porque nada chega sem a sua permissão.
'Vede onde vos conduziu o Espírito do mal, quer dizer, o orgulho! em lugar de vos inclinar e de adorar, vos endurecestes contra a vontade Daquele único que tem o direito de dizer: Eu quero, e dizeis que o demônio é que quem diz: Eu quero!
"E, agora se persistis em não crer senão nas manifestações dos maus Espíritos, lembrai-vos das palavras do Mestre que acusavam de expulsar os demônios em nome de Belzebu: 'Todo reino dividido contra si mesmo perecerá."
HIPPOLYTE FORTOUL.
O Corvo e a Raposa.
(Sociedade Espírita de Paris, 8 de agosto de 1862. - Médium, Sr. Leymarie.)
Desconfiai dos aduladores: é a raça mentirosa; são as encarnações de dupla cara que riem para vos enganar; infeliz de quem nele crê, os escuta, porque as noções da verdade são logo pervertidas nele. E, no entanto, quantas pessoas se deixam prender nesse engodo mentiroso da adulação! escutam com paciência o velhaco que acaricia suas fraquezas, ao passo que repelem o amigo sincero que lhes diz a verdade e lhes dá sábios conselhos; atraem o falso amigo, ao passo que afastam o amigo verdadeiro e desinteressado; para agradar-lhes, é preciso adulá-los, tudo aprovar, tudo aplaudir, achar tudo bem, mesmo o absurdo; e, coisa estranha! repelem os conselhos sensatos, e crerão numa mentira do primeiro que chegue, se essa mentira lisonjeia suas idéias. Que quereis? Eles querem ser enganados e o são; e muito tarde, freqüentemente, disso vêem as conseqüências, mas então o mal está feito e, algumas vezes, não tem remédio.
De onde vem isso? A causa disto é quase sempre múltipla. A primeira, sem contradita, é o orgulho que os cega sobre a infalibilidade de seu próprio mérito que crêem superior a todo outro; também o tomam sem dificuldade por tipo do senso comum; a segunda prende-se a uma falta de julgamento que não lhes permite ver o forte e o fraco das coisas; mas é ainda aqui o orgulho que oblitera o julgamento; porque, sem orgulho, eles desconfiariam de si mesmos e disso se reportariam àqueles que possuem mais experiência. Crede bem também que os maus Espíritos nisso não são sempre estranhos; eles gostam de mistificar, de estender armadilhas e quem pode melhor nelas cair do que o orgulhoso que se lisonjeia? O orgulho é para ele o defeito da couraça em uns, como a cupidez é em outros, e sabem habilmente disso aproveitarem, mas evitam com cuidado dirigir-se ao mais fortes do que eles, moralmente falando. Quereis vos subtrair à influência dos maus Espíritos? Subi, subi tão alto em virtudes que não possam vos alcançar, e então sereis por eles temidos; mas se deixais arrastar uma ponta de corda a ela se agarrarão para vos forçar a descer; chamar-vos-ão com sua voz melosa, gabarão vossa plumagem, e fareis como o corvo, deixareis cair o vosso queijo.
SONNET.
A Razão e o Sobrenatural.
(Sociedade Espírita de Paris. - Médium, Sr. A. Didier.)
O homem é limitado em sua inteligência e em suas sensações. Ele não pode compreender além de certos limites, e pronuncia então esta palavra sacramentai e que põe fim a tudo: Sobrenatural.
A palavra sobrenatural, na ciência nova que estudais, é uma palavra de convenção; ela existe para nada exprimir. Com efeito, que quer dizer essa palavra? Fora da Natureza; além daquilo que nos é conhecido. O que de mais insensato, de mais absurdo do que aplicar essa palavra a tudo o que está fora de nós! Para o homem que pensa, a palavra sobrenatural não é definitiva; ela é vaga, faz pressentir. Conhece-se a frase banal do incrédulo por ignorância: "É sobrenatural. Ora, a razão, etc., etc." O que é a razão? Pois bem! Quando a Natureza, se ampliando e agindo como rainha, nos mostra os tesouros desconhecidos, a razão torna-se, pois, nesse sentido insensata e absurda, uma vez que ela persiste malgrado os fatos. Ora, se é o fato, é que a Natureza o permite. A Natureza tem para nós algumas manifestações sublimes, sem dúvida, mas que são muito restritas, entrando-se no domínio do desconhecido. Ah! quereis folhear a Natureza; quereis conhecer a causa das coisas, causa rerum, e credes que não é preciso colocar a vossa razão banal de lado? Mas pilheriais, senhores. O que é a razão humana, senão a maneira de pensar de vosso mundo? Correi de planeta em planeta, e credes que a razão deve ali vos acompanhar? Não, senhores: a única razão que deveis crer no meio de todos esses fenômenos, é o sangue-frio e a observação nesse ponto de vista, e não no ponto de vista da incredulidade.
Ultimamente tocamos em questões bem sérias, vós vos lembrais; mas, no meio daquilo que dizíamos, não concluímos que todo mal vem dos homens; depois de muitas lutas, depois de muitas discussões, vêm também os bons pensamentos, uma fé nova e esperanças novas. O Espiritismo, como vos disse ultimamente, é a luz que deve clarear doravante toda inteligência que tende ao progresso. A prece será o único dogma e a única prática do Espiritismo, quer dizer, a harmonia e a simplicidade; a arte será nova, porque será fecundada por idéias novas. Pensai que toda obra inspirada por uma idéia filosófica religiosa é sempre uma manifestação poderosa e sadia; o Cristo será sempre a Humanidade, mas isso não será mais a Humanidade sofredora: será a Humanidade triunfante.
LAMENNAIS.

ALLAN KARDEC

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Espiritismo é uma religião




Espiritismo sem Jesus?

(Entrevistas com Chico Xavier Versus reflexões de Francisco Amado)

Francisco Cândido Xavier

- Chico, estão querendo separar a parte científica, filosófica e religiosa da Doutrina, dizendo que o Espiritismo não é religião, isto é, estão querendo tirar Jesus do Espiritismo. O que você acha de tudo isso?

A resposta não se fez esperar:
- Se tirarmos Jesus do Espiritismo, vira comédia. Se tirarmos Religião do Espiritismo, vira um negócio. A Doutrina Espírita é ciência, filosofia e religião. Se tirarmos a religião, o que é que fica?

F.Amado – Quer dizer O "Livro dos Espíritos" mais os cinco volumes da codificação doutrinária, os volumes subsidiários e mais os doze volumes da Revista Espírita, que nos oferecem o registro minucioso das pesquisas realizadas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.
Na visão de Chico todo este trabalho sem Jesus vira comédia?
Uma dúvida que me surge é a seguinte de onde saiu esta informação mentirosa que alguém quer tirar Jesus do espiritismo? Esta me parecendo mais com a;
"Falácia do Espantalho". Trata-se de construir uma versão distorcida da idéia que se quer atacar, torná-la mais frágil, e então refutá-la e ridicularizá-la, dando a impressão que se "destruiu" as idéias do adversário, quando na verdade, se atacou apenas uma versão deturpada, "espantalho", dela.

A filosofia humana, embora seja uma conversa sem fim, tem ajudado a clarear o pensamento, mas não consola perante a dor de um filho morto.

F.Amado - O objeto da filosofia é a reflexão, o movimento do pensamento que nos permite recuar, nos distanciarmos dos fatos aparentemente banais para buscarmos seus fundamentos. E nesta busca que não visa uma fé cega mas raciocinada podemos encontrar consolo.
A promessa evangélica do Consolador se cumpre na Doutrina Espírita de maneira positiva e não através de cantigas de ninar, de palavrório anestesiante. A própria dureza do mundo atual, com suas atrocidades, sua ganância, sua criminalidade aviltante, mostra-nos que o tempo dos Contos da Carochinha já passou, que a Humanidade entrou na fase da madureza e tem de aprender a enfrentar os seus problemas por si mesma.

A ciência humana, embora seja uma pergunta infindável, está aí em nome de Deus.
Antigamente tínhamos a varíola, mas Deus, inspirando a inteligência humana, nos deu a vacina e hoje a varíola está quase eliminada da face da terra.
Sofríamos com o problema da distância, mas a bondade divina, inspirando a cabeça dos cientistas, nos trouxe o motor. Hoje temos o barco, o carro, o avião suprimindo distâncias... o telefone aliviando ansiedades... a televisão colocou o mundo dentro de nossas casas. Tínhamos medo da escuridão, mas a misericórdia divina nos enviou a lâmpada, através da criatividade humana.
A dor nos atormentava, mas a compaixão divina nos enviou a anestesia.
Há, porém, uma coisa em que a ciência não tem conseguido ajudar. Ela não tem conseguido eliminar o ódio do coração humano. Não há farmácias vendendo remédios contra o egoísmo, o orgulho, a vaidade, a inveja, o ciúme... Não podemos pedir misericórdia a um computador.

F. Amado - Não é da alçada da ciência o egoísmo e o ódio, como não é da alçada da religião provar a sobrevivência do ser. Sobre esta questão de menosprezar a ciência fico com o discurso de William Crokes “Se algum dia, o Ideal da paz universal for realizado, indiscutivelmente não vai ser resultados de discursos ou agitações políticas mas, sim de progressos dos conhecimentos científicos pelo que teremos que agradecer a verdadeiros heróis como, Copérnico, Galiléu, Kepler, Newton e muitos outros.”

Jesus, porém, está na nossa vivência diária, porquanto em nossas dificuldades e provações, o primeiro nome de que nos lembramos, capaz de nos proporcionar alívio e reconforto, é JESUS.

F.Amado – Bem na minha visão acreditar em Deus ou Jesus não torna as pessoas automaticamente melhores. Elas ficam boas quando se sensibilizam com a vida.
Fato é que existe muito ateu de carteirinha que dá emprego, monta fábricas, gosta e trabalha pelas crianças, se ocupa com o meio ambiente, está sempre envolvida em causas de defesa social. E de outro lado não é difícil encontramos outras pessoas batendo no peito, de joelhos, até agarradas à corda do Círio e que são frias, indiferentes ao sofrimento do outro.

De maneira que se tirarmos a religião do Espiritismo fica um corpo sem coração, se tirarmos a ciência fica um corpo sem cabeça e se tirarmos a filosofia fica um corpo sem membros.

F.Amado – Bem teremos que em primeiro lugar saber quem colocou a religião na doutrina pois, kardec não foi e isto esta bem claro na Revista Espírita de 1868. E se ficarmos sem coração quer dizer que quem raciocina não tem sentimentos?
Ou que a religião é o único caminho que leva a Deus? e para concluir finaliza esquartejando a doutrina para justificar a Falácia do Espantalho.

Perdi uns 1.000 Bônus horas agora, aposto que muita gente que ler isso vai ver o dedo do demo nestas explicações, e vai dizer pobre irmãozinho esta a serviço dos agentes das trevas e não sabe.


(Entrevistas com Chico Xavier - VERSUS - Reflexão de Francisco Amado)


O Espiritismo não é uma religião? 2º PARTE



O Espiritismo não é uma religião? 2º PARTE

REVISTA ESPIRITA
11o ANO NO. 12 DEZEMBRO 1868
SESSÃO ANUAL COMEMORATIVA DOS MORTOS
(Sociedade de Paris, 1° de novembro de 1868)
DISCURSO DE ABERTURA PELO SR. ALLAN KARDEC (1)

Por que não teriam assembléias religiosas, como eles têm assembléias políticas, científicas e industriais? Está aí uma bolsa onde se ganha sempre sem fazer ninguém perder nada. Isto não impede as fundações em proveito dos infelizes;
mas dizemos além que quando os homens compreenderem melhor seus interesses do céu, haverá menos gente nos hospícios.
Se as assembléias religiosas, nós falamos em geral, sem fazer alusão a nenhum
culto, muito freqüentemente se afastaram do objetivo primitivo principal, que é a
comunhão fraterna do pensamento; se o ensino que ali é dado nem sempre segue o movimento progressivo da Humanidade é que os homens não realizam todos os
progressos ao mesmo tempo; o que eles não fazem num período, o fazem num outro; à medida que se esclarecem, vêem as lacunas que existem em suas instituições, e as preenchem; eles compreendem que o que era bom em uma época, em relação ao grau da civilização, torna-se insuficiente num estado mais avançado, e restabelecem o nível.

O Espiritismo, nós o sabemos, é a grande alavanca do progresso em todas as coisas; ele marca uma era de renovação. Saibamos, pois, esperar, e não pecamos a uma época mais do que ela pode dar. Como as plantas, é preciso que as idéias amadureçam para serem colhidos seus frutos. Saibamos, além disto, fazer as concessões necessárias às épocas de transição, porque nada, na Natureza, se opera de maneira brusca e instantânea.

Dissemos que o verdadeiro objetivo das assembléias religiosas deve ser a
comunhão de pensamentos; é que, com efeito, a palavra religião quer dizer /aço; uma religião, em sua acepção ampla e verdadeira, é um laço que religa os homens numa comunhão de sentimentos, de princípios e de crenças; consecutivamente, esse nome foi dado a esses mesmos princípios codificados e formulados em dogmas ou artigos de fé.

É nesse sentido que se diz: a religião política', no entanto, mesmo nesta acepção, a palavra religião não é sinônimo de opinião; ela implica uma idéia particular: a de fé conscienciosa; é porque se diz também: a fé política. Ora, os homens podem se alistar, por interesse, num partido, sem ter a fé desse partido, e a prova disto é o que o deixam, sem escrúpulo, quando encontram seu interesse em outra parte, ao passo que aquele que o abraça por convicção é inabalável; ele persiste ao preço dos maiores sacrifícios e é a abnegação dos interesses pessoais que é a verdadeira pedra de toque da fé sincera. No entanto, se a renúncia a uma opinião, motivada por interesse, é um ato de covardia desprezível, ela é respeitável, ao contrário, quando é o fruto do reconhecimento do erro em que se está; é,
então, um ato de abnegação e de razão. Há mais coragem e grandeza em reconhecer abertamente que se está errado, do que persistir, por amor-próprio, naquilo que se sabe ser falso, e para não dar um desmentido a si mesmo, o que acusa mais teimosia do que firmeza, mais orgulho do que julgamento, e mais fraqueza do que força. É mais ainda: é a hipocrisia, porque se quer parecer o que não se é; é, além disso má ação, porque é encorajar o erro por seu próprio exemplo.
O laço estabelecido por uma religião, qualquer que lhe seja o objeto, é, pois, um laço essencialmente moral, que religa os corações, que identifica os pensamentos, as aspirações, e não é somente o fato de compromissos materiais, que se quebram à vontade, ou do cumprimento de fórmulas que falam aos olhos mais do que ao espírito.

O efeito desse laço moral é de estabelecer entre aqueles que une, como conseqüência da comunhão de objetivos e de sentimentos, a fraternidade e a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas. É nesse sentido que se diz também: a religião da amizade, a religião da família.

Se assim é, dir-se-á, o Espiritismo é, pois, uma religião?
Pois bem, sim! sem dúvida, Senhores; no sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e disto nos glorificamos, porque é a doutrina que fundamenta os laços da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre as bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza.

Por que, pois, declaramos que o Espiritismo não é uma religião?

Pela razão de que não há senão uma palavra para expressar duas idéias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; que ela desperta exclusivamente uma idéia de forma, e que o Espiritismo não a tem.

Se o Espiritismo se dissesse religião, o público não veria nele senão uma nova edição, uma variante, querendo-se, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com um cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das idéias de misticismo, e dos abusos contra
os quais a opinião freqüentemente é levantada.

O Espiritismo, não tendo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra, não se poderia, nem deveria se ornar de um título sobre o valor do qual, inevitavelmente, seria desprezado; eis porque ele se diz simplesmente: doutrina filosófica e moral.

As reuniões espíritas podem, pois, ser mantidas religiosamente, quer dizer, com
recolhimento e o respeito que comporta a natureza séria dos assuntos dos quais ela se ocupa; pode-se mesmo ali dizer, se for possível, as preces que, em lugar de serem ditas em particular, são ditas em comum, sem ser por isto que se entendam por assembléias religiosas.

Que não se creia que esteja aí um jogo de palavras; a nuança é perfeitamente
clara, e a aparente confusão não vem senão da falta de uma palavra para cada idéia.

Qual é, pois, o laço que deve existir entre os Espíritas? Eles não são unidos entre si por nenhum contrato material, por nenhuma prática obrigatória; qual é o sentimento no qual devem se confundir todos os pensamentos? É um sentimento todo moral, todo espiritual, todo humanitário: o da caridade para todos, de outro modo dito: o amor do próximo que compreende os vivos e os mortos, uma vez que sabemos que os mortos sempre fazem parte da Humanidade.

A caridade é a alma do Espiritismo: ela resume todos os deveres do homem para
consigo mesmo e para com os seus semelhantes; é porque pode se dizer que não há verdadeiro Espírita sem caridade.
Mas a caridade é ainda uma dessas palavras de sentido múltiplo, da qual é
necessário bem compreender toda a importância; e se os Espíritos não cessam de pregála e de defini-la, é que, provavelmente, reconhecem que isto é ainda necessário.
O campo da caridade é muito vasto; ele compreende duas grandes divisões que, por falta de termos especiais, podem designar-se pelas palavras: Caridade beneficente e caridade benevolente.

Compreende-se facilmente a primeira, que é naturalmente proporcional aos recursos materiais dos quais se dispõe; mas a segunda está ao alcance de todo o mundo, do mais pobre como do mais rico. Se a beneficência é forçosamente limitada, nenhuma outra senão a vontade pode pôr limites à benevolência.
O que é preciso, pois, para praticar a caridade benevolente? Amar seu próximo
como a si mesmo: ora, amando-se ao seu próximo quanto a si mesmo, se o amará muito; se agirá para com outrem como se gosta que os outros ajam para conosco, não se desejará nem se fará mal a ninguém, porque não gostaríamos que no-lo fizessem.
Amar seu próximo é, pois, abjurar todo sentimento de ódio, de animosidade, de
rancor, de inveja, de ciúme, de vingança, em uma palavra, todo desejo e todo
pensamento de prejudicar; é perdoar os seus inimigos e restituir o bem onde haja o mal; é ser indulgente para com as imperfeições de seus semelhantes e não procurar a palha no olho de seu vizinho, então que não se vê a trave que está no seu; é ocultar ou desculpar as faltas de outrem, em lugar de se comprazer em pô-las em relevo pelo espírito de denegrir; é ainda não se fazer valer às custas dos outros; de não procurar esmagar ninguém sob o peso de sua superioridade; de não desprezar ninguém por orgulho.

Eis a verdadeira caridade benevolente, a caridade prática, sem a qual a caridade é uma palavra vã; é caridade do verdadeiro Espírita como do verdadeiro cristão; aquela sem a qual aquele que diz: Fora da caridade não há salvação, pronuncia a sua própria condenação,neste mundo tão bem quanto no outro.

Quantas coisas haveria a se dizer sobre este assunto! Quantas belas instruções nos dão, sem cessar, os Espíritos! Sem o medo de ser muito longo e de abusar de vossa paciência, senhores, seria fácil demonstrar que, em se colocando do ponto de vista do interesse pessoal, egoísta, querendo-se, porque todos os homens não estão ainda maduros para uma abnegação completa, para fazer o bem unicamente pelo amor ao bem, seria, digo eu, fácil de demonstrar que têm tudo a ganhar agindo da maneira e tudo a perder agindo de outro modo, mesmo em suas relações sociais; depois, o bem atrai o bem e a proteção dos bons Espíritos; o mal atrai o mal e abre a porta à maldade dos maus.

Cedo ou tarde o orgulhoso é castigado pela humilhação, o ambicioso pelas
decepções, o egoísta pela ruína de suas esperanças, o hipócrita pela vergonha de ser desmascarado; aquele que abandona os bons Espíritos por eles é abandonado, e, de queda em queda, se vê, enfim, no fundo do abismo, ao passo que os bons Espíritos levantam e sustentam aquele que, em suas maiores provas, não deixa de confiar na Providência e não desvia jamais do caminho reto; aquele, enfim, cujo secretos sentimentos não escondem nenhum pensamento dissimulado de vaidade ou de interesse pessoal.

Portanto, de um lado, ganho assegurado; do outro, perda certa; cada um, em
virtude de seu livre arbítrio, pode escolher a chance que quer correr, mas não poderá tomar senão de si mesmo as conseqüências de sua escolha.
Crerem um Deus todo-poderoso, soberanamente justo e bom; crer na alma e em sua imortalidade; na preexistência da alma como única justificativa do presente; na pluralidade das existências como meio de expiação, de reparação e de adiantamento intelectual e moral; na perfectibilidade dos seres mais imperfeitos; na felicidade crescente na perfeição; na eqüitativa remuneração do bem e do mal, segundo o princípio: a cada um segundo as suas obras; na igualdade da justiça para todos, sem exceções, favores nem privilégios para nenhuma criatura; na duração da expiação limitada à da imperfeição; no livre arbítrio do homem, que lhe deixa sempre a escolha entre o bem e o mal; crer na continuidade das relações entre o mundo visível e o mundo invisível, na solidariedade que religa todos os seres passados, presentes e futuros, encarnados e desencarnados, considerar a vida terrestre como transitória e uma das fases da vida do Espírito, que é
eterno; aceitar corajosamente as provações, tendo em vista o futuro mais invejável do que o presente; praticar a caridade em pensamentos, em palavras e em ações na mais ampla acepção da palavra; se esforçar cada dia para ser melhor do que na véspera, extirpando alguma imperfeição de sua alma; submeter todas as suas crenças ao controle do livre exame e- da razão, e nada aceitar pela fé cega; respeitar todas as crenças sinceras, por irracionais que nos pareçam, e não violentar a consciência de ninguém; ver, enfim, nas diferentes descobertas da ciência a revelação das leis da Natureza, que são as leis de Deus: eis o Credo, a religião do Espiritismo, religião que pode se conciliar com todos os cultos, quer dizer, com todas as maneiras de adorar a Deus.

É o laço que deve unir todos os Espíritas em uma santa comunhão de pensamentos, à espera que una todos os homens sob a bandeira da fraternidade universal.
Com a fraternidade, filha da caridade, os homens viverão em paz, se poupando os
males inumeráveis que nascem da discórdia, filha, a seu turno, do orgulho, do egoísmo, da ambição, do ciúme e de todas as imperfeições da Humanidade.

O Espiritismo dá aos homens tudo o que é preciso para sua felicidade neste mundo, porque lhes ensina a se contentarem com aquilo que têm; que os Espíritas sejam, pois, os primeiros a aproveitarem os benefícios que ele traz, e que inaugura entre eles o reino da harmonia, que resplandecerá nas gerações futuras.

Os Espíritos que nos cercam aqui são inumeráveis, atraídos pelo objetivo que nos
propusemos em nos reunindo, a fim de darem aos nossos pensamentos a força que nasce da união. Doemos àqueles que nos são caros uma boa lembrança e um testemunho de nossa afeição, os encorajamentos e as consolações àqueles que deles têm necessidade. Façamos de maneira que cada um receba a sua parte dos sentimentos de caridade benevolente, da qual estaremos animados, e que esta reunião traga os frutos que todos estão no direito de esperá-los.

_ALLAN KARDEC.

Espiritismo não é uma religião,Espiritismo não é uma religião
Espiritismo não é uma religião,Espiritismo não é uma religião
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Por que, pois,declaramos que o Espiritismo não é uma religião? 1º PARTE


Por que, pois,declaramos que o Espiritismo não é uma religião?
1º PARTE

(1) A primeira parte desse discurso foi tomada de uma publicação anterior sobre a Comunhão de pensamentos, mas que era necessário lembrar, por causa da sua ligação com a idéia principal.

REVISTA ESPIRITA
11o ANO NO. 12 DEZEMBRO 1868
SESSÃO ANUAL COMEMORATIVA DOS MORTOS
(Sociedade de Paris, 1° de novembro de 1868)
DISCURSO DE ABERTURA PELO SR. ALLAN KARDEC (1)

"Em qualquer lugar que se encontrem duas ou três pessoas reunidas em meu nome, eu me encontro ali no meio delas." (S. Mateus, cap. XVIII, v. 20.)

Caros irmãos e irmãs espíritas Estão reunidos, neste dia consagrado pelo uso à comemoração dos mortos, para dar àqueles de nossos irmãos que deixaram a Terra, um testemunho particular de simpatia; para continuar as relações de afeto e de fraternidade que existiam entre eles e nós quando vivos, e para chamar sobre eles as bondades do Todo-Poderoso. Mas porque nos reunir? Não podemos fazer, cada um em particular, o que nos propomos fazer em comum?

Que utilidade pode nisto terem se reunir assim num dia determinado?
Jesus no-lo indica pelas palavras que reportamos acima. Esta utilidade está no
resultado produzido pela comunhão de pensamentos que se estabelece entre pessoas reunidas com um mesmo objetivo.
Mas compreende-se bem toda a importância desta palavra: Comunhão de
pensamentos? Seguramente, até este dia, poucas pessoas dela se fizeram uma idéia completa. O Espiritismo, que tantas coisas nos explica pelas leis que nos revela, vem ainda nos explicar a causa, os efeitos e o poder desta situação do Espírito.
Comunhão de pensamento quer dizer pensamento comum, unidade de intenção, de vontade, de desejo, de aspiração. Ninguém pode desconhecer que o pensamento seja uma força; mas é uma força puramente moral e abstrata? Não; de outro modo não se explicariam certos efeitos do pensamento, e ainda menos da comunhão de pensamento.
Para compreendê-lo, é preciso conheceras propriedades e a ação dos elementos que constituem a nossa essência espiritual, e é o Espiritismo que no-lo ensina.
O pensamento é o atributo característico do ser espiritual; é ele que distingue o
espírito da matéria: sem o pensamento, o espírito não seria espírito. A vontade não é um atributo especial do espírito, é o pensamento chegado a um certo grau de energia; é o pensamento tornado força motora.

É pelo pensamento que o espírito imprime aos membros e ao corpo os movimentos num sentido determinado. Mas se ele tem o poder de agir sobre os órgãos materiais, quanto esta força deve ser maior sobre os elementos fluídicos que nos cercam! O pensamento age sobre os fluidos ambientes, como o som age sobre o ar; esses fluidos nos trazem o pensamento como, o ar nos traz o som.

Podese, pois, dizer com toda a verdade que há nesses fluidos ondas e raios de pensamentos que se cruzam sem se confundirem, como há no ar ondas e raios sonoros.
Uma assembléia é um foco de onde irradiam pensamentos diversos; é como uma
orquestra, um coro de pensamentos onde cada um produz uma nota. Disto resulta uma multidão de correntes e de eflúvios fluídicos dos quais cada um recebe a impressão pelo sentido espiritual, como num coro de música, cada um recebe a impressão dos sons pelo sentido do ouvido.

Mas, do mesmo modo que há raios sonoros harmônicos ou discordantes, há também pensamentos harmônicos ou discordantes. Se o conjunto é harmônico, a impressão é agradável; se é discordante, a impressão é penosa. Ora, por isto, não há necessidade de que o pensamento seja formulado em palavras; a irradiação fluídica não existe menos, quer ela seja expressada ou não; se todos são benevolentes, todos os assistentes nele experimentam um verdadeiro bem-estar, e se sentem comodamente; mas se é misturada com alguns pensamentos maus, eles produzem um efeito de uma corrente de ar gelado no meio tépido.
Tal é a causa do sentimento de satisfação que se sente numa reunião simpática; ali reina como uma atmosfera moral saudável, onde se respira comodamente; dali se sai reconfortado, porque se está impregnado de eflúvios salutares.

Assim se explicam também a ansiedade, o mal-estar indefinível que se sente num meio antipático, onde os pensamentos malévolos provocam, por assim dizer, correntes fluídicas doentias.
A comunhão de pensamentos produz, pois, uma espécie de efeito físico que reage
sobre o moral; é o que só o Espiritismo poderia fazer compreender. O homem o sente instintivamente, uma vez que procura as reuniões onde ele sabe encontrar essa comunhão; nessas reuniões homogêneas e simpáticas, ele haure novas forças morais; poder-se-ia dizer que ali recupera as perdas fluídicas que ele faz cada dia pela irradiação do pensamento, como recupera pelos alimentos as perdas do corpo material.

A esses efeitos da comunhão de pensamentos junta-se um outro que lhe é
conseqüência natural, e que importa não perder de vista: é a força que adquire o
pensamento ou a vontade, pelo conjunto dos pensamentos ou vontades reunidas. Sendo a vontade uma força ativa, esta força é multiplicada pelo número das vontades idênticas, como a força muscular é multiplicada pelo número dos braços.
Estabelecido este ponto, concebe-se que nas relações que se estabelecem entre os homens e os Espíritos, haja, numa reunião onde reina uma perfeita comunhão de pensamentos, uma força atrativa ou repulsiva que um indivíduo isolado nem sempre possui.

Se, até o presente, as reuniões muito numerosas são menos favoráveis, é pela
dificuldade de obter uma homogeneidade perfeita de pensamentos, o que se prende à imperfeição da natureza humana sobre a Terra. Quanto mais as reuniões são numerosas, mais nela se misturam elementos heterogêneos que paralisam a ação dos bons elementos, e que são como os grãos de areia numa engrenagem.

Não ocorre o mesmo nos mundos mais avançados, e esse estado de coisas mudará sobre a Terra, à medida que os homens se tornarem melhores.
Para os Espíritas, a comunhão de pensamentos tem um resultado mais especial
ainda. Vimos o efeito dessa comunhão de homem a homem; o Espiritismo nos prova que ela não é menor dos homens para os Espíritos, e reciprocamente. Com efeito, se o pensamento coletivo adquire força pelo número, um conjunto de pensamentos idênticos, tendo o bem por objetivo, terá mais força para neutralizar a ação dos maus Espíritos; também vemos que a tática destes últimos é de levar à divisão e ao isolamento. Sozinho, um homem pode sucumbir, ao passo que se sua vontade está corroborada por outras vontades, ele poderá resistir, segundo o axioma:

A união faz a força, axioma verdadeiro no moral como no físico.
De um outro lado, se a ação dos Espíritos malévolos pode ser paralisada por um
pensamento comum, é evidente que a dos bons Espíritos será secundada; sua influência salutar não encontrará obstáculos; seus eflúvios fluídicos, não sendo detidos por correntes contrárias, se derramarão sobre todos os assistentes, precisamente porque todos os terão atraído pelo pensamento, não cada um em seu proveito pessoal, mas em proveito de todos, segundo a lei de caridade.

Descerão sobre eles em língua de fogo, para nos servir de uma admirável imagem do Evangelho.
Assim, pela comunhão de pensamentos, os homens se assistem entre si, e, ao
mesmo tempo, assistem os Espíritos e são por eles assistidos. As relações do mundo visível e do mundo invisível não são mais individuais, são coletivas, e, por isto mesmo mais poderosas para o proveito das massas, como para o dos indivíduos; em uma palavra, ela estabelece a solidariedade, que é a base da fraternidade.

Cada um não trabalha só para si, mas para todos, e em trabalhando todos cada um nisso encontra sua conta; é o que o egoísmo não compreende.
Graças ao Espiritismo, pois, compreendemos o poder e os efeitos do pensamento
coletivo; explicamo-nos melhor o sentimento de bem-estar que se experimenta num meio homogêneo e simpático; mas sabemos igualmente que ocorre o mesmo com os Espíritos, porque eles também recebem os eflúvios de todos os pensamentos benevolentes que se elevam para eles, como uma emanação de perfume. Aqueles que são felizes sentem uma maior alegria desse concerto harmônico; aqueles que sofrem dele sentem um maior alívio.

Todas as reuniões religiosas, seja qualquer culto a que pertençam, são fundadas
sobre a comunhão de pensamentos; é aí, com efeito, que ela deve e pode exercer toda a sua força, porque o objetivo deve ser o desligamento do pensamento das amarras da matéria. Infelizmente, a maioria se afastou deste princípio, à medida que fizeram da religião uma questão de forma.

Disto resultou que, cada um fazendo consistir seu dever no cumprimento da forma, se acredita quite com Deus e com os homens, quando praticou uma fórmula. Disto resulta ainda que cada um vai aos lugares de reuniões religiosas com um pensamento pessoal, por sua própria conta, e, o mais freqüentemente, sem nenhum sentimento de confraternização em relação aos outros assistentes: ele está isolado no meio da multidão, e não pensa no céu senão para si mesmo.

Não era certamente assim que o entendia Jesus quando disse: "Quando estiverdes vários reunidos em meu nome, eu estarei em vosso meio." Reunidos em meu nome, quer dizer, com um pensamento comum; mas não se pode estar reunidos em nome de Jesus sem assimilar os seus princípios, a sua doutrina; ora, qual é o princípio fundamental da doutrina de Jesus?

A caridade em pensamentos, em palavras e em ações.
Os egoístas e os orgulhosos mentem quando se dizem reunidos em nome de Jesus, porque Jesus os desaprova por seus discípulos.
Tocados por esses abusos e desvios, há pessoas que negam a utilidade das
assembléias religiosas, e, por conseguinte, dos edifícios consagrados a essas
assembléias. Em seu radicalismo, eles pensam que melhor seria construir hospícios do que templos, tendo em vista que o templo de Deus está por toda a parte, que ele pode ser adorado por toda a parte, que cada um pode pedir em sua casa e a toda hora, ao passo que os pobres, os doentes e os enfermos têm necessidade de lugares de refúgio.
Mas do fato de que são cometidos abusos, de que se afastou do caminho reto,
segue-se que o caminho reto não existe, e que de tudo o que se abusa seja mau?

Falar assim é desconhecer a fonte e os benefícios da comunhão de pensamento que deve ser a essência das assembléias religiosas; é ignorar as causas que a provocam.
Que materialistas professem semelhantes idéias, se o concebe; porque, por eles, em todas as coisas fazem abstração da vida espiritual; mas da parte de espiritualistas, e melhor ainda de Espíritas, isto seria um contra-senso.

O isolamento religioso, como o isolamento social,conduz ao egoísmo. Que alguns homens sejam bastante fortes por si mesmos, bastante e largamente dotados pelo coração, para que sua fé e sua caridade não tenham necessidade de ser aquecidas em um foco comum, é possível; mas não ocorre assim com as massas, a quem é preciso um estimulante, sem o qual elas se poderiam deixar ganhar pela indiferença. Além disto, qual é o homem que possa se dizer bastante esclarecido para não ter nada a aprender no que toca aos seus interesses futuros?
bastante perfeita para abster-se de conselhos na vida presente? É sempre capaz de se instruir por si mesmo? Não; ele precisa da maioria dos ensinamentos diretos de religião e de moral, como em matéria de ciência. Sem contradita, esse ensinamento pode ser dado por toda a parte, sob a abóbada do céu como sob a de um templo; mas por que os homens não teriam lugares especiais para negócios do céu, como os têm para os negócios da Terra?

Espiritismo não é uma religião,Espiritismo não é uma religião
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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Poder curativo do magnetismo espiritual


Poder curativo do magnetismo espiritual

Revista Espírita, abril de 1865

Em nosso artigo do mês passado sobre o Dr. Demeure, prestamos uma justa homenagem às suas eminentes qualidades como homem e como Espírito. O fato seguinte é uma prova de sua benevolência, ao mesmo tempo que constata o poder curativo do magnetismo espiritual.

Escrevem-nos de Montauban:

"O Espírito do bom pai Demeure, vindo engrossar o número de nossos amigos invisíveis, que nos cuidam da moral e do físico, quis manifestar-se desde os primeiros dias por um benefício. A notícia de sua morte ainda não era conhecida dos nossos irmãos de Montauban, quando ele empreendeu espontânea e diretamente a cura de um deles por meio do magnetismo espiritual, apenas pela ação fluídica. Vedes que ele não perdia tempo e continuava como Espírito, assim como dizeis, sua obra de alívio da humanidade sofredora. Entretanto, há aqui uma importante distinção a fazer. Certos Espíritos continuam dados às suas ocupações terrenas, sem consciência de seu estado, sempre se julgando vivos. É próprio das Espíritos pouco adiantados, ao passo que o Sr. Demeure se reconheceu imediatamente e age voluntariamente como Espírito, com a consciência de, neste estado, ter maior força.

Tínhamos ocultado a morte do Sr. Demeure à Sra. G., médium vidente e sonâmbula muito lúcida, para poupar sua extrema sensibilidade. E o bom doutor, percebendo nosso ponto de vista, sem dúvida tinha evitado manifestar-se a ela. A 10 de fevereiro último, estávamos reunidos a convite de nossos guias que, diziam eles, queriam aliviar a Sra. G. de um entorse de que sofria cruelmente desde a véspera. Não sabíamos mais que isto, e estávamos longe de esperar a surpresa que nos preparavam. Apenas caída em sonambulismo, a dama soltou gritos lancinantes, mostrando o pé. Eis o que se passava:

A Sra. G. via um Espírito curvado sobre sua perna, mas as suas feições ficavam ocultas. Operava fricções e massagens, fazendo de vez em quando uma fração longitudinal sobre a parte doente, absolutamente corno teria feito um médico. A operação era tão dolorosa que a paciente por vezes vociferava e fazia movimentos desordenados. Mas a crise não teve longa duração. Ao cabo de dez minutos todo o traço de entorse havia desaparecido, não mais inflamação, o pé tinha tomado sua aparência normal. A Sra. G. estava curada.

Quando se pensa que para curar completamente uma afecção deste gênero, os mais dotados magnetizadores, os mais exercitados, sem falar da medicina oficial, que disto não cura, é necessário um tratamento cuja duração nunca é de menos de trinta e seis horas, consagrando três sessões espiritual, pode bem ser considerada como instantânea, como tanto mais razão, como diz o próprio Espírito numa comunicação que se encontra a seguir, que era de sua parte uma primeira experiência feita visando uma aplicação posterior, em caso de êxito.

Entretanto o Espírito continuava desconhecido do médium e persistia em não mostrar suas feições; dava mesmo a impressão de querer fugir, quando, de um pulo, nossa doente, que minutos antes não polia dar um passo, se lança no meio da sala para apertar a mão do seu médico espiritual. Neste momento a Sra. G. solta um grito e cai extenuada: acabava de reconhecer o Sr. Demeure no Espírito curador. Durante a síncope recebeu os cuidados dedicados de vários Espíritos simpáticos. Enfim, readquirida a lucidez sonambúlica, conversou com os Espíritos, trocando fortes apertos de mão, principalmente com o Espírito do doutor, que respondia a seus testemunhos de afeição, penetrando-a de um fluído reparador.

Não é uma cena empolgante e dramática, na qual parecia serem vistas todas as personagens representando seu papel na vida humana? Não é uma prova entre mil que os Espíritos são seres reais, tendo um corpo e agindo como faziam na terra? Estávamos felizes por encontrar o nosso amigo espiritualizado, com seu excelente coração e sua delicada solicitude. Em vida ele tinha sido médico do médium; conhecia sua extrema sensibilidade e a tinha conduzido como se sua filha. Esta prova de identidade dada aqueles a quem o Espírito amava não é tocante e apta para fazer encarar a vida futura sob seu aspecto mais consolador? Eis a comunicação recebida do Sr. Demeure, no dia seguinte a esta sessão:

"Meus bons amigos, estou ao vosso lado e vos amo sempre como no passado. Que felicidade poder comunicar-me com os que me são caros! Como fui feliz, ontem à noite, por me tornar útil e aliviar nosso caro médium vidente! É uma experiência que me servirá e que porei em prática no futuro, sempre que se apresentar uma ocasião favorável. Hoje seu filho está muito doente, mas espero que logo o curaremos. Tudo isto lhe dará coragem para perseverar no estudo do desenvolvimento de sua faculdade. (O filho da Sra. G. realmente foi curado de uma angina inflamatória, com medicação homeopática, ordenada pelo Espírito).

"Daqui a algum tempo poderemos fornecer-vos ocasião de testemunhar fenômenos que ainda não conheceis, e que serão de grande utilidade para a ciência espírita. Serei feliz em poder contribuir a essas manifestações, que teria tido tanto prazer de ver quando vivo. Mas, graças a Deus, hoje as assisto de maneira muito particular e que me prova evidentemente a verdade do que se passa entre vós. Crede, meus bons amigos, que sinto sempre um verdadeiro prazer em me tornar útil aos meus semelhantes, e os ajudar a propagar estas belas verdades, que devem mudar o mundo, trazendo-o a melhores sentimentos. Adeus, meus amigos; até a vista".

Antoine Demeure

Não é curioso ver um Espírito, já sábio na terra, como Espírito fazer estudos e experiências para adquiri mais habilidade no alívio de seus semelhantes? Há nesta confissão uma louvável modéstia que confere o verdadeiro mérito, ao passo que os Espíritos pseudo-sábios geralmente são presunçosos.

O último número da Revista cita uma comunicação do Sr. Demeure, como dada em Montauban a lº de fevereiro. Foi a 26 de janeiro que ela foi ditada. Em minha opinião a data tem uma certa importância, porque foi ao dia seguinte à sua morte. No segundo parágrafo diz ele: ... "Gozo de uma lucidez rara nos Espíritos há pouco desprendidos da matéria." Com efeito, essa lucidez prova um rápido desprendimento, só peculiar a Espíritos moralmente muito adiantados.

A cura referida acima é um exemplo da ação do magnetismo espiritual puro, sem qualquer mistura do magnetismo humano. Por vezes os Espíritos se servem de médiuns especiais, como condutores de seu fluído. Aí estão os médiuns curadores propriamente ditos, cuja faculdade apresenta graus muito diversos de energia, conforme sua aptidão pessoal, e a natureza dos Espíritos, pelos quais são assistidos. Conhecemos em Paris uma pessoa há oito meses atingida de exostoses na nuca e no joelho, que lhe causam grandes sofrimentos e a prendem ao leito. Um de seus jovens amigos, dotado desta preciosa faculdade, lhe deu cuidados pela simples imposição das mãos, durante alguns minutos, sobre a cabeça e pela prece, que o doente acompanhava com fervor edificante. Este experimentava, no momento, uma crise muito dolorosa, análoga à sentida pela Sra. G., logo seguida de uma calma perfeita. Então sentia a impressão enérgica de várias mãos, que massageavam e estiravam a perna, que se via alongar-se de 10 a 12 centímetros. Nele já há uma melhora muito sensível, porque começa a andar; mas a antigüidade e a gravidade do mal necessariamente tornam a cura mais difícil e demorada que um simples entorse.

Fazemos observar que a mediunidade curadora ainda não é apresentada, ao que saibamos, com caracteres de generalidade e de universidade, mas, ao contrário, restrita como aplicação, isto é, que o médium tem uma ação mais poderosa sobre certos indivíduos do que sobre outros, e não cura todas as doenças. Compreende-se que assim deva ser, quando se conhece o papel capita1 que representam as afinidades fluídicas em todos os fenômenos de mediunidade. Algumas pessoas mesmo só o gozam acidentalmente e para um determinado caso.

Seria pois, um erro crer que, por isso que se obteve uma cura, mesmo difícil, podem ser obtidas todas, pela razão que o fluído próprio de certas doenças é refratário ao fluído do médium; a cura é tanto mais difícil quanto a assimilação dos fluidos se opera naturalmente. Assim, é surpreendente que algumas pessoas frágeis e delicadas exerçam uma ação poderosa sobre indivíduos fortes e robustos. Então é que essas pessoas são bons condutores do fluido espiritual, ao passo que homens vigorosos podem ser maus condutores. Tem seu fluido pessoal, fluido humano, que jamais tem a pureza e o poder reparador do fluido depurado dos bons Espíritos.

De acordo com isto, compreendem-se as causas maiores que se opõem a que a mediunidade curadora se torne uma profissão. Para dela fazer ocupação, seria preciso ser dotado de uma faculdade universal. Ora, só Espíritos encarnados da mais elevada ordem poderiam possuí-la nesse grau. Ter essa presunção, mesmo exercendo-a com desinteresse e por pura filantropia, seria uma prova de orgulho que, por si só, seria um sinal de inferioridade moral. A verdadeira superioridade é modesta: faz o bem sem ostentação e apaga-se em vez de procurar o brilho; o renome vai buscá-la e a descobre, ao passo que o presunçoso corre à busca do renome que muitas vezes lhe escapa. Jesus dizia aos que havia curado: "Ide, daí graças à Deus e não o digais a ninguém." É uma grande lição para os médiuns curadores.

Lembraremos aqui que a mediunidade curadora está exclusivamente na ação fluídica mais ou menos instantânea; que não deve ser confundida com o magnetismo humano, nem com a faculdade que tem certos médiuns de receber dos Espíritos a indicação de remédios. Estes últimos são apenas médiuns medicais, como outros são médiuns poetas ou desenhistas.

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CIENTISTA ESPIRITA Alexandre Aksakof


CIENTISTA ESPIRITA Alexandre Aksakof
Este gigante da literatura espírita nasceu em Ripievka, Rússia, no dia 27 de maio de 1832, e desencarnou em 4 de janeiro de 1903. Foi diplomata e conselheiro privado do Imperador Alexandre III, Czar da Rússia.
Começou a estudar os fenômenos espíritas em 1855, quando se encontrava na Alemanha, em missão diplomática.
Foi colaborador de William Crookes nas experiências de materializações do Espírito de Katie King; fez parte da Comissão de Milão para investigação dos fenômenos produzidos por Eusápia Paladino.


Escreveu o livro "Animismo e Espiritismo", que foi publicado em 1890 e traduzido para várias línguas, inclusive para o português.
Homem de ciência e de uma convicção inabalável, jamais temeu a crítica. Dizia ele:
"Não tenho outra coisa a fazer senão afirmar publicamente o que tenho visto, entendido e ouvido."

Fonte: ABC do Espiritismo de Victor Ribas Carneiro
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(1832 - 1903)
Alexandre Aksakof nasceu na Rússia, no seio de nobre família, cujos membros ocuparam sempre lugar de destaque na literatura e nas ciências. Começou seus estudos no Liceu Imperial de São Petersburgo - instituição da antiga nobreza da Rússia - e uma vez concluídos dedicou-se ao estudo da Filosofia e da Religião, tendo para isso que aprender o hebraico e o latim, visando um melhor entendimento da obra grandiosa de Swedenborg.

Após estudar com afinco cursos e ramos da Filosofia, escreveu a primeira obra em francês no ano de 1852 sobre Swedenborg: "Uma exposição metódica do sentido espiritual do Apocalipse, segundo o Apocalipse revelado". Em 1854, caindo em suas mãos a obra de Andrew Davis: "Revelações da Natureza Divina", Aksakof abriu novos horizontes às suas aspirações e tendências intelectuais, reconhecendo um mundo espiritual de cuja realidade não mais duvidava.

Para fazer um completo estudo fisiológico e psicológico do homem, matriculou-se em 1855 como estudante da Faculdade de Medicina de Moscou, onde ampliaria os seus conhecimentos de Física, Química e Matemática, ao mesmo tempo em que acompanhava, passo a passo, o desenvolvimento espírita na Europa e na América. Para isso ele revolvia livrarias e pedia de qualquer lugar as obras que não se encontravam nas livrarias de sua terra. A partir de 1855 ele inicia a tradução para o russo de todas as obras de Allan Kardec, Hare, Edmonds, Dale Owem, William Crookes, "Relatório da Sociedade Dialética de Londres", e a fundação de periódicos como o "Psychische Studien", de Lípsia, uma das melhores revistas sobre Espiritismo.

A obra de Aksakof não se restringiu apenas a escrita. Criou adeptos entre pessoas de talento reconhecido, muitos deles cientistas, que, através de experiências feitas com médiuns famosos como Dunglas Home, levou a Rússia a formar a primeira comissão de caráter puramente científico para o estudo dos fenômenos espíritas. Para essa comissão, Aksakof mandou vir da França e da Inglaterra os médiuns que participariam das experiências. Como resultado, por haver fugido das condições pré-estabelecidas, tal comissão chegou a conclusões errôneas sobre o Espiritismo, saindo como relatório conclusivo o livro "Dados para estabelecer um juízo sobre o Espiritismo", onde afirmava a falsidade dos fenômenos observados. Aksakof contestou a comissão com um outro livro intitulado: "Um momento de preocupação científica".

A seguir, o valente russo voltou as suas baterias verbais contra o célebre "filósofo do inconsciente" Von Hartmann, publicando uma obra volumosa, a mais completa que se conhece sobre o assunto versado "Animismo e Espiritismo", que mais o fortaleceria como eminente cientista e pesquisador nato.


Homem de brilhante posição social, ele consagrou-se durante 25 anos ao serviço do Estado, alcançando vários títulos, tais como: conselheiro secreto do Czar, conselheiro da corte, conselheiro efetivo do Estado, e outros que não são mais que um prêmio aos bons serviços prestados por ele à sua pátria. Verdadeiro sábio, raras vezes se acham reunidas tanta inteligência, tanta erudição a um critério imparcial. Jamais se deixou arrastar pelos entusiasmos das suas convicções; nunca perdeu a serenidade em seus juízos, e, no meio da sua fé, tão ardente e sincera, não esqueceu o raciocínio frio que lhe fez compreender quais podem ser as causas dos fenômenos que observava, o que o colocou acima dessa infinidade de fanáticos que não estudando, não experimentando, e aceitam como bom tudo quanto se lhes querem fazer crer.

Polemista temível e escritor delicado, os trabalhos de Aksakof levam a convicção ao espírito; e tal sinceridade se vê em suas obras que, lendo-as, sente-se a necessidade de crer nelas. Alie-se a isto um caráter bondoso e uma vontade de ferro, que não se demove frente aos obstáculos, assim como a uma paixão imensa pelo ideal que o leva a percorrer a Europa para fazer experiências, e ter-se-á uma idéia superficial a respeito do investigador incansável, dotado de uma alma varonil e de um talento primoroso. Nunca permaneceu ocioso; seus artigos abundavam nos periódicos espíritas, e não há pessoa medianamente ilustrada que não conheça alguma das suas célebres experiências com os médiuns Home, Slade, d'Esperance, ou algum de seus estudos acerca de fantasmas e formas materializadas. Assim foi Aksakof, o maior de todos os soldados da grande Rússia, um soldado que combatia idéias, ideal com ideal, desonra com honra, preconceitos com dignidade.

ALEXANDRE AKSAKOF OU AKSAKOW
Filósofo russo e investigador psíquico, de tradicional família da nobreza russa, encarnado em Repiofka, vila de Penza, no sudoeste de Moscou (Rússia), no dia 27 de Maio de 1832; desencarnou em São Petersburgo (chamada Leningrado, no período de domínio comunista), no dia 4 de Janeiro de 1903.
Descendente de antiga e nobre família, cujos membros sempre ocuparam lugar de destaque na literatura e nas ciências.


Um seu tio, Sr. Aksakof, foi autor de várias obras consideradas clássicas; os dois filhos deste seu tio, primos de Alexandre, foram também escritores muito notáveis. Um deles, Constantino, publicou livros sobre história e filosofia; o outro, advogado, foi um dos mais distinguidos literatos da Rússia.
Mas, para Aksakof não há necessidade dos méritos de sua família, para fazer brilhar os seus próprios.
Na sua mocidade Aksakof já revela acentuadas tendências para investigações a respeito das coisas relacionadas com a alma e o mundo espiritual.


Aksakof iniciou os seus estudos no Liceu Imperial de São Petersburgo - instituição privilegiada da antiga nobreza russa, e, após, terminados, dedicou-se à Filosofia, levado por seu caráter positivo e sistemático, e à Religião, estudando, tal a sua preocupação com essas matérias, o hebraico, com base na obra de Antonie Fabre d´Olivet, poeta e erudito francês (1768-1825), autor de "La Langue Hébraique", e o latim, para estudar as obras, traduzidas para a língua de Cícero, do pensador sueco Emmanuel Swedenborg (Estocolmo, Suécia, 1688 - Londres, Inglaterra, 29 de Março de 1772, com 84 anos), médium vidente e psicógrafo intuitivo, considerado por muitos o "primeiro espírita do mundo", autor das obras: "Arcana Coelestia" (The Heavenly Arcana, traduzida do latim para o inglês pelo Reverendo John Faulkner Potts, B.A. Lond, Standart Edition, 12 volumes, editados pela Swedenborg Foundation Incorporated, New York, 1938/1941), "Apocalypse Explained" ("A posthumous work of Emanuel Swedenborg" em 6 tomos, editados, em 1946, também pela Swedenborg Foundation Incorporated, New York), "O Céu e as suas maravilhas e o Inferno, segundo o que foi ouvido e visto", (traduzido do original latino por Levindo Castro de La Fayette, 1ª. edição, editado em 1920, por Oficinas Gráficas da Casa Cruz, Rio de Janeiro). "Le Terre Nel Cielo Stellato" (Fratelli Bocca - Editori - Milano - 1944, versão italiana do original latino "Telluribus in Coelo Astrifero" de 1758, pelo cura L. Scocia), "A Verdadeira Religião Christã" (Livraria Freitas Bastos, S/A - Rio de Janeiro - S. Paulo, 1964, traduzida do latim para o francês por I.F.E. Le Boys des Guays, e para o português por J.M.Lima), publicadas naquele idioma, e que, na sua juventude pretendeu traduzir para o russo, porém, encontrou dificuldades em razão do estilo genial, muitas vezes obscuro e sempre original do Vidente Swedenborg.

Durante anos Aksakof fez cursos de Filologia, entre os quais o de seu próprio idioma, nos quais aprofundou-se ajudado pelo célebre lexicógrafo, Sr. Dahl (o qual, mais tarde, traduziu para o russo a primeira obra de Aksakof, publicada em francês, em 1852, sobre Swedenborg: " Uma exposição sistemática do sentido espiritual do Apocalipse segundo O APOCALIPSE REVELADO".


Em 1854 chega às mãos de Aksakof a obra "Revelações da Natureza Divina", de A. J. Davis, que o despertou para o mundo espiritual, de cuja realidade não duvidava.

Em 1855, para fazer um estudo completo, fisiológico e psicológico do homem, Aksakof matriculou-se como estudante livre na Faculdade de Medicina de Moscou, ao mesmo tempo em que ampliava seus conhecimentos sobre Física, Química e Matemática. - Nesse período, recebeu uma obra de Beecher - Revista de Manifestações Espíritas - a primeira que sobre esse assunto chegou às suas mãos e, procurando colocar-se ao corrente das publicações sobre tal assunto, e seguir, passo a passo, o movimento espiritista na América e na Europa, fortalecendo os seus conhecimentos com todos os livros sobre Magnetismo e Espiritismo, - entre outros os de Cahagnet, a quem visitou em Paris, em 1861 - que eram, então publicados principalmente na França, e fazendo sacrifícios que só seu Espírito, sempre ávido de aprender podia levar a cabo, revolvendo livrarias e pedindo a todas as partes exemplares que não se achavam na Rússia.

Pode-se, assim, dizer, que 1855 assinala o início do trabalho de Aksakof em prol do Espiritismo, que se estendeu com a tradução para o idioma russo de todas as obras de Allan KARDEC (1804-1869), de Robert HARE, MD (1781-1858), de John Worth EDMONDS "Judge" Edmonds, (1816-1874), de Andrew Jackson DAVIS (1826-1910), de Robert Dale OWEN (1801-1875), do boletim da "London Dialectical Society"(1867), os trabalhos de William CROOKES (1832-1919) e a fundação de periódicos como Estudos Psíquicos.


Aksakof foi professor da Academia de Leipzig; fundador e diretor do jornal "Psychische Studien" (Estudos Psíquicos), em 1874, na Alemanha, e, posteriormente, com a sua morte, intitulado "Zeitschrift für Parapsychologie", graças ao trabalho do Barão Schrenck-Notzinge.

Em 1881, Aksakof patrocinou a fundação e foi diretor do jornal hebdomadário "Rebus", primeira publicação de uma revista de assuntos psíquicos na Rússia.


Foi Conselheiro de Estado na corte do Tzar Alexandre III, da Rússia.


Os fenômenos de Hydesville, em 1848, despertaram sua atenção; começou, porém, a interessar-se pelas manifestações dos Espíritos em 1855.


Suas experiências e observações


Como experimentador e observador científico, Aksakof realizou excepcionais trabalhos no campo espírita, com o concurso dos mais famosos médiuns de seu tempo; viajou para diversos países, podendo assim realizar experiências com Madame d´Esperance, Eusápia Paladino, D.D. Home, Cook, e outros, com as quais, em 1890, publicou, em Leipzig, Alemanha, sua monumental obra "Animismus und Spiritismus", ensaio de um exame crítico, em dois volumes.


COMISSÃO DE PROFESSORES
Em 1892, em Milão, na Itália, participou de inúmeras experiências com médiuns famosos, para atestar a veracidade dos "fenômenos observados na obscuridade", das quais sobressai o seu brilhante relatório da "Comissão de Professores", valorizado pela apreciação de Cesare Lombroso, que, a essa Comissão, lamenta e se confessa envergonhado da confissão que dirigira, em carta, ao professor Ernesto Ciolfi.


Foram participantes dessa Comissão:


Alexandre Aksakof, Conde, Doutor em Filosofia, lente da Academia de Leipzig, diretor do jornal "Psychische Studien" (Estudos Psíquicos) e Conselheiro de S.M., o Imperador da Rússia;


Ângelo Brofferio, Cientista italiano, Professor de Filosofia, de Milão; que aceitou as manifestações espíritas, após suas experiências com a mediunidade de Eusápia Paladino;
Charles Richet, Médico e fisiologista francês (1850-1935), Doutor, Professor-Adjunto da Faculdade de Medicina de Paris e Diretor de "Annales des Sciences Psychiques", órgão oficial da "Societé Universelle d´Études Psychiques", de Paris, França;


Césare Lombroso, Doutor, antropólogo e notável criminalista italiano, autor da célebre obra " L´Uomo Delinqüente"; G.M. Ermacora, Professor de Física, em Pádua;Professor de Física, em Milão;Giovanni Schiaparelli, Diretor do Observatório Astronômico de Milão;Giuseppe Gerosa, Professor de Física da Escola Real Superior de Agricultura de Porcini;Hércules Chiaia, Doutor, cientista italiano, introdutor do Espiritismo em Nápoles. Sua desencarnação ocorreu exatamente no dia em que corrigiu a última palavra do seu livro "O Espiritismo";


Du Prel, Barão Karl, Filósofo e pesquisador psíquico, natural de Landshut, na Baviera, Alemanha, onde encarnou a 3 de Abril de 1839; desencarnou 4 de Agosto de 1899, em Heiligkreuz, no Tirol.

(A polêmica entre o Conde Alexandre Aksakof e o Dr. Hartmann, provocada pela primeira edição alemã da obra de Aksakof, "Animismo e Espiritismo", refutando uma obra do Dr. Hartmann, publicada sob o título "A Hipótese dos Espíritos e seus Fantasmas", desperta Du Prel, e o torna um defensor do Espiritismo).


O CONFRONTO COM O SÁBIO HARTMANN


Em 1855, em Berlim, o Prof. Edwing Von Hartmann, Doutor em Filosofia - continuador de Schopenhauer - crítico dos fenômenos mediúnicos, especialmente em relação com as hipóteses da "força nervosa", da "alucinação" e do "inconsciente", publica a obra "Der Spiritismus" (O Espiritismo), traduzida nesse mesmo ano para o inglês por C.C. Massy, com o título "Spiritualism".


Essa obra, de oposição, provocou memorável debate com Alexandre Aksakof, que, em resposta a obra intitulada "Der Spiritismus" (O Espiritismo, Berlim, 1885, traduzida para o inglês por C.C. Massy, com o título "Spiritualism"), publicou "Animismus und Spiritismus" (Animismo e Espiritismo).


"Animismus und Spiritismus" foi traduzida do russo para o alemão por Witting, Leipizig, em 1890; O. Mutze, quarta edição, em dois tomos; do russo para o francês, por Berthold Sandow, com o título "Animisme et Spiritisme", Paris, França, Librairie des Sciences Psychiques, 1895, 1ª. ed. "in" 8. 635p., com ilustrações, e para diversos idiomas, entre os quais o castelhano, inglês, português e italiano. No Brasil o seu tradutor foi o Dr. C.S., conforme direitos cedidos à Federação Espírita Brasileira, que o editou sob o título "Animismo e Espiritismo".


Nessa obra os fenômenos mediúnicos são estudados de forma crítica, especialmente em relação às hipóteses da força nervosa, da alucinação e do inconsciente. "La Revue Spirite" (Outubro de 1895, p. 37), anota que "é incontestavelmente a obra mais importante e mais completa que jamais foi escrita sobre o Espiritismo, no ponto de vista científico e filosófico".


Prefaciando essa sua obra, Aksakof escreveu:


"Não pude fazer outra coisa mais do que afirmar publicamente o que vi, ouvi e senti; e quando centenas, milhares de pessoas afirmam a mesma coisa, quanto ao gênero do fenômeno, apesar da variedade infinita das particularidades, a fé no tipo de fenômeno se impõe"."Não posso, pois, lamentar ter consagrado toda a minha vida à aquisição desse objetivo, se bem que por caminhos impopulares e ilusórios, mas que eu sei são mais infalíveis do que essa ciência. E, se consegui de minha parte, trazer ainda que só uma pedra à ereção do templo do ESPÍRITO - que a Humanidade, fiel à voz interior, edifica através dos séculos com tanto labor, será para mim a única e mais alta recompensa a que posso aspirar."


E essa pedra, à ereção do templo do ESPÍRITO, ele a trouxe, com muito valor científico.


A RÉPLICA DO DR. ED. VON HARTMANN
A primeira edição original alemã, da obra "Animismo e Espiritismo", publicada em Leipzig, em 1890, provocou, por sua vez, uma réplica do Dr. Von Hartmann, que, em 1891, publicou "Die Geister-hypothese des Spiritismus und seine Phantome" (A hipótese dos Espíritos, o Espiritismo e seus Fantasmas). Leipzig, 1891, Fiedreich, "in" 8. 120 pp., que o sábio Karl Du Prel, se encarregou de responder, dada a impossibilidade de Aksakof responder, em razão de seu estado de saúde.


A obra "Un cas de dématérialisation partielle du corps d´um médium", também de autoria de Aksakof, traduzida do alemão, com ilustrações. Paris, Librairie de l´Art Indépendent, 1896, "in" 8. 221 p. foi traduzida, para o nosso idioma, com o título "Um caso de desmaterialização parcial do corpo dum médium", por João Lourenço de Moura, e editada pela Federação Espírita Brasileira - Rio de Janeiro - RJ, 1902, 1ª. ed. 1979, 3ª. ed. 197 p., acompanhada da história das aparições do Espírito de Katie King.


Aksakof aborda, nessa obra, o fenômeno da materialização, e, visando despertar a alma humana para os segredos de além-túmulo, prova, por métodos científicos, a realidade dos fenômenos espíritas. É uma obra capital para conhecimento dos fatos de materializações dos Espíritos e indispensável como complemento ao estudo do livro de Mme. d´Espérance, "Au Pays de l´Ombre" (Shadow Land), vertido para o nosso idioma com o título de "No País das Sombras".


Em 1892, Aksakof fez parte da comissão de cientistas reunida em Milão, Itália, para examinar a famosa médium Eusápia Paladino.


Publicou, ainda:
"Étude sur les matérialisations des formes humaines", S. L. 1897, "in" 8, no qual trata da escrita direta, impressão de mãos materializadas, etc.




"Predvesttniki Spiritizma Zapoledmie 250 Lyet" (Precursores do Espiritismo desde 250 anos).


"Um monumento de preocupação científica", em russo, refutando o livro do opositor russo Professor Demetrius Ivanovich Mendeleyeff, autor da obra "Material by which to judge Spiritualism", que reúne dados para estabelecer um juízo sobre o Espiritualismo.

Foi fundador e diretor da revista "Revue du Médium" (1873), do periódico "Psychische Studien" (1874) e do semanário "Rébus" (1886).
FONTE: (Da Revista ICESP, ano 4, nº 16, 4º trimestre/2005 - autoria Dr. Paulo Toledo Machado)

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