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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A nova ordem da América Latina



A nova ordem da América Latina

Por Sérgio Marcondes Soares

Lula sonha com uma nova ordem, mas apenas contempla os interesses de Fidel e Chávez

Naquele que deve ser o seu último giro pela América Latina antes do fim do segundo mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reencontrou os irmãos Castro em Cuba, estimulou a formação de um novo bloco político, com a exclusão de Estados Unidos e Canadá, e tenta ratificar hoje (25/02) a posição do Brasil como líder do processo de reconstrução do Haiti.

Ao lado de colegas como os presidentes do México e da Argentina, Felipe Cálderon e Cristina Kirchner, respectivamente, o líder petista vende a ideia de uma nova ordem econômica e social na América Latina, incorporando a ditadura cubana e as aventuras autoritárias de Hugo Chávez. Na esfera da geopolítica, no entanto, pouca coisa poderá estar mais deslocada da realidade do que esta organização latino-americana anunciada como auspiciosa sucessora da OEA (Organização dos Estados Americanos).

A política intervencionista da diplomacia brasileira tem colecionado sucessivos fracassos na América Latina, sem fazer do Brasil uma liderança alternativa aos Estados Unidos. O caso mais emblemático deu-se em Honduras, onde a articulação do governo brasileiro para isolar os golpistas que derrubaram o ex-presidente Manuel Zelaya foi minada pelos norte-americanos e a eleição de um novo presidente foi legitimada por Washington. Restou ao Itamaraty negociar a remoção honrosa de Zelaya da embaixada brasileira em Tegucigalpa e os termos de reconhecimento do governo recém-eleito.

Se a OEA tem se revelado incapaz de administrar os conflitos entre os países americanos e funciona à sombra de Washington, a criação de um organismo alternativo surge como uma provocação política, destinada a contemplar os interesses da ditadura cubana e de Hugo Chávez. Quando os interesses do governo norte-americano estabeleceram um conflito efetivo com os projetos de reestruturação econômica de alguns países latino-americanos, como na formulação da Área de Livre Comércio das Américas, bastou que todas as divergências fossem explicitadas.

Em um mundo que tenta superar os efeitos da crise econômica e se une na luta contra o terrorismo, é impensável uma organização multilateral no continente americano sem a participação dos Estados Unidos. Assim, Lusla pode voltar de seu giro pelo Caribe tomado pela ilusão de que ajudou a construir uma nova ordem, mas terminará seu segundo mandato longe de alcançar o principal objetivo de sua política externa desde 2003: a conquista de um assento definitivo no conselho de segurança da ONU.

Para europeus, chineses e norte-americanos, o Brasil pode ser o parceiro econômico mais interessante da América Latina, mas ninguém parece disposto a alimentar pretensões que possam ir além da balança comercial.

A morte do preso político em Cuba reforça a idéia de que o Brasil tem escolhido o lado errado e mais desumano para a diplomacia brasileira.

FONTE: http://sergiomsoares.blogspot.com/2010/02/nova-ordem-da-america-latina.html

1 comentários:

Bem, mais uma vez, preciso discordar de você.
O Brasil cada vez mais se lança como a potência regional da América do Sul, quissá Latina. Ao discordar de certas atitudes do "Tio Sam", mostra que não fica mais em cima do muro como passou pendurado por anos e anos, agora tem opinião própria. O Brasil agora é uma realidade, tanto que não se incluiu no bloco dos países emergentes os BRIC's, foi incluído. Aproveito pra dizer que o Canadá é a sombra dos EUA. Não fede nem cheira.
Até concordo que o Brasil não é uma potência militar, mas lhe garanto que daria trabalho em caso de guerra, até porque tem uma população imensamente maior que a dos outros países latinos.
E outra coisa, a história nos mostra que a América Latina sempre foi o quintal dos EUA. É totalmente plausível a presença de um multilateralismo aqui sem a presença dos EUA.

A História do Café da Manhã