No dia 28 de novembro a Polícia Federal deflagrou a chamada
“Operação Volcano”, que visava desarticular uma organização criminosa
responsável por fraudar a Campanha do Desarmamento. Segundo a PF, a organização
havia desviado R$ 1,3 milhão dos cofres públicos através do pagamento irregular
de indenizações por entregas de armas de fogo. No centro da organização está a
ONG desarmamentista MovPaz Brasil e seu coordenador nacional, Clóvis Nunes.
Clóvis Nunes foi preso durante a operação da PF e, após ser
liberado, publicou uma carta aberta à sociedade brasileira (leia aqui aíntegra). Na carta, Clóvis
Nunes relata sua experiência durante os 5 dias em que ficou preso:
Eu apenas me
perguntava: “Por que, meu Deus, tanta injustiça?” Com mais de vinte anos
trabalhando pela paz, dezesseis deles dedicados ao desarmamento, horas de
serviços prestados à causa da cultura pela paz…
Após apresentar-se como um pacifista injustamente preso
(colocando-se à sombra de figuras como Gandhi e Mandela), Nunes encerra a
carta, reafirmando sua inocência:
De mãos limpas, de
alma pacificada e consciência tranquila, volto a afirmar: SOU INOCENTE!
Paz pela paz.
Clóvis Nunes
Além de membro do Conselho Nacional de Segurança Pública
(órgão responsável por definir as diretrizes das políticas de segurança pública
do país), Clóvis Nunes é amplamente conhecido no meio espírita em todo o país
por suas palestras e aulas sobre espiritismo, além de suas pesquisas sobre TCI
(transcomunicação instrumental) e EVP (electronic voice phenomenon), que seriam
técnicas de comunicação com espíritos através de equipamentos eletrônicos.
Desarmamento? Nem morto!
Um filme com temática espírita foi sucesso de bilheteria no
Brasil em 2010. “Nosso Lar” , baseado no livro homônimo
psicografado por Chico Xavier, é um filme que trata das experiências de André
Luiz, um homem que morre e percebe que continua vivo no mundo espiritual numa
espécie de purgatório, repleto de criaturas sombrias, chamado “umbral”. Depois
de passar um período nesse ambiente, André Luiz é resgatado por espíritos
benevolentes que levam-no para uma colônia espiritual de reabilitação chamada
Nosso Lar.
Chico Xavier psicografou diversos livros com os relatos de
André Luiz sobre esse mundo espiritual. No segundo livro da série, chamado “Os
Mensageiros”, André Luiz viaja para fora da colônia Nosso Lar em direção a um
posto de socorro mantido por espíritos benevolentes em pleno umbral. Uma
passagem desse livro chama a atenção, e vai totalmente contra o pacifismo
desarmamentista e utópico do espírita Clóvis Nunes.
Acompanhado de Alfredo, administrador do posto de socorro,
André Luiz relata suas impressões ao chegar naquele local:
Descemos as
escadarias e, em frente dos muros altos, pude observar a extensão das defesas
do soberbo edifício. [...] Observei o caminho da ronda, a cisterna, as seteiras
e, em seguida, as paliçadas e barbacãs, refletindo na complexidade de todo
aquele aparelhamento defensivo. E as armas? Identificava-lhes a presença na
maquinaria instalada ao longo dos muros, copiando os pequenos canhões
conhecidos na Terra.
— Já sei a
impressão que a nossa defesa lhes causa — disse Alfredo, detendo-se para
explicar.
Fixando-nos com o
olhar muito lúcido, continuou:
— Naturalmente,
não imaginavam necessárias tantas fortificações. Conforme vêem, nossa bandeira
é de concórdia e harmonia; no entanto, é imprescindível considerar que estamos
em serviço que precisaremos defender, em qualquer circunstância. Enquanto não
imperar a lei universal do amor, é indispensável persevere o reinado da
justiça. Nosso Posto está colocado, aqui, igualmente, como “ovelha em meio de
lobos”, e, embora não nos caiba efetuar o extermínio das feras, necessitamos
defender a obra do bem contra os assaltos indébitos.
— Mas… e as armas?
— perguntei — acaso são utilizadas?
— Como não? —
disse Alfredo, pressuroso. Naturalmente, a ninguém atacaremos. Nossa tarefa é
de socorro e não de extermínio.
(Os Mensageiros,
41a. ed., pág. 127)
Nem mesmo os mortos retratados no livro de Chico Xavier dão
algum crédito à utopia desarmamentista de Clóvis Nunes. Até eles sabem que,
quando se está como “ovelha em meio de lobos”, é necessário que reine a justiça
e a defesa dos homens de bem contra os assaltos de maus e perversos.
O livro prossegue com uma fábula, cujo ensinamento é uma pá
de cal sobre a “Paz pela Paz” de Clóvis Nunes e sua militância pacifista. Pena
que o palestrante e estudioso espírita parece não ter compreendido, ou, se
compreendeu, prefiriu ignorar estes ensinamentos:
Alfredo sorriu
serenamente e perguntou, bem humorado:
— Vocês conhecem a
lenda hindu da serpente e do santo?
Ante a nossa
expressão negativa, o administrador continuou:
— Contam as
tradições populares da Índia que existia uma serpente venenosa em certo campo.
Ninguém se aventurava a passar por lá, receando-lhe o assalto. Mas um santo
homem, a serviço de Deus, buscou a região, mais confiado no Senhor que em si
mesmo. A serpente o atacou, desrespeitosa. Ele dominou-a, porém, com o olhar
sereno, e falou:— Minha irmã, é da lei que não façamos mal a ninguém. A víbora
recolheu-se, envergonhada. Continuou o sábio o seu caminho e a serpente
modificou-se completamente. Procurou os lugares habitados pelo homem, como
desejosa de reparar os antigos crimes. Mostrou-se integralmente pacífica, mas,
desde então, começaram a abusar dela. Quando lhe identificaram a submissão
absoluta, homens, mulheres e crianças davam-lhe pedradas. A infeliz recolheu-se
à toca, desalentada. Vivia aflita, medrosa, desanimada. Eis, porém, que o santo
voltou pelo mesmo caminho e deliberou visitá-la. Espantou-se, observando
tamanha ruína. A serpente contou-lhe, então, a história amargurada. Desejava ser
boa, afável e carinhosa, mas as criaturas perseguiam-na e apedrejavam-na. O
sábio pensou, pensou e respondeu após ouvi-la:
— Mas, minha irmã,
houve engano de tua parte. Aconselhei-te a não morderes ninguém, a não
praticares o assassinio e a perseguição, mas não te disse que evitasses de
assustar os maus. Não ataques as criaturas de Deus, nossas irmãs no mesmo
caminho da vida, mas defende a tua cooperação na obra do Senhor. Não mordas,
nem firas, mas é preciso manter o perverso a distância, mostrando-lhe os teus
dentes e emitindo os teus silvos.
O administrador
fez longa pausa e concluiu:
— Creio que a
fábula dispensa comentário.
(Os Mensageiros,
41a. ed., pág. 131)
O espinheiro que dá figos.
Onde há fumaça, há fogo. Neste caso, onde há desarmamento e
pacifismo há a semente de um totalitarismo revestido por mentiras. No vídeo
abaixo (http://www.youtube.com/watch?v=shmKSrQ1oxI), Clóvis Nunes apresenta sua
tese sobre o relacionamento entre Allan Kardek (Hippolyte Rivail) e Karl Marx na
França em meados do século 19, no período em que o primeiro estabelecia as
bases da doutrina espírita. Clóvis Nunes confidencia no vídeo, em duas
passagens:
Eu andei lendo
muito Marx, e gostava das ideias socialistas. Porque Marx é uma coisa, o comunismo
é outra. É como Jesus e o catolicismo. (aos 00:50 seg.)
[...]
O partido
comunista fez a revolução pela luta armada, que não era a ideia de Marx. Por
isso os espíritos livraram Marx e acusaram o partido que ia ser criado. (aos
12:00 min.)
É notável no vídeo o esforço de Nunes em tentar afastar Marx
de qualquer relação com os resultados nefastos de suas ideias, em particular os
genocídios comunistas. Nesse esforço, Nunes chega a absolver Marx em nome do
“Espírito de Verdade” (que teria sido o mentor espiritual de Allan Kardec e
responsável pela codificação da doutrina espírita). Portanto, absolve Marx em
nome da doutrina espírita.
Clóvis Nunes apenas repete a velha e conhecida cantilena
propagada pelos canalhas socialistas, na tentativa abjeta de reescrever a
história e desconectar o marxismo dos flagelos humanitários que produziu:
“Deturparam as idéias de Marx!” Para Nunes, a URSS deturpou Marx, a China
deturpou Marx, a Coréia do Norte, Camboja, Vietnan, Cuba, etc… Ou seja, todas
as vezes em que as ideias de Marx foram postas em prática – invariavelmente
causando tragédias humanitárias – foi a deturpação dessas ideias a causa de
tais tragédias, e não o fato de que o próprio marxismo traz em si o gérmen das
tragédias que suscitou.
Nem que mil jacas podres atinjam a cabeça de Clóvis Nunes! O
pacifista continuará acreditando que uma árvore não se conhece pelos frutos
reais que produz, mas pelos frutos imaginários, projetados pelos anseios do
observador. Para Nunes, um espinheiro pode dar figos! (ver Lucas, VI – 43)
Nunca é demais relembrar nossa história: não faltaram, nas
fileiras nazistas e comunistas, obreiros de boa vontade como Clóvis Nunes –
obcecados por um novo mundo da paz garantida pelo Estado – a bater de porta em
porta, tomando as armas de fogo dos cidadãos de bem que mais tarde viriam a
sucumbir, indefesos, subjugados pela mão pesada desse Estado protetor. O
desarmamento está nos deixando cada dia mais desprotegidos, à mercê dos lobos.
FONTE: OBSERVATÓRIO CONSERVADOR
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