O que não é Espiritismo.
RAMATIS
É um Espírito que há muito se infiltrou no movimento espírita brasileiro com a cumplicidade do médium paranaense Hercílio Maes. Juntos, Espírito e médium escreveram várias obras, que deixam muito a desejar quanto a pureza doutrinária. Eis algumas delas: “Fisiologia da Alma”, “O Evangelho à luz do Cosmo”, “Elucidações do Além”, “Magia de Redenção”, “Mediunismo”, “Mediunidade de Cura”, “Missão do Espiritismo” e outras.
Não se pode negar que Ramatis é bastante inteligente e muito sagaz e, portanto, sabe disfarçar seu desconhecimento doutrinário, ou incoerência consciente doutrinária. Logo ganhou adeptos fervorosos e seus livros invadiram o nosso meio. Suas obras não só apresentam senões doutrinários, mas também fortes pitadas de orientalismo, verdadeiros enxertos inconvenientes à Doutrina Espírita. Mas sendo sagaz como é, não deixa de expressar aqui e ali pensamentos razoáveis, com pretensão estudada de confundir o público leigo.
Desde sua estréia no movimento espírita nacional a crítica o tem sob sua mira, mas a coisa ficou feia mesmo foi quando veio à lume “Vida no Planeta Marte”, em que ele foi longe demais e desvelou suas fantasias. A crítica especializada desceu-lhe o porrete, mas nessa altura esse Espírito já tinha feito escola por aqui e até hoje há espíritas (ou melhor, pretensos espíritas) que se arrepiam ante qualquer análise desfavorável à obra ramatisiana. No meu conceito Ramatis é espiritualista, mas não espírita.
J. B. ROUSTAING
Foi destacado advogado da Corte Imperial de Bordeaux, na França. A vaidade doentia estava à flor de sua pele. Após ler “O Livro dos Espíritos” e “O Livro dos Médiuns”, ambos de Allan Kardec, meteu em sua cabeça que com o auxílio dos Espíritos Superiores poderia fazer uma obra superior àquelas duas. Note-se que em matéria espírita ele era calouro. Mesmo assim, não demorara a evocar entidades espirituais para efetivar seu sonho: superar Allan Kardec.
Ele procurou a médium Emilie Collignon, também uma novata na lide da mediunidade e com sua cumplicidade evocou o Espírito João Batista. Imagine! Logo o precursor de Jesus.
Claro, Roustaing não poderia deixar por menos. Se Kardec se relacionava com o Espírito da Verdade, ele pelo menos tinha que ter à disposição um João Batista. Mas como Espírito não carrega carteira de identidade, o vaidoso advogado foi ludibriado, conforme atesta sua obra “Os Quatro Evangelhos”.
Atrás do falso João Batista vieram Moisés e os evangelistas João, Lucas, Marcos e Mateus. Supostamente foram essas figuras do cristianismo nascente que passaram no século XVIII a citada obra a Roustaing, via Collignon.
A obra, além de mistificadora, traz um subtítulo que é verdadeira afronta à Doutrina Espírita: “Revelação da Revelação”. É muita pretensão, pois essa obra não suporta uma simples análise à luz do Espiritismo e não é espírita, pois nem Roustaing, nem a médium, muito menos os espíritos que a escreveram eram espíritas, quando muito eram espiritualistas.
Se a primeira condição de uma obra espírita é ter o “imprimatum” da universalidade, “Os Quatro Evangelhos” é refutado aí, pois foi recebido apenas por uma médium. Quando essa obra chegou às mãos de Allan Kardec, ele elegantemente a refutou, insinuando que era uma obra prolixa, pois disse que em vez de três volumes, o que ali está escrito poderia ter sido enfeixado em dois e até mesmo num volume e o leitor ganharia com este enxugamento. Mais tarde, Kardec ainda lembrou-se dela dizendo que houve precipitação em trazer a lume certos assuntos como o corpo fluídico de Jesus e prometeu desenvolver esse tema com maior profundidade. O que de fato o fez em “A Gênese”. E disse que o tempo se encarregaria de aprovar ou não a obra de Roustaing. Na França, ela não teve qualquer sucesso.
Vindo para o Brasil, porém, encontrou aqui os diretores da FEB, da época, receptivos e generosos. Logo a FEB, que se intitula representante mor do Espiritismo no Brasil, introduziu no movimento espírita brasileiro essa obra que representa por razões óbvias o 1º Cisma do Movimento Espírita. Não só a introduziu, como ao longo dos anos vem lhe dando guarida em detrimento à Codificação Espírita. A obra em questão é espiritualista e a FEB se diz espírita. Não é um contra-senso?
E ainda para a nossa reflexão, faço aqui uma pergunta que já fiz alhures. Se essa obra foi publicada quando ainda o Espiritismo estava para ser concluído, pois Allan Kardec ainda não havia publicado “A Gênese”, com que fechou a Codificação da Doutrina Espírita, por que os espíritos que a ditaram à médium Collignon não a ditaram para o Codificador? Será que esses espíritos já haviam pulado da barca de Jesus? Isto, no mínimo, é muito suspeito!
É bom que se diga que no passado muitos espíritas de renome se diziam roustainguistas. Mas assim que leram a obra de Roustaing calaram-se ou tornaram-se os seus maiores críticos. E alguns até mesmo depois de desencarnados jamais falaram um “o” a favor dela, a não ser dentro da FEB. Será que isso não diz nada?
PIETRO UBALDI
Nasceu na Itália e acabou, graças a alguns mecenas, radicando-se no Brasil. Desenvolveu sua mediunidade à margem dos ditames espíritas. Não sei se ele chegou a estudar as obras kardequianas, se chegou não deve tê-las aceitado integralmente. Kardec nunca lhe foi um paradigma.
Ele sempre quis voar mais alto. Tinha idéias próprias e não iria submeter-se à Codificação Espírita. Mas como o brasileiro é um eterno louvador do que vem de fora, Ubaldi em pouco tempo fez aqui grandes amigos espíritas, alguns destes até muito importantes dentro do nosso meio, o que lhe facilitou o seu percurso no Brasil. Certa vez, em Pedro Leopoldo-MG, chegou mesmo a sentar-se ao lado de Chico Xavier para psicografar uma mensagem.
Sua linguagem mediúnica, porém, nunca teve a simplicidade e a claridade que vemos na linguagem xaveriana. Ficou por aí apresentando seus ensaios filosóficos que nada tinham com o Espiritismo autêntico. Sua preocupação, na verdade, sempre foi a de criar um movimento próprio: o ubaldismo.
Teve ímpeto de explicar a essência de Deus.
Veja só até onde pode chegar um homem incensado. Seu livro de maior alcance foi “A Grande Síntese”. O movimento espírita brasileiro se deslumbrou diante dessa obra. Mas muitos que a leram não a entenderam, apenas louvaram, pois é muito mais fácil louvar do que confessar ignorância.
Depois disso, que eu saiba, não saiu mais nada de fôlego de seu lápis que ganhasse a mesma notoriedade de “A Grande Síntese”. Mas ele só caiu mesmo na malha dos críticos mais exigentes quando se revelou adepto do monismo (o que é isso? O Aurélio é quem explica: monismo é Doutrina Filosófica, segundo a qual o conjunto das coisas pode ser reduzido à unidade, quer do ponto de vista de sua substância, quer do ponto de vista das leis lógicas ou físicas, pelas quais o universo se ordena.
O monismo poderá ser materialista ou espiritualista, lógico e físico). Escorando-se nessa tendência Ubaldi criou uma teoria própria que corre paralela ao Espiritismo que nada tem a ver com este. Ao meu ver Pietro Ubaldi foi um espiritualista, mas não espírita.
Ele sempre quis voar mais alto. Tinha idéias próprias e não iria submeter-se à Codificação Espírita. Mas como o brasileiro é um eterno louvador do que vem de fora, Ubaldi em pouco tempo fez aqui grandes amigos espíritas, alguns destes até muito importantes dentro do nosso meio, o que lhe facilitou o seu percurso no Brasil. Certa vez, em Pedro Leopoldo-MG, chegou mesmo a sentar-se ao lado de Chico Xavier para psicografar uma mensagem.
Sua linguagem mediúnica, porém, nunca teve a simplicidade e a claridade que vemos na linguagem xaveriana. Ficou por aí apresentando seus ensaios filosóficos que nada tinham com o Espiritismo autêntico. Sua preocupação, na verdade, sempre foi a de criar um movimento próprio: o ubaldismo.
Teve ímpeto de explicar a essência de Deus.
Veja só até onde pode chegar um homem incensado. Seu livro de maior alcance foi “A Grande Síntese”. O movimento espírita brasileiro se deslumbrou diante dessa obra. Mas muitos que a leram não a entenderam, apenas louvaram, pois é muito mais fácil louvar do que confessar ignorância.
Depois disso, que eu saiba, não saiu mais nada de fôlego de seu lápis que ganhasse a mesma notoriedade de “A Grande Síntese”. Mas ele só caiu mesmo na malha dos críticos mais exigentes quando se revelou adepto do monismo (o que é isso? O Aurélio é quem explica: monismo é Doutrina Filosófica, segundo a qual o conjunto das coisas pode ser reduzido à unidade, quer do ponto de vista de sua substância, quer do ponto de vista das leis lógicas ou físicas, pelas quais o universo se ordena.
O monismo poderá ser materialista ou espiritualista, lógico e físico). Escorando-se nessa tendência Ubaldi criou uma teoria própria que corre paralela ao Espiritismo que nada tem a ver com este. Ao meu ver Pietro Ubaldi foi um espiritualista, mas não espírita.
EDGARD ARMOND
O Comandante Edgard Armond, como era chamado, foi oficial da Força Pública do Estado de São Paulo, hoje denominada Polícia Militar, chegou à Federação Espírita do Estado de São Paulo em 1939. Nessa época, a FEESP dava seus primeiros passos, já que foi fundada em 1936. Homem inteligente e de palavra fácil, o Comandante Edgar Armond foi pouco a pouco conquistando o seu espaço dentro da Instituição Federativa.
Lembremos que naquele tempo a literatura espírita era escassa. Existiam os livros da Codificação e além deles um ou outro livrinho de produção independente. A promissora obra de Francisco Cândido Xavier, estava ainda nos seus primeiros degraus. Armond logo constatou isso e começou a escrever uns livrinhos mais simples, próprios para os iniciantes à Doutrina Espírita. Eu diria que a inspiração dos cursos de Espiritismo que até hoje estão em pleno vigor na FEESP nasceu das páginas desses livrinhos do Armond. Cursos esses que estão em todos os quadrantes do movimento espírita brasileiro e quiçá do exterior.
O Comandante Armond chegou, então, à Diretoria da FEESP. E como Secretário Geral organizou a “Escola de Médiuns” e a “Escola de Aprendizes do Evangelho”. Hoje estas escolas acolhem mais de cinco mil alunos. E criou também o passe padronizado que tem causado muita polêmica, porque é um ritual muito distante da prática espontânea, intuitiva que fora exemplificada por Jesus.
Sua bibliografia compõe-se de 25 obras. As que fizeram mais sucesso foram “Passes e Irradiações” e “Os Exilados de Capela”. Foi ele também que trouxe para o nosso meio a “Cromoterapia”, que nada tem a ver com a Doutrina Espírita, mas que hoje está espalhada graças um opúsculo escrito por ele e publicado pela Editora Aliança. Devemos a ele também essa enxertia.
Em maio de 1944, o Comandante Armond fundou o jornal “O Semeador”, órgão doutrinário da FEESP. Apoiado por um grupo de amigos fundou ainda a Instituição Espírita “O Lar do Amor Cristão”, em São Paulo e foi um dos signatários da Ata de Fundação da USE – União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo. Além da Cromoterapia e do passe padronizado que ainda hoje causam discussões no meio espírita e certamente serão questionados pelas gerações espíritas do futuro, devo ainda mencionar que suas obras estão carregadas de conceitos orientalistas, pois ele foi um grande estudioso das principais religiões orientais.
Termos como “chacras” e “carma” e outros de origem oriental foram enxertados por ele no movimento espírita brasileiro.
Há ainda em suas obras um legado místico muito forte que tomou o movimento espírita brasileiro de assalto. Não bastasse o bolor igrejeiro do roustainguismo, o misticismo e o orientalismo do Comandante Armond também trouxeram prejuízos sérios ao movimento espírita brasileiro.
Alegando problemas de saúde, Edgard Armond deixou a FEESP em 1966. E o estrago armondista no movimento espírita brasileiro iria se completar com a criação, por ele próprio, da Aliança Espírita Evangélica que nasceu com vocação um tanto velada, a princípio, federacionista e tornou-se em pouco tempo, em nosso Estado de São Paulo, concorrente da USE e da FEESP.
A Aliança Espírita Evangélica é fortemente mística e orientalista e os centros “espíritas” capitaneados por ela são todos místicos e orientalistas, o que traz ao Espiritismo um dano imensurável. Tudo isso é uma pena, pois a herança do Comandante Armond poderia ter sido bem melhor. Essa minha análise, ainda que superficial, me autoriza a considerá-lo também, espiritualista, mas não espírita.
O que não é Espiritismo.
3 comentários:
Para quem se dá o direito de avaliar o que é espírita ou não, acho esse texto um pouco pretensioso e muito fraco na argumentação pouco fundamentada.
Primeiro essa cisma com o orientalismo e o sincretismo, alegando uma pureza doutrinária em detrimento das outras. Kardec nunca mencionou o fato de acrescentarmos definições, terminologias e ou fundamentos de outras religiões e outras seitas. Pelo contrário, na sua obra podemos ver claramente a influência do catolicismo, protestantismo, positivismo dentre outros. E até mesmo comenta que Jesus escreveu para a própria época assim como ele. O mundo roda e com ele as pessoas e ideias, em minha opinião não há mau nenhum em usar o termo chakras ao invés de centros vitais, de carma para encosto, obssessor ou problema de vida passada.
Fácil falar do sincretismo que é um traço muito forte do Brasil, e é mesmo, mas falar dos benefícios que o sincretismo trouxe para o Brasil e o mundo ninguém menciona. Leon Denis que é considerado um dos maiores autores espíritas, em seu livro O Invisível trata das religiões egípcias, grega e judaica. Sem contar quando em outro livro fala do espírito céltico. E para encerrar essa discussão sobre pureza doutrinaria saiba que não existe nada puro além de Deus. Tudo já passou por uma mistura até chegar para nós. Não existe cultura pura, toda cultura é uma miscelânia de outras culturas.
O Brasil não é o maior país espírita e o único que o leva a sério por acaso. A influência africana com o candonblé, junto com a espiritualidade ameríndia, que é muito forte na relação com espíritos, e juntando com o espiritismo se criou a Umbanda que é uma religião lindissima e muito respeitada, sem contar que é uma das únicas religiões Brasileiras. Com isso tornando o Brasil o maior país espiritualista, tirando a India.
Esse pensamento sobre pureza doutrinária é perigoso porque da margem para o sectarismo ou pensamento de um grupo em detrimento de outro. Dando a quem se considera "o Espírita" a falsa impressão de superioridade perante outras religiões, causando muito dos pensamentos orgulhosos que tanto espantam muitas pessoas que não são espíritas, mas conhecem o caráter de alguém e até descumprem o ensinamento de kardec que é o união entre os povos sejam eles de qualquer religião, etnia, partidos e gêneros.
Veja que não estou tirando o seu crédito quanto a algumas boas observações sobre o comportamento e o modismo de um segmento do espiritismo no Brasil. Porém como disse Emmanuel: Muito mais que espíritas ou espiritualistas, precisamos é de espiritualidade.
Vou usar as próprias palavras de Kardec para responder seu comentário.
“Desde o instante em que cada um é livre de aderir ou não a essa obra, ninguém se pode queixar de sofrer uma pressão arbitrária.
“Criamos a palavra ESPIRITISMO, para atender ás necessidades da causa: temos, pois, o direito de lhe determinar as aplicações e de definir as qualidades e as crenças do verdadeiro espírita”
Se vocês não se entendem nem entre vocês como querem mudar o mundo?
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