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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O Espiritismo é Racista ou Não


O Espiritismo é Racista ou Não?

O mal entendido inicia no pouco estudo e na falta de interesse em se aprofundar na questão, tanto é verdade que basta uma rápida busca no Google que vamos encontrar centenas de sites, vídeos e blogs espalhando que a doutrina espírita é racista.

Agora quem esclareça sobre esta questão tem dois ou três sites. Neste contexto resolvi reunir aqui o que o espiritismo fala a respeito a fim que você mesmo tire suas conclusões.

Os detratores usam para acusar a doutrina de Racista as seguintes informações:
(1º) Em relação à sexta questão, dir-se-á, sem dúvida, que o Hotentote é de uma raça inferior; então, perguntaremos se o Hotentote é um homem ou não. Se é um homem, por que Deus o fez, e à sua raça, deserdado dos privilégios concedidos à raça caucásica? Se não é um homem, porque procurar fazê-lo cristão?"

(Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Instituto de Difusão Espírita, Araras, São Paulo, sem data, capítulo V, p. 127).


(2º) O negro pode ser belo para o negro, como um gato é belo para um gato; mas não é belo no sentido absoluto, porque os seus traços grosseiros, seus lábios espessos acusam a materialidade dos instintos; podem bem exprimir as paixões violentas, mas não saberiam se prestar às nuanças delicadas dos sentimentos e às modulações de um espírito fino.
Eis porque podemos, sem fatuidade, eu creio, nos dizer mais belos do que os negros e os Hotentotes; mas talvez também seremos, para as gerações futuras, o que os Hotentotes são em relação a nós; e quem sabe se, quando encontrarem os nossos fósseis, não os tomarão pelos de alguma variedade de animais.
(Allan Kardec, Teoria da Beleza, in Obras Póstumas, p.131)"

(3º) A raça negra é perfectível? Segundo algumas pessoas, essa questão está julgada e resolvida negativamente. Se assim é, e se essa raça está votada por Deus a uma eterna inferioridade, a conseqüência é que é inútil se preocupar com ela, e que é preciso se limitar a fazer do negro uma espécie de animal doméstico adestrado para a cultura do açúcar e do algodão. No entanto, a Humanidade, tanto quanto o interesse social, requer um exame mais atento: é o que iremos tentar fazer; mas como uma conclusão dessa gravidade, num ou noutro sentido, não pode ser tomada levianamente e deve se apoiar sobre um raciocínio sério pedimos a permissão para desenvolver algumas considerações preliminares, que nos servirão para mostrar, uma vez mais, que o Espiritismo é a única chave possível de uma multidão de problemas insolúveis com a ajuda dos dados atuais da ciência. A frenologia nos servirá de ponto de partida; exporemos, sumariamente, as suas bases fundamentais para a compreensão do assunto.
(Revista Espírita Revista Espírita, abril de 1862)

Bem vamos começar a esmiuçar as questões que numerei com 1º, 2º e 3º

(1º) Primeiro.
Como os detratores da doutrina espírita sabem de antemão que a grande maioria não vai se dar ao trabalho de uma pesquisa mais profunda, eles pinçaram uma questão e jogaram no vento, sem apontar o que vinha a seguir.
E o que vem a seguir responde que a doutrina espírita é a arma que mata o racismo.
“A doutrina espírita é mais ampla que tudo isso.
Para ela, não há muitas espécie de homens, mas apenas homens, seres humanos cujos espíritos são mais ou menos atrasados, mas sempre suscetíveis de progredir. Isso não está mais conforme a justiça de Deus?”

Isto esta na mesma página é a continuação do texto, mas os que fazem aqueles que querem denegrir a doutrina colocam e divulgam uma frase fora do contexto, produzindo até vídeos e espalhando por toda web, mas vamos adiante.

(2º) Segundo.
Aqui também Kardec aponta a questão não de racismo e sim de uma lei da natureza que o homem não esta livre, a evolução das espécies que Darwin estudou e classificou, muito bem, mas, também temos que nos atentar a sua frase final; “Quem sabe se, quando encontrarem os nossos fósseis, não os tomarão pelos de alguma variedade de animais?”
Ora fica claro que Kardec esta colocando todos na posição evolutiva, mas existe ainda o restante do artigo, onde um Médium faz uma comunicação e afirma; “Com efeito, sabeis todos o quanto é penoso o aspecto de uma encantadora fisionomia desmentida pelo caráter.
Ouvem-se falar de uma pessoa de mérito reconhecido, a revestis em seguida com os traços mais simpáticos, eficais dolorosamente impressionado em vista de uma fisionomia que contradiga as vossas previsões.
Que concluir disso? “Se não que, como todas as coisas que o futuro mantém em reserva, a alma tem a presciência da beleza à medida que a Humanidade progride e se aproxima de seu tipo divino.”

(3º) Terceiro.

Neste ponto que é o mais usando para denegrir Kardec.
Na verdade é Kardec limita-se a analisar o problema, mas não toma partido da opinião que apresenta para o julgamento do público, como cabia às finalidades da Revue - apresentava na qualidade de esboço cada hipótese e alimentando os debates, ia reunindo as idéias amadurecidas que iam surgindo para verificá-las ante o crivo da razão e da lógica, para só então incorporar ao Conhecimento Espírita.

Preste atenção ele não afirma e sim faz uma Pergunta.
“A raça negra é perfectível? Segundo algumas pessoas, essa questão está julgada e resolvida negativamente.”
Tudo haverá de ser analisado dentro do contexto em que se apresenta, e não tão somente de recortes que não expressam a idéia completa e sua análise. A visão de Kardec sob a África tem de ser considerada segundo o contexto histórico em que foi formulada.

O que não podemos esquecer e que cada etnia guarda características particulares e esta pode ser observada de maneira positiva ou negativa, mas isto não quer dizer que o seja.
Não há demérito algum em se traçar determinados paralelos, porque todos têm suas funções e aptidões, que são úteis para o progresso da humanidade em geral.


Vamos analisar o povo chinês é na sua maioria uma pessoa pequena que não passa dos 1,70 já Os irlandeses geralmente têm o cabelo "loiro avermelhado" ou "ruivo". Geralmente, eles não são altos e têm os olhos claros na maioria verde, e o que dizer das espanholas são mulheres iguais as americanas, e o venezuelano é igual ao italiano?

A verdade é que o que Kardec vez foi analisar uma questão da época, ou seja, em meados de 1862, em um tempo que o povo africano era vendidos, e eram evidentes e indiscutíveis as diferenças entre a civilização moderna e culta da Europa e os hábitos, costumes e limites culturais e tecnológicos dos povos africanos.

Conceito de racismo
O racismo é a tendência do pensamento, ou do modo de pensar em que se dá grande importância à noção da existência de raças humanas distintas e superiores umas às outras. Onde existe a convicção de que alguns indivíduos e sua relação entre características físicas hereditárias, e determinados traços de caráter e inteligência ou manifestações culturais, são superiores a outros.
O racismo não é uma teoria científica, mas um conjunto de opiniões pré concebidas onde a principal função é valorizar as diferenças biológicas entre os seres humanos, em que alguns acreditam ser superiores aos outros de acordo com sua matriz racial.
Fonte (wikipedia)

O que os espíritos superiores falaram para Kardec sobre ESCRAVIDÃO?

II – Escravidão
829. Há homens naturalmente destinados a ser propriedade de outros homens?
— Toda sujeição absoluta de um homem a outro é contrária à lei de Deus. A escravidão é um abuso da força c desaparecerá com o progresso, como pouco a pouco desaparecerão todos os abusos.
Comentário de Kardec: A lei humana que estabelece a escravidão é uma lei contra a natureza, pois assemelha o homem ao bruto e o degrada moral e fisicamente.

830. Quando a escravidão pertence aos costumes de um povo, são repreensíveis os que a praticam, nada mais fazendo do que seguir um uso que lhes parece natural?
— O mal é sempre o mal. Todos os vossos sofismas não farão que uma ação má se torne boa. Mas a responsabilidade do mal é relativa aos meios de que dispondes para o compreender. Aquele que se serve da lei da escravidão é sempre culpável de uma violação da lei natural; mas nisso, como em todas as coisas, a culpabilidade é relativa. Sendo a escravidão um costume entre certos povos, o homem pode praticá-la de boa fé, como uma coisa que lhe parece natural. Mas desde que a sua razão, mais desenvolvida e, sobretudo esclarecida pelas luzes do Cristianismo, lhe mostrou no escravo um seu igual perante Deus, ele não tem mais desculpas.

832. Há homens que tratam os seus escravos com humanidade, que nada lhes deixam faltar e pensam que a liberdade os exporia a mais privações. Que dizer disso?
— Digo que compreendem melhor os seus interesses. Eles têm também, muito cuidado com seus bois e, seus cavalos, a fim de tirarem mais proveito no mercado. Não são culpados como os que os maltratam, mas nem por isso deixam de usá-los como mercadorias, privando-os do direito de se pertencerem a si mesmos.

E o que vale é que existe para a doutrina espírita são “apenas homens, seres humanos”
799. De que maneira o Espiritismo pode contribuir para o progresso?
— Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade, ele faz os homens compreenderem onde está o seu verdadeiro interesse. A ‘vida futura não estando mais velada pela dúvida, o homem compreenderá melhor que pode assegurar o seu futuro através do presente. Destruindo os preconceitos de seita, de casta e de cor, ele ensina aos homens a grande solidariedade que os deve unir como irmãos.

Porque hoje estamos encarnados como homens amanhã poderão retornar como mulheres, como americanos, judeus, africanos, etc., portanto estamos na situação escolhida, como já afirmei em outro artigo que você pode ler aqui.
Porque o Espírita é antimarxista?

O espírito é o músico, enquanto o corpo é seu instrumento. Cada um recebe um corpo em concordância com suas necessidades evolutivas e conforme a missão que tem de cumprir no meio em que encarnar. Portanto não cabe analisar a questão sob o ponto de vista materialista, porque somos espíritos encarnados em corpos humanos e o que define o ser é o espírito.

Uma doutrina de liberdade, como a espírita, não compactua com nenhuma ideologia que vise à discriminação racial entre os grupos sociais. O sectarismo racial, segundo o Espiritismo, tende a se tornar coisa do passado.
As pessoas e as nações evoluem. Segundo os Espíritos, “os mundos também se acham submetidos à lei do progresso. Todos começaram como o vosso, por um estado inferior, e a Terra mesma sofrerá uma transformação semelhante, tornando-se um paraíso terrestre, quando os homens se fizerem bons.” À medida que a humanidade melhora em inteligência e moralidade, todas as formas de preconceito e segregação tenderão a desaparecer definitivamente.
Nesse aspecto, o comentário de Kardec à questão citada é bem oportuno: “Assim, as raças que atualmente povoam a Terra desaparecerão um dia e serão substituídas por seres mais e mais perfeitos. Essas raças transformadas sucederão à atual, como esta sucedeu a outras que eram mais grosseiras.”

Agora em nível de atraso estamos todos no mesmo barco, pois se existiu a escravidão não foi apenas fruto da ação do homem branco.
A escravidão não era – e nunca foi – privilégio exclusivo das raças ditas brancas. Provavelmente, muito antes da instituição dessa prática pelas sociedades brancas, a escravidão já era – e ainda é – praticada no seio do próprio continente africano, pelo fato de sabermos que, certamente, a raça negra é bem mais antiga do que a branca.
CONTINUA AQUI.
  Zumbi dos Palmares tinha escravos

O que prova que somos todos, farinha do mesmo saco seja preto, branco, amarelo, pardo, rosa ou lilás, pois aqueles que escravizaram serão escravizados e Jesus já tinha alertado sobre a lei de causa e efeito, afirmando claramente a Pedro: Quem por espada ferir, por espada será ferido.

Portanto não existe possibilidade da pessoa ser espírita e ao mesmo tempo ter preconceito contra gays ou ser racista porque a doutrina é bem clara neste ponto, somente a hipocrisia e a incoerência explica uma pessoa adotar a doutrina espírita como sua filosofia de vida e ser preconceituosa.

Para entender melhor hoje eu estou na classe media, amanhã não sei poderei retornar na pobre ou na rica, portanto não sou Branco estou branco.
Mas, isto requer muito mais que um simples texto, se você quer aprender doutrina espírita estude a doutrina espírita, procure as obras básicas.
Começa aqui. (Campanha: Kardec Para Todos! )

Em minha opinião, como pesquisador e editor do site Republica dos Espíritos, é que as questões sociais não são encaradas face a face pelo movimento espírita atual.
Deixando espaço para que os detratores da doutrina divulguem a mão cheia que a doutrina espírita ensina a pessoa a ser racista, homofobica, machista e etc.

Não sou a favor das cotas e tenho reservas quanto às ações ditas afirmativas, que de afirmativas não tem na verdade é nada, o que temos é a política da hipocrisia e da lei de Gerson onde os espertalhões escondem suas verdadeiras intenções.
Veja aqui a opinião de Walter Williams é professor honorário de economia da George Mason University e autor de sete livros. Suas colunas semanais são publicadas em mais de 140 jornais americanos.
Ele sintetiza de maneira perfeita o pensamento espírita sobre a desigualdade social, sem ser um espírita.
CLIQUE AQUI.

Para finalizar quero dizer que sou contrario a racialização do Brasil por isso apoio e você deveria ler os artigos deste site.
http://noracebr.blogspot.com/

Temos que encarar as situações das minorias face a face, as questão da mulher, dos homossexuais, das etnias discriminadas, dentre outras, não podem ser desprezadas. Isso significa inserir o Espiritismo na modernidade e assim, enfrentar toda a problemática existencial de nosso tempo, pois a doutrina tem todos os elementos racionais para responder nossas duvidas.

Acredito que ficou claro para o leitor que a maior arma contra o preconceito é o entendimento da vida futuro que a doutrina espírita apresenta. Pois à medida que a humanidade sabe de onde vem para onde vai e que seu futuro é forjado com suas atitudes, ela vai rever seus conceitos e seus preconceitos, a fim de pavimentar a estrada para uma sociedade onde reine a igualdade a fraternidade e a liberdade.

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13 comentários:

Plenamente de acordo com o exposto, devemos saber interpretar e conviver com as diferenças, sem diferenças, se todos fossemos iguais, se não houvessem diferentes classes sociais, não era possível construir um tecido social produtivo.
A interaçao das diferenças, forma um circuito necessário a vida do homem, não quer dizer contudo, que o lavrador, que cultiva a terra e produz comida é inferior ao cientista. A diferença esta na profissão, mas pode não estar, na ética e moral.
Quanto as diferentes raças, são todas provenientes do criador, em formas mais ou menos evoluídas, o fim será o nivelamento, o mesmo depois do espírito lapidado.
Somos todos aparentemente iguais, mas maravilhosamente diferentes.

Plenamente de acordo com o exposto, devemos saber interpretar e conviver com as diferenças, sem diferenças, se todos fossemos iguais, se não houvessem diferentes classes sociais, não era possível construir um tecido social produtivo.
A interaçao das diferenças, forma um circuito necessário a vida do homem, não quer dizer contudo, que o lavrador, que cultiva a terra e produz comida é inferior ao cientista. A diferença esta na profissão, mas pode não estar, na ética e moral.
Quanto as diferentes raças, são todas provenientes do criador, em formas mais ou menos evoluídas, o fim será o nivelamento, o mesmo depois do espírito lapidado.
Somos todos aparentemente iguais, mas maravilhosamente diferentes.

“... Possam nossos irmãos futuros se lembrarem deste dia memorável em que os Espíritas lioneses, dando o exemplo de união e de concórdia, colocaram, nesses novos banquetes o primeiro passos da aliança que existir entre os Espíritas de todos os países do mundo; porque o Espiritismo, restituindo ao Espírito o seu verdadeiro papel na criação, constatando a superioridade da inteligência sobre a matéria, apaga naturalmente todas as distinções estabelecidas entre os homens segundo as vantagens corpóreas e mundanas, sobre as quais ó o orgulho fundou castas e os estúpidos preconceitos de cor. O Espiritismo, alargando o círculo da família pela pluralidade das existências, estabelece entre os homens uma fraternidade mais racional do que aquela que não tem por base senão os frágeis laços da matéria, porque esses laços são perecíveis, ao passo que os do Espírito são eterno. Esses laços, uma vez bem compreendidos, influirão pela força das coisas, sobre as relações sociais, e mais tarde sobre a Legislação social, que tomará por base as leis imutáveis do amor e da caridade; então ver-se-á desaparecerem essa anomalias que chocam os homens de bom senso, como as leis da Idade Média chocam os homens de hoje...”. (Revista Espírita 1861, pág. 297-298).

Discordo muito mesmo do que dizes.
Acho que é cabível um mea culpa... ele - Kardec - era humano e falho e sujeito as influências de sua época, mas apontarei minha divergência usando seu próprio material:


"O negro pode ser belo para o negro, como um gato é belo para um gato; mas não é belo no sentido absoluto, porque os seus traços grosseiros, seus lábios espessos acusam a materialidade dos instintos; podem bem exprimir as paixões violentas, mas não saberiam se prestar às nuanças delicadas dos sentimentos e às modulações de um espírito fino."

me causa uma certa preocupação que advogues em favor de Kardec quando o que ele diz é claro e não há outra conclusão: é preconceito sim, explícito, direto e natural. Em sua época, negros não eram encarados como pessoas, nem completas, nem legítimas; é histórico, não uma mera opinião.

Naqueles tempos - hoje ainda, doutra forma - as considerações de inferioridade da raça negra eram muito evidentes, claras e historicizadas nos jornais parisienses: eram critérios médicos, antropológicos, linguísticos... não se esqueça que mesmo no século vinte isso ainda perdurava de maneira "científica"... até que muitos estudos - recentes!! - vieram a derrubar essa visão, estúpida e preconceituosa.

Isso é tão cristalino que imagino seu esforço em cobrir os pés e esquecer que a cabeça fica de fora. O maior contributo que faz para essa condição fática é dizer logo a seguir:

Eis porque podemos, sem fatuidade, eu creio, nos dizer mais belos do que os negros e os Hotentotes; mas talvez também seremos, para as gerações futuras, o que os Hotentotes são em relação a nós; e quem sabe se, quando encontrarem os nossos fósseis, não os tomarão pelos de alguma variedade de animais.

Ora, ele está estabelecendo uma certa hierarquia nesse momento. Todos evoluiremos... eles inclusive.

E continua:

“A doutrina espírita é mais ampla que tudo isso.
Para ela, não há muitas espécie de homens, mas apenas homens, seres humanos cujos espíritos são mais ou menos atrasados, mas sempre suscetíveis de progredir. Isso não está mais conforme a justiça de Deus?”

Espíritos mais ou menos atrasados... Pronto, a emenda ficou pior que o soneto. Como se não bastasse ratificar o preconceito de sua época ele, do ponto de vista da realidade, fez alcançar a alma dessas criaturas (para usar uma terminologia dele: "seres humanos cujos espíritos são mais ou menos atrasados"), em sendo o que são os seres - diferentes em estágios evolutivos - deixarão sua condição de retrocesso na régua da evolução espiritual, pois Deus é justo....

Um outro assunto é cuidado por você nesse texto: a questão da escravidão: em que lugar essa relação tem sentido, pois são temas correlatos por uma intenção contextual, mas que em si podem ser discorridos em contextos isolados, veja: Escravidão, preconceito, racismo... são muitos temas e não há nenhuma associação feita por Kardec - salvo a que vc faz, interpretando seus textos.

Que sua intenção seja dizer que, na atualidade, esse assunto é impensável, peço que examine melhor o contexto histórico do Sr. Kardec. Numa discussão imaginária em que tentasses, como tenta, retirar de sua boca (ou mão) o que foi dito com todas as letras, ele mesmo discordaria: acredite, ele lhe acharia muito moderno para o seu tempo.

Mas vale sempre a lembrança de que qq forma de discriminação é intolerável e que é sempre saudável rever as bases de nossas crenças a luz de nosso tempo e não tentar remediar com uma interpretação nova o que de fato deve ter tido razão suficiente para ser dito e defendido naquele contexto e época.

Se me permites,

Sandoval.

Há racismo sim!

Totalmente cabível ao contexto da época, mas não deixa de ser racismo.

Concordo que há racismo. Interpretar é importante, mas não podemos violentar o sentido das palavras ao defender Kardec. Em nome de uma devoção fundamentalista, um culto a personalidade, e uma defesa intransigente do indefensável, deixamos de usar o argumento mais plausível para essa situação:
A ciência errou com a frenologia, Kardec errou ao associar a frenologia ao espiritismo. Kardec era um europeu do sec XIX, positivista, eurocêntrico, e preconceituoso, como a ciência o era em sua época.
Havia pessoas com mentalidade mais avançada em sua época em relação a questões raciais e de igualdade? Sim. Kardec não tinha obrigação de ser possuidor de todas as virtudes do mundo. Pelo menos não naquele momento. Hoje espero que ele já tenha superado isso!
Cabe revisionar esse capitulo da história do Espiritismo, admitir o erro do homem Alan Kardec. Tal atitude antes que denegrir a imagem da doutrina retiraria essa pecha de seita que algumas lideranças imprimem ao movimento.

Obrigado!

A opinião de Kardec não é o espiritismo. Ninguém precisa defender cegamente suas opiniões. O Espiritismo não é racista. Mas Kardec foi um homem de sua época com os erros próprios dos intelectuais de sua época, bem apontado pelo comentário de Gabriel Rodrigues. Espíritas meus irmãos estamos na posmodernidade. E tem gente que parou no século XIX. O espiritismo como todo fruto do pensamento humano está condicionado historicamente, é passível de erros e precisa evoluir. Há frases de Kardec contaminadas pelos erros da cultura européia do século XIX e são hoje constrangedoras para nós espíritas. Tanto é assim que ninguém mais as repete e serão esquecidas. Vamos desculpar Kardec e seguir em frente. Associar traços fisionômicos com elevação de uma raça é hoje ridículo.

Discordo do ultimo comentário. Dizer que essa era apenas a opinião de Kardec, na minha visão destroi toda doutrina espírita, afinal ele "recebeu" isso de espíritos, foi baseado neles que Kardec ecreveu seus livros. Se ele seguiu a visão da sociedade da época para redigir seus livros, então é tudo uma farsa, ou os espíritos da época eram como os homens? Eram racistas e depois evoluiram como nós? Acho brabo!!

Mateus!

O que mais admiro na doutrina espírita é o bom senso de seus estudiosos, Nào costumam comentar em sites que criticam a doutrina, respeitam opiniões contrárias, haja vista não serem vistos em embrates infrutíferos.No tocante a questão, só posso dizer que quando nós queremos julgar e apontar alguma coisa, simplesmente fazemos e não existe nada que o outro possa fazer para abrir nossa mente, por mais que se diga que usaram RECORTES, que estão equívocados ou que não compreendem a linguagem espírita da questão, sempre haverá pessoas, alegando as mesmas leviandades. Parabéns pelo BLOG, muito esclarecedor.

Gostaria de lembrar a pergunta 886 do Livro dos Espíritos:
Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?
- Benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias, perdão das ofensas.
"O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, porque amar ao próximo é fazer-lhe todo o bem que está ao nosso alcance e que gostaríamos nos fosse feito a nós mesmos. Tal o sentido das palavras de Jesus: Amai-vos uns aos outros, como irmãos."

Maria Soares

Estou estudando o Livro dos Espiritos e acabei tendo que enfrentar essa questão. O tema já havia sido ventilado em algumas palestras, mas sem espaço para a troca e aprofundamento. Estou muito preocupada com a questão. A minha dúvida é sobre a influência do pensamento da época, da visão positivista e eurocentrista de Kardec, e o fato do conteúdo ser a verdade universal e Eterna. Se a doutrina foi comunicada pelo espirito da verdade como teria passado este tipo de preconceito? O próprio termo utilizado por Kardec é pejorativo, tendo sido criado pelos colonizadores. A visão sobre a beleza das raças também me desanimou. Sou espírita e Contra qualquer tipo de descriminação, não posso acreditar que esssas duas crenças não são compatíveis. Estou interessada no aprofundamento dessa reflexão.

Bem,eu sou espírita, mas não há como negar que Alan Kardec era racista, pode tentar atenuar o seu racismo com o fato de que no tempo todos eram, não obstante não há que se passar panos nos fatos.

A História do Café da Manhã