Reflexões e Máximas de Allan Kardec 5ºPARTE
Fragmentos extraídos dos doze primeiros anos da “Revista Espírita”
R. E. 1866, p. 299: “Ele não disse: Fora do Espiritismo não há salvação, mas com o Cristo: Fora da caridade não há salvação, princípio de união, de tolerância, que unirá os homens dentro de um sentimento de fraternidade, em lugar de os dividir em seitas inimigas. Por este outro princípio: Não há fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da humanidade, ele destrói o império da fé cega que aniquila a razão, da obediência passiva que embrutece; ele emancipa a inteligência do homem e levanta sua moral.”
R. E. 1868, p. 377: “Acrescentamos que a tolerância, conseqüência da caridade, que é a base da moral espírita, lhe fez como dever respeitar todas as crenças. Querendo ser aceito livremente por convicção e não por contrição, proclamando a liberdade de consciência como um direito natural imprescindível, disse: Se tenho razão, os outros acabarão por pensar como eu; se estiver errado, acabarei por pensar como os outros. Em virtude desses princípios, não lançando pedra em ninguém, não dará nenhum pretexto a represálias, e deixará aos dissidentes toda a responsabilidade de suas palavras e de seus atos.”
Os amigos desastrados
R. E. 1863, p. 74: “Dessa forma, se ninguém pode deter a marcha geral do Espiritismo, são as circunstâncias que lhe podem trazer entraves parciais, como uma pequena barragem que pode diminuir o curso de um rio sem o impedir de escoar. Dessa espécie são os passos inconsiderados de certos adeptos, mais zelosos que prudentes, que não calculam bem a importância de seus atos ou de suas palavras; por isso produzem sobre as pessoas ainda não iniciadas na Doutrina uma impressão desfavorável, bem mais própria a afastá-los que as diatribes dos adversários. O Espiritismo está, sem dúvida, muito difundido, mas o seria ainda mais se todos os adeptos tivessem sempre escutado os conselhos da prudência e soubessem se colocar em uma sábia reserva. É preciso, sem dúvida, ter em conta a intenção, mas é certo que mais de um tem justificado o provérbio: Mais vale um inimigo declarado do que um amigo desastrado. O pior disto, é fornecer as armas aos adversários que habitualmente sabem explorar uma falta de jeito. Não seria pois excessivo recomendar aos espíritas para refletir maduramente antes de agir; em tal caso, manda a prudência o não referir-se à sua opinião pessoal. Hoje, que de todos os lados se formam grupos ou sociedades, nada é mais simples que se harmonizar antes de agir. O verdadeiro Espírita, não tendo em vista senão o bem da coisa, sabe fazer abnegação do amor-próprio; crer em sua própria infalibilidade, recusar se render à opinião da maioria e persistir em um caminho que se demonstra mau e comprometedor, não é a postura de um verdadeiro espírita; isto seria fazer prova de orgulho se não for de fato uma obsessão.”
Allan Kardec não pára de nos colocar em guarda contra as comunicações de certas categorias de Espíritos e nos recomenda a cada instante a sempre passar todos os seus ditados pelo cadinho da consciência e da razão.
R. E. 1863, p. 75: “Esses falsos sábios falam de tudo, reavivando os sistemas, criando utopias, ou ditando as coisas mais excêntricas, e ficam felizes de encontrar intérpretes complacentes e crédulos que aceitem suas elucubrações de olhos fechados.
Esse tipo de publicações são inconvenientes muito graves, porque o médium, tendo enganado a si mesmo, seduzido mais freqüentemente por um nome apócrifo, as dá como coisas sérias; do que a crítica se apodera com empenho para denegrir o Espiritismo, ao passo que, com menos presunção, seria suficiente tomar conselhos de seus colegas para ser esclarecido.
É muito raro que, nesse caso, o médium não ceda à injunção de um Espírito que quer - ai de mim! - como certos homens, de qualquer modo se impor; com mais experiência, saberia que os Espíritos verdadeiramente superiores aconselham, mas não se impõem nem nunca se envaidecem, e que toda prescrição imperiosa é um sinal suspeito.”
R. E. 1863, p. 159: “Não se saberia pois, em relação à publicidade, trazer muita circunspecção, nem calcular com suficiente cuidado o efeito que pode ser produzido sobre o leitor. Em resumo, é um grave erro o se crer obrigado a publicar tudo que dizem os Espíritos, porque se os há bons e iluminados, os há maus e ignorantes; é importante fazer uma escolha muito rigorosa de suas comunicações e de descartar tudo que é inútil, insignificante, falso ou de natureza a produzir uma má impressão. É preciso semear, sem dúvida, mas semear os bons grãos e no momento oportuno.
É nesse tipo de trabalho medianímico que notamos mais os sinais de obsessão, dos quais um dos mais freqüentes é a injunção da parte do Espírito de os fazer imprimir, e mais de um pensa erradamente que esta recomendação é suficiente para encontrar um editor empenhado de se encarregar disso.”
R. S. 1863, p. 158: “Em toda obra mediúnica, convém primeiramente descartar tudo aquilo que, sendo de interesse privado, não interessa senão àquele que lhe concerne; depois, tudo aquilo que é vulgar pelo estilo dos pensadores, ou pueril pelo assunto; uma coisa pode ser excelente em si mesma, muito boa para fins de instrução pessoal, mas aquilo que deve chegar ao público exige condições especiais; infelizmente, o homem está inclinado a imaginar que tudo aquilo que lhe agrada deve agradar aos outros; o mais hábil pode se enganar; o que importa de tudo é se enganar o menos possível. Há Espíritos que se aprazem em manter essa ilusão junto a certos médiuns: é por isso que não seria excessivo recomendar a esses últimos de não se render em absoluto a seu próprio julgamento, e é nisso que os grupos são úteis, por causa da multiplicidade de pareceres que se permite recolher; aquele que, neste caso, recusasse a opinião da maioria, crendo ter mais luzes que todos, provaria de forma superabundante a má influência sob a qual se encontra.”
R. E. 1864, p. 323: “É um fato constatado que o Espiritismo é mais entravado por aqueles que o compreendem mal do que por aqueles que não o compreendem de todo, e mesmo por seus inimigos declarados; e é de se notar que aqueles que o compreendem mal têm geralmente a pretensão de o compreender melhor do que os outros; não é raro de ver novatos pretender, no fim de alguns meses, admoestar àqueles que têm experiência, por eles adquirida por estudos sérios. Essa pretensão, que trai o orgulho, é ela mesma uma prova evidente da ignorância dos verdadeiros princípios da Doutrina.”
A um amador, muito crédulo, que se acreditava iludido por um médium assalariado, e que pedira a Allan Kardec que o entregasse à justiça dos homens, à espera de que fosse punido pela de Deus, o mestre respondeu:
R. E. 1865, p. 88: “Lamento que você tenha podido pensar que eu serviria, no que quer que seja, a seus desejos vingativos, tomando providências para levar os culpados à justiça. Isto sendo, você se equivoca singularmente sobre meu papel, meu caráter e minha compreensão dos verdadeiros interesses do Espiritismo. Se você é realmente, como você o diz, meu irmão em Deus, creia-me, implore Sua clemência e não Sua cólera; porque aquele que chama essa cólera sobre outro, corre o risco de a fazer cair sobre si mesmo.”
R. E. 1869, p. 354: “Esses fenômenos, trazidos à moda pelo atrativo da curiosidade, se tornaram uma diversão, e tentaram a cupidez das gentes sob o pretexto de que isso seria novidade, na esperança de encontrar uma porta aberta. As manifestações pareciam uma matéria maravilhosamente explorável, e mais de um sonhava em se fazer um auxiliar de tal indústria; outros viam uma variante da arte de adivinhação, um meio talvez mais seguro que a cartomancia, a borra de café, etc..., para conhecer o porvir e descobrir as coisas ocultas, porque, segundo a opinião de então, os Espíritos deviam tudo saber.
Desde que essa gente viu que a especulação escorregava de suas mãos e tendia à mistificação, que os Espíritos não vinham lhes ajudar a fazer fortuna, lhes dar os bons números de loteria, lhes ler a sorte verdadeira, lhes fazer descobrir tesouros ou recolher as heranças, lhes dar qualquer uma boa invenção frutuosa e patenteável, suprir a sua ignorância e lhes dispensar de todo trabalho intelectual e material, então os Espíritos não serviriam para nada, suas manifestações não seriam senão ilusões. Da mesma forma que eles haviam promovido o Espiritismo, enquanto que eles tiveram a esperança de lhe retirar um lucro qualquer, da mesma forma o denegriram quando veio o desapontamento. Mais de um crítico que o escarneceu o retrataria nas nuvens se lhe houvesse feito descobrir um tio na América ou ganhar na Bolsa.”
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